sexta-feira, 10 de abril de 2015

Enquanto a Fifa lucra, o Brasil...

Segundo o jornal O Estado de S. Paulo, a Copa do Mundo realizada no Brasil teria rendido para a Fifa a “bagatela” aproximada de US$ 5 bilhões (bem acima de R$ 15 bilhões). Isso é o que revela o balanço comercial da entidade, que acaba de ser divulgado.
De acordo com a Fifa, o lucro obtido no Brasil é recorde da entidade, que contribuiu para aumentar de forma expressiva a sua fortuna.
Para a Fifa, que nada ou pouco investiu para a realização da copa, o lucro foi magnífico, por representar auspicioso recorde de renda. Contudo, para o Brasil, que assumiu as despesas, restou o insuperável pesadelo do enorme déficit não somente financeiro, mas, sobretudo, de inúteis estádios, inaproveitáveis e com manutenção superonerosa, muitos dos quais estão fechados e fora de uso para a sua finalidade futebolística, a exemplo do estádio Mané Garrinha de Brasília, que sequer é utilizado pelos times da capital federal.
          O certo é que a Copa do Mundo deixou a garantiu, para a entidade que controla o futebol mundial, do maior resultado financeiro de sua história e de milhões de dólares, que superaram às suas expectativas.
Graças aos contratos celebrados no Brasil, a Fifa turbinou seu orçamento, tendo faturado, somente em 2014, o montante de quase US$ 2 bilhões, operação essa que garantiu absoluto recorde somente com contratos comerciais, vendas de ingressos e direitos de televisão.
O evento futebolístico realizado no Brasil é disparado o recordista de venda de ingressos, superando, em dez vezes, os valores de venda da copa de 2006, que teria vendido US$ 249, enquanto o recorde de faturamento havia sido da copa realizada na África do Sul, em 2010, que mandou para a Fifa a renda equivalente a US$ 4,1 bilhões.
Como cala-boca pelo estrondoso ingresso de dólares nos seus cofres, a entidade fez questão de ressaltar sua bondade, informando que teria deixado parte da sua renda no Brasil, por meio de pacote de US$ 100 milhões para ser aplicado, segundo a Fifa, em projetos de desenvolvimento do futebol no país.
Na verdade, a Fifa não disse, talvez por absoluta falta de princípio, nem deixou claro, que a parte “doada” ao país tupiniquim representa muito menos do que vil esmola, não somente porque o valor equivale ao desprezível percentual de 2% do montante arrecadado por ela, graças à injustificável e inusitada generosidade do governo brasileiro, que concedeu plena isenção fiscal a quem nada produziu nem contribuiu para se beneficiar de tamanha liberalidade, em termos de renúncia fiscal.
Enquanto a entidade do futebol mundial se satisfaz de felicidades com os cofres abarrotados de dólares, livres de compromissos vinculados à copa, a situação brasileira é completamente complicada, diante das dificuldades de toda ordem, principalmente com monstruosos e megalomaníacos estádios, que se tornaram obras inúteis, sem utilidade, devido o alto custo de manutenção, e totalmente contrários ao interesse da sociedade.
Ainda com relação ao chamado legado da copa, o resultado também é desastroso, porquanto muitas ainda não foram concluídas e outras sequer tiveram início, deixando um rastro de falta de cumprimento das promessas asseguradas por ocasião da escolha do país sede, fato que apenas se compatibiliza como indiscutível falta de seriedade e de responsabilidade administrativas, deixando a população simplesmente frustrada, ante a falta das obras prometidas e do tão anunciado legado da copa.
É lamentável que a copa tenha sido “brilhante” invenção do então presidente da República, que, de forma precipitada e com o peso da irresponsabilidade administrativa, conseguiu trazer para o Brasil a sede de tão importante evento, evidentemente com a exclusiva finalidade de satisfazer seu inabalável superego de vaidade e de prepotência, quando o país não tinha condições sequer de atender às mínimas necessidades da população, em termos de satisfatória assistência médico-hospitalar, ensino público de qualidade, proteção e segurança à sociedade, garantia de boas estradas e bons portos, e de outros serviços públicos, pelo menos razoáveis, que continuam sendo prestados na maior precariedade e de maneira clamorosa, à vista dos protestos nas ruas, mostrando a insatisfação contra o desgoverno, que tem como principal defeito exatamente a falta de prioridades das políticas públicas, a exemplo desse absurdo da realização da copa, quando havia e há gritante carência de serviços públicos, que foram sucumbidos pelo idealismo da copa das copas.
Agora se percebe, com muito mais consciência, que as vaias à presidente da República, nos estádios, foram corretas e justas, exatamente porque seu governo foi capaz de gastar mais de trinta bilhões de reais, quando uma administração competente, que sequer teria sediaria a copa, mas se o fizesse, não teria despendido nem dez bilhões de reais, ou seja, menos de dois terços do valor desperdiçado, o que teria evitado enorme quantidade de recursos jogados pelos ralos da irresponsabilidade administrativa, os quais estão fazendo muita falta às obras de real interesse da população, que sequer foram idealizadas, por falta de recursos.
A presidente petista, enfim, conseguiu cravar uma correção no seu governo, ao afirmar que seria a copa das copas e realmente foi, mas especificamente para a Fifa, que faturou mais que o valor esperado e conseguiu bater o seu recorde de renda, caracterizando realmente a copa das copas para a entidade do futebol mundial, conforme comprova o seu auspicioso e invejável balanço.
A copa realmente foi capaz de deixar importante legado para os brasileiros, porém negativo, com a representatividade de um zoológico repleto de elefantes brancos, ladeado por uma série de obras superfaturadas, inacabadas e dispensáveis para proveito da sociedade, causando incalculáveis prejuízos e transtornos para a população.
Enquanto o governo concede generosa isenção fiscal para quem não merece, por não ter feito absolutamente nada para tal benefício, o povo ainda é castigado com mais tributos, reajuste dos preços dos combustíveis e das tarifas de energia elétrica, aumento das taxas de juros e outros sacrifícios impostos à população, tudo contrastando com o sempre lembrado mote de que esse é o governo dos pobres, mas teve a tremenda insensibilidade de beneficiar justamente a “pobrezinha” Fifa, com o faturamento de muitos milhões de dólares, sem nenhum sacrifício e livres de tributação.
 
