quarta-feira, 29 de abril de 2015

Fechar as portas, as janelas,...

Nos últimos dias, formou-se forte temor no seio do Partido dos Trabalhadores sobre a possibilidade de ser obrigado a fechar suas portas, em razão das investigações da Operação Lava-Jato. Segundo o jornal Folha de S.Paulo, existe opinião formada na cúpula petista no sentido de que as ações dos investigadores “inviabilizem” o funcionamento do partido e possam contribuir para levar inclusive à cassação do registro da legenda.
Essa situação crítica já era levada em consideração pelas lideranças petistas até mesmo antes da prisão de seu então tesoureiro, que teve o peso de uma bomba caindo sobre as estruturas partidárias. Segundo fontes ligadas ao partido, há temor de que as apurações possam direcionar ações com vistas à aplicação de sanções pecuniárias ao partido, como forma de coercitivo ressarcimento financeiro aos cofres públicos.
A preocupação se torna ainda maior porque a multa poderá ser estipulada com base nos valores estimados na denúncia à Justiça Federal pelo ex-gerente da Petrobras, em torno de US$ 150 milhões a US$ 200 milhões, que teriam sido recebidos pelos cofres do PT, no período de 2003 a 2013.
A intensidade da preocupação petista se prende ao fato de que faltam recursos para bancar a eventual multa, o que causaria enorme dificuldade financeira para o partido, que teria arrecadado, a título de fundo partidário, em 2014, o valor aproximado de R$ 25 milhões, representando valor bastante inferior ao da possível penalidade pecuniária.
Com vistas a driblar a Justiça, o PT se mantém com o firme propósito de se livrar da multa, fazendo uso da velha e surrada tática de se afirmar que os recursos dos partidos vinham das construtoras investigadas, de modo que todos possam também ser multados e com isso o valor cogitado seria diluído entre todos.
É evidente que milagre acontece com frequência, principalmente para aqueles que conseguem realizar seus sonhos, mas essa possibilidade concreta de se fechar as portas do maior partido brasileiro faria com que todo mundo acreditasse que Deus é realmente brasileiro e o mais justo de todos os deuses, principalmente levando-se em conta que esse fato viria contrariar o entendimento dos militantes fanatizados que acreditam piamente que o todo-poderoso e o Deus dos deuses, encarnado na mesma pessoa, convive sob as seivas do partido que comanda soberanamente e com poderes, inclusive, de ter descoberto o Brasil, tamanha a devoção aos seus poderes, não deixaria acontecer tal desgraça.
Não há menor dúvida de que toda essa crendice na liderança petista deve ser creditada à gigantesca falta de informação da grande maioria dos brasileiros, principalmente da classe mais pobre, que pouco conhece a forma deletéria, em termos de princípios ideológicos, como funciona o maior partido brasileiro, que teve a insensibilidade de patrocinar não somente o gigante fisiologismo ideológico do “toma lá, dá cá” na administração do país, mas também do famigerado mensalão e, agora, o petrolão, que foi restruturado nos mesmos moldes daquele, conforme, no primeiro caso, a comprovação dos fatos denunciados no bojo do julgamento da Ação Penal nº 470, pelo Supremo Tribunal Federal, que, à vista das robustas provas materiais, periciais, testemunhais etc., condenou os mensaleiros envolvidos, sendo que muitos dos quais integravam a alta cúpula do partido oficial, e, no segundo, os auspiciosos resultados das investigações da Operação Lava-Jato, com a confirmação do mar de propina, com poder de canalizar recursos para os cofres do PT, PMDB e PP, tendo origem nos contratos fraudulentos celebrados pela Petrobras com empreiteiras, conforme os depoimentos constantes das delações premiadas prestados à Justiça Federal pelo ex-diretor de Abastecimento e ex-gerente da estatal e doleiro, que se encontram presos.
Convém se ressaltar que o desvio dos recursos da petrolífera para os cofres daqueles partidos tinha a finalidade de, além de assegurar a continuidade no poder, promover campanhas caríssimas com dinheiro sujo, como forma do desleal e injusto fortalecimento do partido sobre as legendas de oposição, que não contavam com a mesma fonte fértil da corrupção, conforme mostra o resultado das investigações em curso na aludida operação.
No caso de ficar comprovada a malsinada roubalheira aos cofres da Petrobras, com graves prejuízos não somente para a petrolífera, mas também para o país e os brasileiros, não se justifica que instituição criminosa possa merecer o beneplácito da Justiça para continuar funcionando e ferindo os princípios constitucionais e legais da moralidade, honestidade, probidade e dignidade, que se caracterizam juridicamente como crime de lesa-pátria, cuja prática já caiu na vala comum da lamentável reincidência, a exemplo do mensalão e, agora, do petrolão, com as marcas indeléveis das fraudes e propinas.
Diante desses fatos lastimáveis, ficando, ao final, comprovado o agressivo desvio de recursos fraudados para os cofres do maior partido brasileiro, não resta alternativa senão a condenação dele ao ressarcimento dos valores recebidos irregularmente por seus cofres, pelo evidente e cristalino ferimento dos princípios da legalidade, da probidade, do decoro e da dignidade, cabendo ainda a penalidade de fechamento de suas portas, janelas,..., com a cassação do seu registro, como justa medida pedagógica de exemplo de moralização, para que não mais aconteçam práticas tão daninhas e degradantes como essas registradas no mensalão e no petrolão, cujos envolvidos devem ser igualmente condenados com penas duras de, no mínimo, a eliminação da vida pública, como forma do encorajamento da mudança da mentalidade dos homens públicos de que o crime não compensa e as práticas políticas devem ser realizadas com nobreza e dignidade, à vista da necessidade do premente aperfeiçoamento do consagrado princípio democrático. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
          Brasília, em 29 de abril de 2015

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