quarta-feira, 22 de abril de 2015

O inconformismo popular

Conforme as avaliações dos meios de comunicação, as recentes manifestações de protestos contra o desgoverno e a corrupção somente foram superadas, no caso de São Paulo, pelo famoso movimento político das Diretas-Já, nos idos de 1894, que tinha a importante finalidade de aprovar eleições diretamente pelo povo, eis que, naquela época, elas se realizavam de forma indireta, pelo Congresso Nacional para se eleger o presidente da República.
Agora, o povo foi às ruas do país para declarar aos quatro cantos do mundo que o limite de tolerância contra a incompetência e a ineficiência da administração do país foi literalmente para o espaço sideral, porque o povo não suporta mais a precária condução das políticas públicas, notadamente na área econômica, onde os indicadores mostram o quanto o governo vem claudicando e permitindo que o país entre em recessão e seja prejudicado com relação aos investimentos, à arrecadação, às políticas de emprego e de salários, entre tantos outros entraves e dificuldades causadores de inevitável subdesenvolvimento econômico.
A grandiosidade do movimento popular surpreendeu não somente aos brasileiros, mas ao governo, diante da multidão que acorreu às ruas, ávidas para mostrar sua indignação à politicagem, à ineficiência e à corrupção que grassam desenfreadas na administração pública, em evidente fragilidade do governo, que se mostra impotente para contornar a crise que se aprofunda e arrasta com ela a desconfiança e o descrédito da população, que não enxerga uma nesga de esperança no fim do túnel, ante a demonstração de inabilidade do governo de cuidar da pior crise política e administrativa do país.
A própria presidente do país reconheceu o duro golpe, chegando a confidenciar para assessores palacianos que as manifestações deixaram a situação política “mais complicada” do que em junho de 2013, quando uma série de protestos desmoronou a popularidade dela.
Já integrantes do assessoramento direto do governo avaliaram no sentido de que a grande mobilização popular em todo o Brasil é um sinal de alerta para o governo petista, que precisa encontrar forma político-administrativa para assimilar as gigantescas ondas de protestos contra a atual gestão.
Um interlocutor da presidente disse que “Não há como não admitir que haja uma grande insatisfação. É algo um pouco difuso. Mas é uma insatisfação que serve de alerta. Afinal, o governo só está começando”. O governo reconhece que as imagens das manifestações mostram, com bastante clareza, grande adesão popular aos protestos, que são da maior relevância como movimento de mobilização social.
Não importa que tenham havido grupos divergentes nas manifestações, pois alguns pediam impeachment da presidente, outros criticavam a corrupção, uma minoria queria a volta dos militares, mas houve a unanimidade do registro da forte insatisfação contra o desgoverno, que tem muitos motivos para se preocupar, principalmente porque as manifestações demostraram muita sinceridade diante do caráter pacífico dos protestos, que não foram importunados com as maléficas infiltrações de grupos radicais de esquerda e de direita, que visam tumultuar, de maneira imotivada, em casos que tais.
O certo é que a mobilização de protestos conta o desgoverno foi absolutamente espontânea e ordeira, em enorme contraste à manifestação em apoio ao governo e à Petrobras, realizada dois dias antes, que teve a participação de pessoas que receberam auxílio financeiro, lanche e uniforme, fatos que mostram a dignidade ou a falta dela, nos movimentos realizados.
À toda evidência, a mobilização dos verdadeiros patriotas foi a prova inequívoca da enorme insatisfação contra a administração deletéria do país, bem assim da desaprovação do governo por parte da população que não suporta mais tantas incompetência gerencial, corrupção com recursos púbicos, falta de moralidade e incapacidade para se vislumbrar medidas capazes para contornar as graves crises política e econômica e pôr a administração da nação no ritmo da normalidade, à vista da desastrada condução das políticas púbicas, principalmente econômicas, que são agravadas com a inexistência de reformas da estrutura do Estado, que seriam capazes de contribuir para a eliminação dos gargalos causados pelo custo Brasil, que estão emperrando o desenvolvimento do país, pelas dificuldades, entre outras, de investimentos em obras públicas, indispensáveis à melhoria das condições de vida da população. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 22 de abril de 2015

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