segunda-feira, 8 de junho de 2015

A consolidação do fundo do poço

O resultado do Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revela que a economia brasileira continua crescendo negativamente, com o percentual de 0,2%, o que demonstra que esse resultado é forte indicativo de que a economia brasileira continua firmemente se consolidando a caminho do fundo do poço.
É evidente que o desempenho da economia é muito preocupante e já causa horrores e calafrios no âmbito dos economistas, que entendem que o problema ainda pode se intensificar, porque os indicadores que compõem os fundamentos da economia sinalizam que o país se encontra fragilizado, desacreditado e estagnado, padecendo gravemente de confiança, investimento e desempenho do setor de serviços.
Conforme mostram as pesquisas, a confiança dos agentes da economia, compreendendo o comércio, os serviços, a indústria, os consumidores e a construção civil, está em queda livre há algum tempo, atingindo níveis preocupantes quanto à possibilidade de recuperação da economia.
No que se refere ao desempenho do setor de serviços, também é visível a sua acentuada queda, à vista do que mostram seus indicadores. Os serviços representam o setor de maior peso na economia, que estão contribuindo para a composição negativa do PIB. O indicador que causa maior desalento é o de investimento, diante de suas continuadas quedas, em comparação com períodos antecedentes.  
O sofrível desempenho do PIB se justifica basicamente pelo baixíssimo volume de investimentos público e privado, diante, respectivamente, das limitações de recursos, pela redução de arrecadação, e mais ainda pela falta de confiança e de credibilidade nas políticas públicas, que não conseguem demonstrar capacidade para administrar e controlar as contas públicas, por extrapolaram os limites prudenciais determinados pela Lei de Responsabilidade Fiscal, ou seja, o governo gasta bem mais do que deveria.
Os empresários temem que seus investimentos na ampliação do parque industrial, com vistas ao aumento da produção, não sejam compensados com o retorno do capital aplicado, justamente pela incerteza sobre a garantia, no futuro, do aumento das vendas que justifiquem o sacrifício da capitalização, ou seja, sem crescimento da economia, não há perspectivas de consumo, fato que ajuda a complicar ainda mais o desempenho da economia nacional.
O aparelhamento do PIB e do superávit primário, que estão baixos, e o aumento das despesas operacionais não permitem que o governo poupe recursos para investimentos e, se eles não existem, não há desenvolvimento.
Não há dúvida de que o crescimento econômico é o resultado do bem-estar da sociedade, por força dos investimentos na produção, mas eles somente acontecem se houver convicção, com base nos fatores conjunturais da economia, quadro esse que se apresenta, no momento, desfavorável, ante a crise que se instalou no governo, por ter perdido completamente a credibilidade dos investidores, nacionais e estrangeiros.
Os especialistas são unânimes em atestar que os índices de investimentos na economia estão muito baixos e são traduzidos pelo vislumbre dos investidores de que, no futuro, o consumo ainda é incerto e, de igual modo, isso também poderá acontecer com o retorno de seus investimentos, onde, no sistema capitalista, eles somente existem na certeza de futuro promissor para o mercado consumidor.
Na verdade, a falta de investimentos terá graves reflexos em futuro breve, por contribuir para aumentar a inflação, de vez que oferta menor que a demanda será compensada pelo expressivo aumento de preços e pelo terrível desemprego. A continuar a política monetária e fiscal do governo, que se mostra desastrosa e contrária à realidade macroeconômica, o país caminha a passos largos para a estagflação, que é a combinação de recessão com inflação.
Agora, parece que está tudo muito bem explicado, ou seja, na última manifestação da candidata petista, ela foi enfática ao dizer que seu governo tem compromisso com a distribuição de renda, com prioridade para a execução dos programas assistencialistas, que, queira ou não, têm viés eleitoreiro e se coaduna com outro importante projeto petista, qual seja, a perenidade no poder, não importando os fins para o atingimento dos meios.
          Enquanto isso acontece no plano social, que não representa quase nada, em termos de planos de governo, porque a prestação dos demais serviços públicos essenciais e próprios do Estado é comprovadamente de questionável qualidade, em comprometimento do bem comum da população.
O país como Brasil, que possui riquezas e potencialidades em abundância, jamais poderia chegar ao fundo do poço, como agora, senão em razão da incompetência na execução das políticas públicas, com destaque para as econômicas, que estão absolutamente fora da curva da normalidade, por não acompanharem os avanços e os princípios da economia mundial, em termos de racionalidade quanto às reais práticas apropriadas à macroeconomia e ao controle das contas públicas, ante a falta do seu devido controle, compreendendo também o aumento das dívidas públicas, entre outras precariedades, como a falta de reformas estruturais, que contribuiu, de forma categórica, para a terrível desindustrialização e a falta de competitividade da produção nacional. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 08 de junho de 2015

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