Por enquanto, a Fifa está de parabéns e com os cofres bem abastecidos de “migalhas” de dólares levados dos bestas dos brasileiros. Mas, logo em breve, será a vez da COI, órgão responsável pelas Olimpíadas, apoderar-se de muita grana dos brasileiros, decorrente dos ingressos cobrados da Olimpíada a realizar-se no Rio de Janeiro, igualmente a custo zero, visto que as obras também ficarão sob a responsabilidade dos otários dos contribuintes tupiniquins, que não têm dignidade para dizer não às bestialidades das autoridades públicas, que não enxergam que o país precisa, com urgência e prioridade, de hospitais, escolas, estradas, saneamento básico, segurança pública, de forma a atender primeiramente às necessidades essenciais dos brasileiros, para, se for o caso, depois se pensar em obras e eventos megalomaníacos de pouco ou nenhum interesse da população carente, que fica cada vez mais prejudicada com a realização de empreendimentos estranhos às suas causas.
O certo é que restaram para os brasileiros os elefantes brancos, representados pelos estádios inúteis e inutilizáveis, algumas obras inacabadas e outras de muito pouca utilização pela sociedade, demonstrando que a realização da copa foi gigantesca tragédia para o país, que conseguiu agregar mais problemas aos já existentes antes da copa.
Em recompensa, os bestas dos brasileiros ainda tiveram a indignidade de eleger pessoa cujas condições político-administrativas não conseguiram evitar a tragédia do subdesenvolvimento do país, ante o terrível desempenho do Produto Interno Bruto, que continua crescendo negativamente, impondo inevitável recessão econômica aos brasileiros, fruto da insensível mentalidade de muitos brasileiros, que não conseguem enxergar a desastrada administração do país.
Tanto a Copa do Mundo como a Olimpíada são empreendimentos resultantes de mentalidades políticas completamente distorcidas da realidade brasileira, que nunca foram capazes de priorizar as questões que interessam diretamente à população, como obras estritamente de interesse do país e da sua gente.
As decisões desviadas da realidade brasileira se enquadram perfeitamente como típicos crimes de lesa-pátria, cujos responsáveis são aqueles que assumiram o compromisso da realização da Copa do Mundo de Futebol e da Olimpíada, com substancioso emprego de recursos que deveriam se destinar primacial e exclusivamente para obras de interesse público, como hospitais, escolas, estradas, portos, infraestrutura, saneamento básico..., em demonstração de competência e responsabilidade com o emprego dos recursos públicos. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 10 de abril de 2015

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