terça-feira, 23 de junho de 2015

O país em queda livre

As perspectivas do mercado financeiro para a economia brasileira tiveram nova piora, evidenciando futuro bastante ainda mais sombrio, conforme levantamento feito pelo Banco Central, abrangendo mais de 100 instituições financeiras, que mostra elevação das previsões para a inflação deste ano e contração maior da economia.
Segundo o BC, tendo em conta a previsão do mercado para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a inflação oficial do país deverá superar o patamar de 8,50% em 2015, o que significa dizer que a previsão do mercado é de que será inevitável o "estouro" do teto de 6,5% do sistema de metas de inflação neste ano.
A alta na previsão de inflação do mercado aconteceu pela décima sexta semana seguida e, caso se confirmada a previsão do mercado, a inflação brasileira atingirá, neste ano, o maior patamar desde 2003, quando ficou em 9,3%.
Os economistas asseguram que, este ano, os preços são pressionados, entre outros, pela alta do dólar e dos preços administrados pelo governo, como telefonia, água, energia, combustíveis e tarifas de ônibus.
Enquanto a inflação dispara, de forma quase incontrolável, o crescimento do Produto Interno Bruto também não faz a menor cerimônia para despencar, que terá crescimento negativo, este ano, próximo ou igual a -2%, ou seja, trata-se de combinação explosiva para expor ainda mais a esculhambação da administração do país, evidenciando completa incompetência na condução das políticas econômicas, que não poderia ter sido pior do que a inflação nas alturas e o PIB em violenta retração, contribuindo para que o país emplaque o ano de 2015 de forma bastante melancólica, com todos os indicadores econômicos com resultados negativos ou desfavoráveis ao desenvolvimento.
Caso se confirme o recuo do PIB em percentual beirando 2%, será o pior resultado em 25 anos, ou seja, desde 1990, ano que registrou queda de 4,35%. A piora na projeção do mercado, para o PIB de 2015, foi a décima sexta seguida.
Como se sabe, o PIB é a soma de todos os bens e serviços feitos ou produzidos no país, independentemente da nacionalidade de quem os produza dentro do território brasileiro, e serve de parâmetro para medir o desempenho da economia nacional.
Menos pior do que as previsões para 2015, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) concluiu que a economia brasileira cresceu 0,1% em 2014, que é o pior resultado desde 2009, ano da crise internacional, quando a economia recuou 0,2%.
No que tange aos juros, o Banco Central acaba de fixá-los em 13,75% ao ano, um dos maiores da história do país, com perspectiva, pasmem, de haver novos reajustes, tudo com o propósito de forçar a queda da inflação para o teto estabelecido de 6,5% ao ano. Não obstante, a expectativa dos analistas é de que a taxa Selic atinja 11,50% no fechamento de 2016, cuja estimativa acena para muitos e terríveis embaraços para a superação das dificuldades com vistas à obtenção de crédito e aos investimentos, porquanto a tendência é mais aperto, com acentuado desemprego e violenta restrição do consumo e da produção nacional.
A taxa básica de juros tem sido a principal política adotada pelo Banco Central para a contenção das pressões inflacionárias e a calibragem dos juros é a maneira que vem sendo utilizada para se tentar o atingimento dos objetivos pré-determinados de controle da inflação, com a aplicação de taxas mais altas, como forma de reduzir o consumo e o crédito, o que pode contribuir para o controle dos preços, embora a presidente do país conclame, de forma paradoxal, que a população a consuma mais, ou seja, o governo utiliza, ao mesmo tempo, dois pesos e duas medidas.
Os fatos mostram que a indústria e o comércio estão agonizando com as vendas em baixa, exatamente pela retração do consumo e das dificuldades de novos investimentos, justamente pela incerteza quanto à recuperação econômica, uma vez que o quadro não se mostra promissor, em curto prazo.
Outra questão preocupante diz respeito às dividas públicas, que passaram da casa dos R$ 800 bilhões, em 2002, para R$ 2,3 trilhões, em 2014, que se junta ao PIB negativo, à inflação acima de 8,5%, à balança comercial negativa, aos dólares em alta, às altíssimas taxas de juros, aos aumentos de tributos, energia, combustíveis etc. além do rombo de R$ 88 bilhões na Petrobras, R$ 19 bilhões nas receitas públicas, R$ 5,6 bilhões nos Correios, R$ 21 bilhões na Eletrobrás, R$ 20 bilhões no FAT e outros bilhões de reais no BNDES, numa mistura simplesmente explosiva de incompetências, ineficiências e irresponsabilidades nunca vistas juntas na história deste Brasil varonil.
Além dessas mazelas, não é justo se ignorar os lastimáveis indicadores de avaliação do país, como educação, com queda de 74º para 116º; Índice de Desenvolvimento Humano, de 73º para 79º; segurança pública, como sendo o 11º país mais violento do mundo; saúde pública é muito trágica; apagões; perda de direitos trabalhistas; inobservância das normas de responsabilidade fiscal; quantidade injustificável de 39 ministérios; fisiologismo institucionalizado na administração pública; submissão às imposições dos congressistas, mediante a troca de cargos públicos por aprovação de projetos de interesse do governo; e uma variedade de absurdos no âmbito da administração do país, que não condizem com os anseios dos brasileiros.
O Brasil não terá condições de sair desse marasmo de atraso e de subdesenvolvimento, enquanto houver governo somente para os pobres, com a priorização de único programa de distribuição de renda, em menosprezo às demais ações e políticas de governo, com o pensamento centrado na ideologia socialista de tudo pela igualdade social, em detrimento dos princípios modernos de se governar o país com competência e eficiência, sem a necessária visão de estadista que tem a obrigação de se preocupar com a priorização das diretrizes que possam contribuir para o desenvolvimento integrado da nação, mediante a promoção de políticas de reformulação das estruturas obsoletas da administração pública, que precisam ser aperfeiçoadas e modernizadas, como instrumento capaz de possibilitar a substituição das práticas políticas e administrativas corrompidas e deslustradas, que funcionam apenas ao sabor das conveniências pessoais ou partidárias e em aproveitamento de classes políticas dominantes, em prejuízo do interesse da nação. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
         
Brasília, em 23 de junho de 2015

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