segunda-feira, 13 de abril de 2015

Inexistência de ações efetivas

Em consequência de novas manifestações contra seu governo, a presidente da República divulga mensagem afirmando que o combate à corrupção "é meta constante do governo Dilma" e faz questão de ressaltar o pacote anticorrupção encaminhado, no mês passado, ao Congresso Nacional.
Com vistas a se evitar a exposição da presidente petista, o vice-presidente da República recebeu a delicada missão de se manifestar oficialmente sobre os protestos, que centrou argumentação no sentido da necessidade de o governo dialogar e ouvir mais os anseios da sociedade.
Aproximadamente 700 mil brasileiros demonstraram indignação contra o megaescândalo de corrupção que invadiu o patrimônio da Petrobras e a má gestão dos recursos públicos, mais precisamente quanto à precariedade da prestação dos serviços públicos de incumbência da União e a condução das políticas econômicas, cujos indicadores evidenciam extrema fragilidade, a ponto de contribuir para a recessão econômica do país e a degeneração dos instrumentos fundamentais do desenvolvimento.
Por via de consequência, as deficiências administrativas do país estão refletindo diretamente no aumento da inflação, no reajuste de contas controladas pelo governo, no crescimento da taxa de desemprego, na diminuição da renda dos trabalhadores, na redução da arrecadação dos tributos e na dificuldade de investimentos com recursos públicos e privados, exatamente pela falta de confiança na administração do país, que realmente já exauriu as condições indispensáveis de governança, com competência e eficiência em consonância com as potencialidades sociais e econômicas do Brasil.
Parte inferior do formulárioParte superior do formulárioOs entendidos de governabilidade e de administração pública concluíram que o pacote elaborado pelo governo para combater a corrupção, com a finalidade de contrapor ao clamor da sociedade e que foi enviado ao Congresso Nacional no mês passado, como forma de dizer que "é meta constante do governo Dilma" de ser intransigente contra os corruptos, não passou de mero conjunto de medidas já existentes ou em tramitação no Legislativo, ou seja, sem nada de impactante ou de novidade, cujo projeto dificilmente terá o respaldo ou o interesse do Congresso para a aprovação ou efetivação de medidas destinadas à moralização da administração pública, devido o pouco interesse de parcela expressiva de parlamentares em acabar com falcatruas e desvios de recursos públicos.
Não adianta a presidente reiterar o surrado mote de que seu governo combate a corrupção, quando o tesoureiro do seu partido continua no cargo, apesar de múltiplas acusações da participação dele nos conchavos para desvio de dinheiro sujo da Petrobras para os cofres petistas, o qual se encontra completamente blindado pelo partido, que deveria ser o primeiro em apurar as denúncias contra ele, como forma de mostrar licitude dos dinheiros recebidos mediante doações oriundas dos contratos da estatal.
          Num país com um pouquinho de seriedade, os homens públicos acusados de práticas de irregularidades, por menor que elas sejam, eles têm a dignidade de se afastar dos cargos que ocupam como forma de se permitirem amplas e profundas investigações sobre os fatos cuja responsabilidade lhes é imputada, de modo que não restem dúvida quanto à lisura acerca de suas condutas nas atividades políticas e administrativas, principalmente em se tratando da movimentação de recursos, por força de imperiosa exigência legal, deve ser contabilizada sob a rigorosa observância dos princípios da probidade, transparência, honestidade, ética, moralidade e dignidade.
Não se tem conhecimento de nenhum ato que o governo tenha agido prontamente para mostrar efetivo combate à corrupção e o mensalão se mostra como caso típico dessa assertiva, que passou para a história, até então, como o maior escândalo da vida republicano, no que se refere ao desvio de recursos públicos, cujos envolvidos que integravam a cúpula petista foram condenados pelo Supremo Tribunal Federal, em razão da prática por alguns mensaleiros de vários crimes contra a administração pública, mas os criminosos, que chegaram a cumprir alguns dias de pena, sempre foram saudados por seu partido como verdadeiros heróis, em demonstração de total apoio às excelências de suas "bondades" em prol do idealismo partidário.
Não se contribui para o aperfeiçoamento dos princípios democráticos a repetição de afirmações vazias e destituídas de efetividades, a exemplo do que vem ocorrendo com a Operação Lava-Jato, onde as investigações são promovidas pela Polícia Federal, pelo Ministério Público e pela Justiça Federal, cujos resultados são altamente auspiciosos em benefício da moralidade e do país, a exemplo da prisão de agentes ligados ao governo e à sua base de sustentação e de empresários donos de empresas contratadas pela Petrobras, sem que tenha havida, por enquanto, qualquer participação do governo nos respectivos atos, mas há insistência de argumentação dele de que tem interesse nas apurações e nas punições, mas nenhuma medida foi adotada por sua iniciativa para levantar e comprovar, por exemplo, a legitimidade dos recursos recebidos a título de doação provenientes de contratos da estatal.
Na verdade, as afirmações de que o governo combate com afinco a corrupção e que a estatal do petróleo já se encontra limpa das sujeiras não passam de devaneios e alucinações palacianos, dando a entender que os brasileiros são completamente incapacitados para perceber que as irregularidades que contribuíram para desviar bilhões de reais dos cofres da estatal não são consertadas com simples borracha, como se ela fosse capaz de apagar a terrível e profunda marca da corrupção que dizimou importante patrimônio dos brasileiros, cujos recursos ainda não voltaram os cofres da estatal, inclusive as parcelas desviadas de contratos para partidos do governo e da sua base de sustentação, conforme denúncias de delatores, feitas à Justiça Federal.  
A sociedade anseia por que o governo seja capaz de mostrar, com a máxima urgência, efetividade sobre suas alegações e medidas anunciadas de combate à corrupção e de eficiência na gestão dos recursos públicos, conquanto, até agora, elas são meras falácias sem conteúdo e sem o devido peso de concretas ações produtivas e moralizadoras, de vez que elas se prestam apenas para confirmar a sua incapacidade de equacionar e solucionar as graves questões que grassam na administração do país, à vista da crescente insatisfação demonstrada nas manifestações de protestos da população. Acorda, Brasil!
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          ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 13 de abril de 2015

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