quinta-feira, 2 de abril de 2015

O preço da ineficiência

"O bem que o Estado pode fazer é limitado; o mal, infinito. O que ele nos pode dar é sempre menos do que nos pode tirar". Economista Roberto Campos.
 
          A atual situação macroeconômica brasileira, com juros a 12,75%, inflação beirando os 8% e dólar acima de três reais, respalda o exato reflexo dos efeitos nocivos da política de governo de extremo intervencionista, executada de forma estabanada pela presidente petista, durante a sua primeira gestão, cujo preço é cobrado, agora, como perversa, mas justa, forma da colheita dos frutos das políticas recheadas de equívocos que propiciaram o retrocesso de dez anos dos segmentos social, político, econômico e democrático.
As medidas de subsídios, desonerações e estímulos adotadas na primeira gestão foram revogadas por imposição necessária no bojo dos ajustes da economia, como alternativa para que o país não sucumbisse à tragédia ainda mais aguda.
Agora, o governo atribui aos brasileiros o ônus pelo pagamento de preços amargos, por meio dos aumentos dos preços da água, da energia elétrica e dos combustíveis, além da recriação de tributos, na tentativa de viabilizar a superação de problemas que pareciam superados, há mais de década.
O conserto dos fundamentos econômicos que serviam de baliza para o país de outras épocas e que foram rompidos de forma sistemática e inconsequente, na primeira gestão da petista, vai exigir pesado sacrifício da sociedade, quando ele deveria ser de exclusiva responsabilidade do governo, mas as suas insensibilidades política e administrativa somente enxergam, por tradicional e anacrônico comodismo, a obrigação da sociedade para arcar com o ônus sobre as consequências da falência gerencial do Estado, em que pese a existência de uma das mais pesadas cargas tributárias do mundo, fato que evidencia extremo castigo à classe trabalhadora.
Não há desconhecer que, desde os dois últimos anos, o governo vem impondo terrível deterioração à economia, comparável apenas à era do presidente alagoana afastado do Planalto, fato que significa expressivo retrocesso econômico, fazendo com que uma década de avanços virasse pó, segundo opiniões abalizadas de especialistas econômicos.
Na primeira gestão da petista, seu governo promoveu drástica mudança de filosofia econômica, com a intenção de preservar, a todo custo, o crescimento econômico conseguido por seu antecessor, cujo Produto Interno Bruto, no último ano do governo dele atingiu 7,5%, que era fruto do emprego das políticas econômicas com viés desenvolvimentista, que logo passaram por processo de desarticulação, por meio de mudança imposta pela ingerência do Palácio do Planalto, em especial, no Banco Central do Brasil e no Ministério da Fazenda, que passaram a funcionar com a pesada interferência da presidente do país, que passou a opinar sobre câmbio, taxa de juros e concessão de subsídios à indústria nacional, tendo por finalidade a redução da dependência das importações.
Segundo um especialista de mercado, nesse processo, "Houve um afastamento paulatino dos instrumentos que compõem o tripé de política econômica, o qual garantiu a consolidação da estabilidade da economia conseguida com o Plano Real, além de intervenções na formação de preços em alguns mercados (como energia elétrica e combustível), com efeitos importantes sobre a economia".
A presente conjuntura econômica acena para incertezas e dificuldades, à luz das más perspectivas da produção do país, pela evidente desindustrialização, propiciada pela falta de competitividade dos produtos nacionais, a progressiva retirada do capital estrangeiro, ante a falta de confiança nas políticas econômicas do governo, e as medidas de ajustes que vêm sendo implementadas pelo ministro da Fazendo, que têm impacto em cheio na renda do trabalhador, em razão de contribuírem para reduzir benefícios de quem produz.
Na realidade, as medidas de ajustes econômicos podem até ser necessárias, mas a sua adoção contraria justamente as promessas do governo, na campanha eleitoral, quanto à manutenção das políticas existentes e aos avanços sobre outros direitos trabalhistas, fatos esses que contribuem para consolidar a insatisfação e a indignação da população contra as políticas inconsistentes do governo.
          A confirmação do retrocesso se harmonia com a incompetência na condução das políticas públicas, que é feita sem a indispensável priorização e ainda tendo por parâmetros mecanismos completamente obsoletos e distanciados da modernidade e das conquistas da humanidade, tendo como parâmetros tão somente elementos pertinentes aos fins da conveniência política, em detrimento dos interesses nacionais.
Enquanto não houver reformas das estruturas do Estado, com a diminuição de tributos e a revisão dos precários e anacrônicos sistemas de funcionamento da administração do país, que deve se fundamentar nos critérios da competência e da eficiência, com embargo do execrável e abominável fisiologismo ideológico-partidário, a tendência é haver progressiva regressão social, política, econômica e democrática, em prejuízo das causas da população e do país, pela confirmação do terrível processo de subdesenvolvimento. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 02 de abril de 2015

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