O
presidente nacional do PDT e ex-ministro dos governos petistas deu fortes
declarações contra o PT, afirmando, in
verbis: “O PT exauriu-se, esgotou-se. Olha o caso da Petrobras. A gente não
acha que o PT inventou a corrupção, mas roubaram demais. Exageraram. O projeto
deles virou projeto de poder pelo poder”. Ele confirmou ao Estado de S.Paulo o discurso que foi feito
para correligionários, com esse teor.
Além
de ter sido incisivo sobre o câncer da corrupção no governo petista, o pedetista
também atacou os programas dele, a exemplo do Bolsa Família, considerando-o
como avanço que teve desfecho com viés de “criação
de dependência”. Embora tivesse feito críticas ao desempenho dos governos
petistas, ele elogiou os avanços sociais operados neles.
Ele
disse que “O governo do PT tirou milhões
da miséria, isso é bom pra caramba. O Nordeste é outro avanço, quem não vê isso
é mentiroso, nojento. Mas o governo criou também uma dependência. Eu vejo gente
que não quer trabalhar pra manter o Bolsa Família. Isso é errado”.
As
críticas do pedetista respingaram no próprio partido, uma vez que ele considera
que o PDT se “acomodou” por fazer
parte da estrutura do poder, sendo obrigado, agora, a buscar outros caminhos.
Os fatos e as investigações não
deixam dúvidas quanto às irregularidades com recursos públicos constatadas na
Petrobras, mas os petistas insistem em afirmar que as entradas de dinheiro no cofre
do seu partido se deram de forma legal, sob o argumento de que elas foram recebidas
mediante a expedição de recibos, cujos valores foram contabilizados e
confirmados pela Justiça Eleitoral, em conformidade com a legislação aplicável
à espécie.
Contudo, toda essa armação faz o maior sentido
tão somente na tentativa de convencer ingênuos e fanatizados a acreditar nessa
farsa que não passa de lavagem de dinheiro em altíssimo esquema de corrupção, numa
muito bem bolada trama para transformar dinheiro sujo de propina proveniente de
contratos celebrados pela Petrobras com empreiteiras em doações limpas, contando
com a ajuda da Justiça Eleitoral, que ainda não atentou para o espírito das
falcatruas, engendradas de forma maquiavélica por quem arquitetou o pioneiro
esquema de quadrilha do mensalão, conforme reconhecimento como tal pelos
ministros do Supremo Tribunal Federal.
Não há dúvida
de que essa farsa de doações legítimas não resistirá à quebra dos sigilos
fiscal, bancário, patrimonial etc. dos envolvidos na indiscutível quadrilha
investigada pela eficiente Operação Lava-Jato, mediante a qual dever-se-iam ser
rastreadas, de forma abrangente e rigorosa, as atividades econômicas e
financeiras havidas nos últimos dez anos, de modo que a verdade viria
facilmente à tona e revelaria, enfim, o tanto do recebimento de recursos sem o
devido amparo legal.
É induvidoso que o ex-ministro do governo petista
disse meia verdade, quando teria afirmado que o "PT roubou demais...", porquanto ele tem bastante autoridade
para reconhecer esse fato, que apenas se coaduna com os resultados das
competentes e eficientes investigações da Operação Lava-Jato, mas ele é
completamente incompetente para afirmar que a referida agremiação "se esgotou", à vista da lastimável reincidência
do mensalão, que se agigantou em termos de volume e de partidos envolvidos na
nova estrutura do petrolão, cujas práticas se mantiveram fiéis àquelas que alicerçaram
o famigerado mensalão, pois ambas as indústrias da corrupção com recursos
públicos se revestiram de idêntico propósito, qual seja, o abastecimento dos
cofres do partido com dinheiro sujo, fruto de propina proveniente dos bestas dos
contribuintes, com a exclusiva finalidade de continuidade no poder.
Certamente que o ex-ministro do Trabalho somente se
atreveu a ser tão contundente com duras assertivas contra o partido que ele
tanto se "sacrificou" para que ele atingisse o ápice das roubalheiras
– afirmadas pelo pedetista - depois de esgotadas as possibilidades de ele assumir
qualquer cargo no governo, conquanto o seu lúcido reconhecimento funciona como claro
corte das relações amistosas e promíscuas, à vista da sua saída do governo
pelas portas dos fundos, quando caiu em desgraça diante da avalanche de
denúncias de corrupção cuja responsabilidade lhe foi atribuída à época, mas jamais
justificada ou esclarecida por ele nem por ninguém.
É salutar que os fatos venham à luz do dia, conforme
estão surgindo por intermédio de aliados do governo, como as declarações
sinceras do leal presidente do PDT, de modo a contribuir para a consolidação dos
princípios constitucionais da verdade, moralidade, decência e transparência,
tão necessários à reconstrução da dignidade na administração do país. Acorda,
Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 27 de abril de 2015
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