"O bem
que o Estado pode fazer é limitado; o mal, infinito. O que ele nos pode dar é
sempre menos do que nos pode tirar". Economista Roberto Campos.
A
atual situação macroeconômica brasileira, com juros a 12,75%, inflação beirando
os 8% e dólar acima de três reais, respalda o exato reflexo dos efeitos nocivos
da política de governo de extremo intervencionista, executada de forma
estabanada pela presidente petista, durante a sua primeira gestão, cujo preço é
cobrado, agora, como perversa, mas justa, forma da colheita dos frutos das políticas
recheadas de equívocos que propiciaram o retrocesso de dez anos dos segmentos social,
político, econômico e democrático.
As medidas de subsídios, desonerações e estímulos adotadas
na primeira gestão foram revogadas por imposição necessária no bojo dos ajustes
da economia, como alternativa para que o país não sucumbisse à tragédia ainda mais
aguda.
Agora, o governo atribui aos brasileiros o ônus
pelo pagamento de preços amargos, por meio dos aumentos dos preços da água, da energia
elétrica e dos combustíveis, além da recriação de tributos, na tentativa de
viabilizar a superação de problemas que pareciam superados, há mais de década.
O conserto dos fundamentos econômicos que serviam
de baliza para o país de outras épocas e que foram rompidos de forma
sistemática e inconsequente, na primeira gestão da petista, vai exigir pesado
sacrifício da sociedade, quando ele deveria ser de exclusiva responsabilidade do
governo, mas as suas insensibilidades política e administrativa somente
enxergam, por tradicional e anacrônico comodismo, a obrigação da sociedade para
arcar com o ônus sobre as consequências da falência gerencial do Estado, em que
pese a existência de uma das mais pesadas cargas tributárias do mundo, fato que
evidencia extremo castigo à classe trabalhadora.
Não há desconhecer que, desde os dois últimos anos,
o governo vem impondo terrível deterioração à economia, comparável apenas à era
do presidente alagoana afastado do Planalto, fato que significa expressivo
retrocesso econômico, fazendo com que uma década de avanços virasse pó, segundo
opiniões abalizadas de especialistas econômicos.
Na primeira gestão da petista, seu governo promoveu
drástica mudança de filosofia econômica, com a intenção de preservar, a todo
custo, o crescimento econômico conseguido por seu antecessor, cujo Produto
Interno Bruto, no último ano do governo dele atingiu 7,5%, que era fruto do
emprego das políticas econômicas com viés desenvolvimentista, que logo passaram
por processo de desarticulação, por meio de mudança imposta pela ingerência do Palácio
do Planalto, em especial, no Banco Central do Brasil e no Ministério da Fazenda,
que passaram a funcionar com a pesada interferência da presidente do país, que
passou a opinar sobre câmbio, taxa de juros e concessão de subsídios à
indústria nacional, tendo por finalidade a redução da dependência das
importações.
Segundo um especialista de mercado, nesse processo,
"Houve um afastamento paulatino dos
instrumentos que compõem o tripé de política econômica, o qual garantiu a
consolidação da estabilidade da economia conseguida com o Plano Real, além de
intervenções na formação de preços em alguns mercados (como energia
elétrica e combustível), com efeitos
importantes sobre a economia".
A presente conjuntura econômica acena para incertezas
e dificuldades, à luz das más perspectivas da produção do país, pela evidente
desindustrialização, propiciada pela falta de competitividade dos produtos
nacionais, a progressiva retirada do capital estrangeiro, ante a falta de
confiança nas políticas econômicas do governo, e as medidas de ajustes que vêm
sendo implementadas pelo ministro da Fazendo, que têm impacto em cheio na renda
do trabalhador, em razão de contribuírem para reduzir benefícios de quem produz.
Na realidade, as medidas de ajustes econômicos
podem até ser necessárias, mas a sua adoção contraria justamente as promessas do
governo, na campanha eleitoral, quanto à manutenção das políticas existentes e
aos avanços sobre outros direitos trabalhistas, fatos esses que contribuem para
consolidar a insatisfação e a indignação da população contra as políticas
inconsistentes do governo.
A
confirmação do retrocesso se harmonia com a incompetência na condução das
políticas públicas, que é feita sem a indispensável priorização e ainda tendo
por parâmetros mecanismos completamente obsoletos e distanciados da modernidade
e das conquistas da humanidade, tendo como parâmetros tão somente elementos
pertinentes aos fins da conveniência política, em detrimento dos interesses
nacionais.
Enquanto não houver reformas das estruturas do
Estado, com a diminuição de tributos e a revisão dos precários e anacrônicos sistemas
de funcionamento da administração do país, que deve se fundamentar nos critérios
da competência e da eficiência, com embargo do execrável e abominável fisiologismo
ideológico-partidário, a tendência é haver progressiva regressão social,
política, econômica e democrática, em prejuízo das causas da população e do
país, pela confirmação do terrível processo de subdesenvolvimento. Acorda,
Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 02 de abril de 2015
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