segunda-feira, 6 de abril de 2015

Repúdio às inverdades

O presidente nacional do PSDB, senador por Minas Gerais, aproveitando o momento conturbado no âmbito dos palácios governamentais, discorreu sobre os maus resultados da economia brasileira e os escândalos de corrupção com recursos da Petrobras, que resultaram, entre outras tragédias, no rebaixamento da nota de crédito da estatal pela agência de risco Moody´s.
No entendimento do senador tucano, os resultados deficitários das contas do setor público são “veneno” refletido da “irresponsabilidade” do governo, na desastrada conduta das políticas econômicas.
O parlamentar mineiro afirmou que “O que estamos assistindo no dia a dia é o atestado absoluto de falência do governo. Um governo que não tem sequer a hombridade, a dignidade de reconhecer os seus erros, que não se julga no dever de explicar à população brasileira o que o Brasil de hoje é tão diferente do Brasil cantado em verso e prosa na campanha eleitoral poucos meses atrás. Tudo que denunciamos durante a campanha eleitoral hoje aparece para a população brasileira de forma absolutamente cristalina. Seja com relação aos dados da economia, aos dados fiscais do governo, seja com relação à corrupção na Petrobras, às denúncias cada vez mais graves em relação aos desvios nos fundos de pensão e no BNDES. Portanto, cada vez mais vai ficando claro que quem venceu as eleições foi a mentira”.
Com relação ao déficit primário das contas do setor público, apurado em 2014, cujas despesas ultrapassaram as receitas em R$ 32,5 bilhões, o equivalente a 0,63% do Produto Interno Bruto, o senador peessedebista disse que “... o governo não priorizou o Brasil. Priorizou as eleições. Medidas que agora estão sendo tomadas, se tivessem sido tomadas de forma responsável ao longo do ano passado, certamente minimizariam os efeitos para a população brasileira. Certamente quem vai pagar a conta da incompetência e da irresponsabilidade do governo Dilma são os mais pobres. A receita do atual governo é fazer o ajuste pelo aumento de imposto por um lado e a supressão de direitos trabalhistas por outro. Essa não é a receita do PSDB. É uma vergonha. Destruiriam a nossa maior empresa e não tiveram sequer a capacidade de, reconhecendo os desvios, minimizar as perdas. Hoje a perda de grau de investimento feita pela Moody´s é uma sinalização clara de como o mundo vê o Brasil e não é só a Petrobras. Infelizmente, o Brasil hoje está provando o veneno de um governo que agiu irresponsavelmente ao longo dos últimos anos”.
Embora os governistas não concordem com a realidade dos fatos, o governo foi capaz de se autodestruir, graças à sua incontrolável e exagerada disposição para gastar além das receitas em programas visando à exclusiva garantia da reeleição da presidente, cujo descumprimento da meta fiscal foi contornado com o injustificável beneplácito do Congresso Nacional, que jogou na lata do lixo o salutar princípio da contenção dos gastos públicos insculpidos na Lei de Responsabilidade Fiscal, fato nunca acontecido desde a aprovação dessa importante norma de administração financeira e orçamentária.
Diante da patenteada irresponsabilidade na aplicação dos recursos públicos e na adoção de medidas que somente seriam viabilizadas, no entendimento da candidata oficial, caso a oposição se tornasse vitoriosa, não há dúvida de que o governo foi pródigo em municiar a sociedade com elementos suficientes para se concluir sobre a sua sobeja incapacidade para controlar as contas públicas e priorizar as políticas públicas em atendimento das verdadeiras necessidades da população, porquanto há enorme insatisfação social sobre a precariedade da prestação dos serviços púbicos, conquanto seja notória a marca indelével da desconfiança, da incompetência, da corrupção e do fisiologismo, como instrumentos absolutamente incompatíveis com os princípios da administração pública, que exige estrita observância das saudáveis condutas de dignidade, eficiência, moralidade e transparência, em se tratando que a sua essencial função diz respeito à gestão de recursos da sociedade.
