sexta-feira, 3 de abril de 2015

Premência de racionalidade e eficiência

Diante de cobrança pública pelos presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, com vistas à redução do exagerado número de ministérios e "corte na própria carne", a presidente do país decidiu pela realização de estudos, com a finalidade de verificar a viabilidade da adoção de medida nesse sentido, passando de 39 ministérios para algo que se coadune com a realidade razoável de competência e civilidade no seio da administração pública.
Como se sabe, a quantidade absurda de ministérios somente demonstra alto nível de incapacidade de percepção administrativa, uma vez que a política em defesa de tanto desperdício de recursos públicos jogados nos ralos da incompetência gerencial tem um único objetivo, que é acomodar, de forma irresponsável, os aliados políticos da base de sustentação do governo no Congresso Nacional, como forma da manutenção do indecente sistema fisiológico do toma lá, dá cá, tendo como suporte a injustificável existência de muitos órgãos de assessoramento superior, absolutamente inúteis e desnecessários, diante do custo-benefício altamente prejudicial aos interesses nacionais, à vista da inexistência de produtividade para a sociedade, capaz de justifica-los, ante a total inoperância, coadjuvados com dispêndios que não condizem não somente com a concepção moderna de administração pública, mas, sobretudo, com a realidade brasileira.
Nem precisa ser bom entendedor de administração científica para se perceber, facilmente, a enorme quantidade de ministérios completamente dispensáveis, cuja extinção ou transformação de alguns para subsetor a se integrar a outros ministérios certamente não resultará qualquer prejuízo para os fins institucionais do Estado, que deve funcionar sob sistema administrativo eficiência, aperfeiçoado e modernizado, em condições de somente satisfazer ao interesse público, com embargo do seu uso para fins escusos e contrários às causas da população e da nação.
Há enormidade de ministérios que foram criados sem a observância do devido critério técnico, porquanto a sua instituição atendeu à exclusiva vontade política de acomodação das alianças em torno de um projeto de poder, que até aqui vinha funcionando de forma exitosa, ante ao atendimento das exigências das lideranças dos partidos que dão apoio aos projetos do governo, motivo pelo qual a questão vem sendo tratada com o máximo de cuidado, para se evitar o mínimo de problemas com a sua base de sustentação e os seguimentos sociais, no caso, os sindicatos e assemelhados, que se apegaram de forma visceral aos ministérios, que não serão extintos se depender da opinião dos sanguessugas dos recursos públicos.
Impende se ressaltar que, na última campanha eleitoral, a então candidata petista defendeu não somente o atual número de ministérios, mas também teve a petulância de insinuar a possibilidade da criação de outros, sob a insensata alegação de que eles fortalecem demandas de minorias e não trazem despesas consideráveis para o governo.
Não obstante, no momento, ela entende que a redução de ministérios representaria gesto político a mostrar que o "ajuste fiscal é para valer" e que o governo está disposto a dividir o ônus com a sociedade.
Em defesa do enxugamento da máquina pública, o presidente do Senado fez alusão ao fato de que, "se aplaudimos o Mais Médicos, está na hora do Menos Ministérios", embora uma coisa nada tenha a ver com a outra, tendo em vista que ambos os casos envolvem ineficiência e incompetência administrativas, à vista do inchaço da máquina pública, que implica inevitável desperdício de recursos, e a precariedade do funcional do Sistema Único de Saúde, que traria gigantesco benefícios ao país e à população, se ele fosse submetido a abrangente e profunda reforma, de modo a escoimar de suas entranhas as mazelas e o obsoletismo que contribuem para o seu deficiente e precário atendimento à saúde pública, motivo de visível insatisfação da sociedade, que não suporta mais continuar convivendo com a crônica inoperância de sistema caduco e ultrapassado, que somente o governo se empenha para ignorar a tragédia que se abate sobre o povo.
A base da pirâmide orçamentária já foi completamente exaurida graças ao descontrole das contas públicas, que não suporta o gigantesco peso da máquina pública ineficiente e contraproducente, e ainda sendo sobrecarregada com a indiferença do governo que despreza o emprego de medidas de contenção de despesas, quando elas interferem nos projetos de seu interesse político, a exemplo da intransigência no controle dos gastos com tantos ministérios desnecessários e injustificáveis, muitos dos quais não passam de cabide de empregos de apaniguados políticos e sindicalistas, que correspondem com apoio aos projetos do governo.
 A reforma administrativa, não somente no que diz respeito à redução de ministérios, mas à imperiosa racionalização, ao aperfeiçoamento e à modernização da administração pública deveriam ser as primeiras providências a serem adotadas num país civilizado, administrado por governo consciente sobre a imperiosa responsabilidade de se aplicar os recursos públicos estritamente nas finalidades pertinentes ao atendimento das necessidades públicas, com embargo de medidas relacionadas com outros fins, como aquelas promovidas nas republiquetas, onde os inescrupulosos governantes insistem, de forma prioritária, em destinar recursos públicos para fins populistas e gastos destinados à satisfação da classe dominante, a exemplo da elevada quantidade de ministérios, normalmente com viés eleitoreiro, visando ao apoio popular e político à ridícula perenidade no poder.
          Nos países evoluídos, é princípio que a população permite que o orçamento público seja instrumento usado tão somente para o atendimento das finalidades públicas, sob pena da aplicação da perda dos cargos públicos eletivos por parte daqueles envolvidos, além da obrigação do ressarcimento dos prejuízos causados ao erário, nos casos de desrespeito aos princípios ínsitos da administração pública, de apenas gastar com sob a observância dos princípios da economicidade.
Urge que o governo promova não somente profunda reforma administrativa com a redução dos ministérios, mas também que ele tenha a sensibilidade e a sensatez de reduzir drasticamente a injustificável quantidade de cargos comissionados ocupados por políticos e sindicalistas e protegidos partidários, como forma de contribuir para a exigida racionalização e a modernização da administração pública, em especial para a efetiva e concreta contenção dos gastos públicos, cujas medidas de austeridade poderiam se estender com maior intensidade no poder Legislativo, onde existe assombroso desperdício de dinheiro público com absurdos e injustificáveis quadros de pessoal, à vista da diminuta e desprezível contraprestação representada pelos serviços prestados à sociedade. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 03 de abril de 2015

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