segunda-feira, 29 de junho de 2015

Arrumação da crise política?

Depois de criticar, com dureza, o PT e o governo da sua sucessora, o ex-presidente da República petista tentará pôr freio de arrumação na crise político-administrativa que se expande incontrolavelmente. Nesta semana, ele pretende se reunir com as bancadas do PT no Senado Federal e na Câmara dos Deputados, em Brasília, aproveitando que a presidente se encontra de viagem oficial aos Estados Unidos da América.
O petista está preocupado com o que ele classificou de “desarticulação” do PT e “paralisia” do governo diante da Operação Lava-Jato e, em razão disso, ele deseja unificar o discurso e acertar o passo petista no Congresso Nacional, onde pretende deixar clara a sua contrariedade com os rumos da CPI da Petrobrás, por ter, pasmem, convocado para depor o presidente do Instituto Lula.
O petista entende que o partido precisa sair da defensiva em relação à Operação Lava-Jato e melhorar o relacionamento com o seu principal aliado, o PMDB, que vem impondo sucessivas derrotas ao governo no Congresso Nacional. Ele reclama de “desarticulação” do PT e da “paralisia” do governo diante da citada operação.
Diante da queda de popularidade da presidente e dos baixos índices de aprovação do governo, o ex-presidente disse que tanto ele quanto a presidente estavam “no volume morto” e o PT, “abaixo do volume morto”, Ele também afirmou que a gestão de sua sucessora era um “governo de mudos” e que o PT está "velho" e “só pensa em cargos”. Essas manifestações contribuíram para deixar a petista irritada e causar mal-estar no seio do partido.
O ex-presidente foi muito enfático, ao afirmar que “Temos que definir se queremos salvar a nossa pele e os nossos cargos ou se queremos salvar o nosso projeto”.
Embora de forma nitidamente dissimulada, a mandatária do país tentou amenizar o impacto das declarações do seu padrinho político, apenas ressaltando que ele tem “todo o direito de fazer críticas”, pelo fato de ele também ser muito criticado pela imprensa, quando ela deveria ter sido apenas sincera e ter a coragem de respondê-lo com a merecida contundência, sem pretender pôr panos quentes sobre movimento que, indiscutivelmente, caiu com efeito de uma bomba no Palácio do Planalto, por demonstrar forte agressão graciosa à pessoa da presidente da República.
Para os especialistas em política, as declarações agressivas e inoportunas do ex-presidente nada mais são do que a tentativa desesperada de afastamento dele dos incômodos escândalos de corrupção que abalam profundamente a imagem do partido, do governo e dos integrantes do PT, inclusive dele, que se mantém como a principal figura, que não enxerga melhor alternativa senão apontar sua metralhadora em direção às falhas do governo, com o propósito de dizer claramente que a esculhambação administrativa e a trágica situação do país têm a exclusiva cara do Palácio do Planalto, conquanto ele tenta se preservar politicamente imune aos fatos lamentáveis, como se a mandatária do país não fosse sua obra perfeita e acabada, que ele agora renega, em cristalina demonstração da sua personalidade política.
Apesar da evidente crise político-administrativa, que causou enorme desgaste das estruturas dos integrantes do PT, o ex-presidente ainda se mantém como o principal e mais forte nome do partido, que o lidera com plenitude, sendo respeitado até mesmo pela presidente do país, que não teve coragem de repudiar à altura os ataques grosseiros feitos por seu padrinho político, preferindo engolir a seco as duras críticas.
É bem verdade que as acusações do petista sobre as mazelas do governo e do PT são absolutamente inquestionáveis, cujas críticas acontecem no momento em que essa visível queda de prestígio tem influência na disputa à sucessão da presidente, à vista do processo de fragilização evidenciado por pesquisa de opinião, mostrando que a força antes imbatível do petista só depende agora do êxito do governo e da recuperação da imagem do PT, desgastada com um escândalo após o outro, conforme os reiterados resultados das investigações da Operação Lava-Jato, que evidenciam com detalhes a roubalheira da trupe do partido governista e de seus aliados na Petrobras.
Nem precisa ser versado em política para se perceber que as críticas do ex-presidente são absolutamente verdadeiras, que têm o condão de mostrar, com a experiência de quem já foi presidente da República, as ruindades do governo petista, que os fatos deletérios são prejudiciais aos interesses dos brasileiros, embora, na visão dele, as desgraças da administração do país estejam desgastando os interesses exclusivamente do petista e do seu partido, quando ele deveria ter a dignidade de enxergar as práticas políticas somente em benefício do interesse público.
A sociedade precisa, com o máximo de urgência, conscientizar-se de que, no dizer do ex-presidente da República petista, o Brasil, com o governo sob o domínio do PT, foi conduzido ao eterno volume morto da incompetência, ineficiência e desmoralização, tendo sido submetido às piores práticas político-administrativas, a exemplo do escrachado e espúrio fisiologismo na administração pública e da degeneração das políticas públicas, com destaque para as deficiências da política econômica e a desmoralização dos princípios da administração pública, à vista dos famigerados escândalos de corrupção, que tiveram o peso da destruição da credibilidade do governo, que não consegue soerguer-se do baque sofrido pela incompetência e incapacidade, em todos os sentidos de gerenciamento do país. Acorda, Brasil!
 
          ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
          Brasília, em 29 de junho de 2015

Um comentário:

  1. ADALMIR!
    O que precisamos mesmo, como bons brasileiros, é de critérios mais maduros e bem firmados na escolha de que fazemos de nossos governantes.
    Em 2018 seremos novamente chamados ao exercício desse direito. Os candidatos se apresentarão. E então, em quem votaremos?
    O profeta Isaías nos sugere um perfil ideal: devemos eleger quem estiver com o coração disposto a servir com fidelidade, a decidir com justiça e a agir direito.
    Isaías fala de como o Messias procederá. Por isto, o perfil é muito elevado, mas o bom dirigente precisa imitar o Messias, governando com fidelidade.
    Fidelidade é firmeza. Tem a ver com verdade. Quem age assim obtém credibilidade, isto é, respeito. Se ele já exerceu algum cargo ontem, como se elegeu, prometendo uma coisa e depois fazendo outra? Ele é infiel. Não merece nosso voto. Precisamos de governantes que atuem com fidelidade. Também em nossos relacionamentos precisamos agir com fidelidade em nossa família e em nosso trabalho.
    O bom dirigente precisa imitar o Messias, governando com justiça.
    Governar de modo justo é agir de modo reto, buscando tomar as decisões que beneficiem a maioria e não a uma minoria. Justiça tem a ver com igualdade, na criação de oportunidades e na distribuição dos recursos disponíveis, sem privilégios, para que haja uma atmosfera que estimule o trabalho.
    Penso que essas diretrizes (bíblicas) são fundamentais.
    Um abraço meu amigo!

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