Não há dúvida de que a estagnação e a deterioração dos princípios econômicos é fruto de um conjunto de medidas atrapalhadas do governo, que insistia em afirmar que o país estava no caminho certo, conforme garantia da candidata oficial, feita na campanha eleitoral, embora a fragilidade de seus argumentos seja devastadora a confirmar justamente o contrário do que estava sendo colocado na agenda dela pelos marqueteiros, conforme a materialização dos resultados econômicos, que não deixam a menor margem para interpretação de que realmente houve irresponsável festival de mentiras para se ganhar a eleição, fato que contribui, em muito, para que haja repúdio e insatisfação por parte da sociedade.
Não há dúvida de que a mentira venceu a eleição, quando a candidata governista disse muitas inverdades sobre a sua gestão, dando a garantia de que ela estava em absoluta normalidade, notadamente quanto aos padrões de controle das contas públicas, quando, na verdade, os fatos mostram, agora, situação completamente diferente da que era afirmada por ela.
Apesar de os fatos não corresponderem ao que a candidata petista dizia, muitos brasileiros, acreditando nas promessas de campanha e ainda imbuídos do arraigado fanatismo ideológico, tiveram significativa participação nessa farsa protagonizada pelos marqueteiros palacianos, que conseguiram convencer e dobrar parcela majoritária da consciência nacional, no sentido de apoiar projeto de governo completamente poluído pela incompetência, deficiência, precariedade e corrupção, elementos perniciosos que se manifestam, na atualidade, com bastante clarividência, à vista da revelação dos desastres no desempenho das ações política e econômica e nos estragos causados pelas investigações da Operação Lava-Jata, que estão mostrando o pletórico rombo no patrimônio da Petrobras.
A crise institucional se torna ainda mais grave quando se sabe que partidos do governo e da sua base de sustentação estão à frente das irregularidades na estatal, conforme depoimentos à Justiça Federal pelo ex-diretor do Departamento de Abastecimentos e de ex-gerente da estatal e doleiro, que elencaram o PT, PMDB e PP como mentores e beneficiários das propinas, fato esse que contribui para maior desgaste do governo, por nada fazer como medida punitiva dos culpados, a exemplo da continuidade no cargo de tesoureiro do partido oficial, que é acusado de ter ativa participação no desvio de recursos da estatal.
À luz dos fatos irregulares, o governo se torna sem condições de representar a dignidade do povo brasileiro, por ter sido incapaz de evitar a ruína e o descalabro da administração do país, com práticas político-administrativas temerárias, ineficientes e irresponsáveis, em total contraposição aos princípios da eficiência, dignidade, economicidade e moralidade, que são ínsitas na administração pública.
À sociedade compete, no âmbito das suas responsabilidades cívica e patriótica, repudiar e recriminar as práticas deletérias aos interesses nacionais, que estão contribuindo, de forma indiscutível, para o descrédito, a desmoralização e o subdesenvolvimento do país, em progressão jamais vista na história republicana.
Esse terrível quadro de insegurança e de crise político-administrativas contribui para aumentar a dimensão das precariedades na condução das ações políticas e econômicas, com nítidos reflexos na retração das atividades econômicas do país, como mostram os desalentadores desempenho do Produto Interno Bruto e indicadores econômicos, que apontam para sérias dificuldades no equacionamento e na resolução dos problemas causados pela contextualização da economia mundial.
Urge que a sociedade se conscientize sobre a necessidade de interlocução entre o governo e sociedade organizada e o povo em geral, de forma absolutamente transparente, sincera, digna e autêntica, de modo que esse diálogo possa contribuir para o entendimento sobre a urgente promoção das reformas estruturais que tanto clamam o povo e a própria administração do país, que já se encontra exaurida e falida diante das práticas degenerativas empregadas pelos inescrupulosos homens públicos, que, em pleno século XXI, ainda se escudam em métodos reprováveis de falta da verdade, para se elegerem, em afronta aos salutares princípios da dignidade e da decência, que não condizem com as condutas que devem imperar na administração do país. Acorda, Brasil
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 06 de abril de 2015

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