terça-feira, 28 de abril de 2015

Os brasileiros vão voltar a sorrir?


O ex-presidente da República petista, em recente discurso proferido em Pernambuco, garantiu que a presidente brasileira voltará a fazer os brasileiros sorrir e ainda que quem acredita que o Brasil não vai dar certo “irá quebrar a cara”.
Segundo o petista, jornais, revistas e postagens em redes sociais estão disseminando pessimismo que não pode ser aceito, tendo aproveitado a ocasião para ironizar e debochar a oposição e os economistas, com a afirmação de que “Não fiz universidade, mas se tivesse tido a oportunidade, faria economia. Se tem um bicho sabido é o economista, principalmente quando está na oposição”.
Ao finalizar seu discurso, o ex-presidente defendeu, de forma enfática, o polêmico ajuste fiscal promovido pelo governo petista, tendo afirmado que é necessário implementá-lo.
Em seguida a essa defesa, ele concluiu que a presidente petista voltará a fazer as pessoas sorrirem, repisando ao que teria afirmado recentemente de que os manifestantes que foram às ruas em 15 de março e 12 de abril do fluente ano irão se “ajoelhar aos pés de Dilma, para agradecê-la”.
Nunca se viu numa única pessoa tanta hipocrisia e incoerência, ao se indignar diante da insatisfação e do repúdio da população sobre a incompetência e a ineficiência da administração do país, diante das alarmantes precariedades da gestão petista, que é reconhecida de forma quase unânime pela população, à vista do pífio desempenho do governo na condução das políticas públicas, evidenciadas na prestação dos serviços públicos, que saltam aos olhos pelas deficiências na saúde, na educação, na segurança pública, no saneamento básico, nos transportes, na infraestrutura e, enfim, em todos os setores de incumbência privativa constitucional do governo, que demonstra enorme incapacidade para equacionar as questões e solucioná-las com a devida prioridade de governo.
Além da inépcia no que tange à implementação das atividades político-administrativas, o governo apenas se sucumbiu em consequência das desastradas medidas econômicas adotadas na sua primeira gestão, que contribuíram, de forma drástica, para levar o país ao estado crítico da recessão, à vista do fragílimo desempenho do Produto Interno Bruto, em razão dos gargalos decorrentes, entre outros, da exacerbação do custo Brasil, que tem o condão de potencializar a falta de competitividade da produção nacional, a desindustrialização e a retirada do capital estrangeiro do país, fatos que estão tendo reflexo no desemprego, na redução da renda, na diminuição da arrecadação dos tributos, na falta de investimentos públicos e privados e, finalmente, no desenvolvimento da nação, que terá enorme dificuldade para retomar o caminho da normalidade econômica desejável.
Diante desse horrível quadro de definhamento administrativo, por conta da evidente e manifesta incapacidade para a solução, principalmente, das questões econômicas, o petista ainda fica zombando da dignidade e da capacidade dos brasileiros quanto à sua avaliação sobre o governo, ao recriminar a soberana vontade popular de se manifestar nas ruas, para dizer que o país se encontra acéfalo, à vista das mazelas que grassam nos seus quatro cantos.
Ao invés de o petista mostrar sua revolta contra a população, ao expressar a inoportuna forma de pura repulsa, quando vaticina que os manifestantes vão se “ajoelhar aos pés de Dilma, para agradecê-la”, ele deveria pôr a mão na consciência, para refletir sobre o momento de crise político-administrativa, no sentido de buscar medidas capazes de, pelo menos, amenizá-la, como forma de contribuir para a retomada do progresso.
É inconcebível que, em pleno século XXI, ainda tenha político com a mentalidade de criticar aqueles que não comungam com seu ideário político, fato que contraria os princípios republicano e democrático, segundo os quais devem ser respeitados os sentimentos e os pensamentos das pessoas, que têm pleno direito de se manifestar livremente sobre qualquer assunto, notadamente em se tratando das políticas e da administração do país, que estão suscitando acaloradas discussões do interesse da sociedade para que isso possa contribuir para a solução dos problemas que estão entravando o progresso do país.  
Na verdade, a única forma possível e imaginável de a presidente brasileira fazer o povo voltar a sorrir seria por meio da aprovação de medida legislativa para a realização de urgente plebiscito, na forma legal, para possibilitar que o povo pudesse decidir pela continuidade ou não dela no cargo, ante os estragos por ela causados à nação.
Como isso é totalmente impossível, por haver falta de previsão constitucional e legal, a população vai continuar com cara de poucos amigos, em face desse quadro desesperador, tendo que aturar a desastrada gestão que o próprio petista-mor reconhece que vem causando muito mal-estar, incômodo e insatisfação para a sociedade, conforme afirmam também os resultados das pesquisas divulgadas recentemente sobre o desempenho administrativo da gestão petista.
Os brasileiros somente vão voltar a sorrir quando os homens públicos tiverem a sensibilidade de tratar as questões políticas e administrativas com a devida dignidade, respeitando, à luz dos princípios republicano e democrático, as opiniões dos cidadãos livres e independentes para se manifestarem, notadamente, quanto às questões relacionadas ao interesse da nação, independentemente das ideologias político-partidárias de quem quer que seja, em consonância com os fins inerentes ao desenvolvimento da nação. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
          Brasília, em 28 de abril de 2015

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