sábado, 27 de junho de 2015

Mau negócio da reeleição

Enfim, pela primeira vez na história do Brasil, pesquisa promovida pela Datafolha mostra maioria dos eleitores contra a reeleição de presidente da República e, de resto, de governadores e prefeitos. No levantamento divulgado pelo jornal Folha de S. Paulo, 67% da população entrevistada não querem que o presidente concorra novamente ao cargo.
Em 2005, quando foi realizada a primeira pesquisa sobre o tema, 65% dos entrevistados eram favoráveis à disputa de novo mandato para presidente. Na ocasião, o então presidente petista concorreria mais uma vez ao cargo.
Na pesquisa realizada em 2007, o apoio à reeleição caiu sete pontos percentuais, mas ainda se manteve como opinião bem favorável da maioria. Não obstante, desta feita, com a petista no seu segundo mandato, apenas 30% concordam com a reeleição. Em harmonia com esse entendimento, a pesquisa para governadores e prefeitos deu praticamente o mesmo resultado.
Com 452 votos a favor e apenas 19 contra, a Câmara dos Deputados acaba de aprovar o fim da reeleição, em primeira votação, cuja regra, para entrar em vigor, necessita de nova votação na casa e de posterior aprovação pelo Senado Federal, que já tem entendimento nessa mesma direção.
Além de a reeleição, comprovadamente, ser mau negócio para os brasileiros, diante da onipotência e da onisciência que se impregnam no ocupante do cargo principal do país, no caso de presidente da República, a ponto se julgar puder ser o todo-poderoso da face da terra, com a obrigação, na verdade, de a nação ter de passar por completa letargia, por força do sentimento do absoluto poder de quase eternização no cargo mais importante do país, quando a experiência vem evidenciando a total incapacidade do titular para ocupá-lo, em cristalinos prejuízos para o interesse público.
O Congresso Nacional, a começar pela Câmara, agiu em boa hora, quando deu início ao término dessa desprezível medida que nunca deveria ter existido no país de tantas mediocridades políticas, onde prevalecem os interesses da classe dominante, que, habilmente, consegue convencer os fanatizados e os desinformados que o país nada sobre o mar da tranquilidade, quando a verdadeira situação é bem ao contrário, como aconteceu na última eleição, conquanto significativa parcela dos eleitores foi enganada com promessas mentirosas, que logo foram desmascaradas com a adoção de medidas contrárias às anunciadas no programa de governo, que não resistiu à verdadeira situação econômica do país.
Nessa onda benfazeja de modernização política, o Congresso poderia muito bem aproveitar o ensejo da extinção da abominável figura da reeleição e aprovar outra medida de extrema importância para os interesses do país, qual seja, a possibilidade da imediata eleição para o povo decidir se governante inepto, incompetente, mentiroso, desacreditado, rejeitado e prejudicial aos interesses da nação deve ser imediatamente afastado ou não do cargo, independentemente do tempo que ele esteja no exercício do cargo, como forma salutar, inteligente e cautelar de preservação da integridade do interesse público, que não pode continuar sendo prejudicado e pagando pelos malefícios e danos causados pelo ineficiente gerenciamento da nação e pelas das incertezas do porvir.
Nesse caso, decidido pelo afastamento do mandatário, seria marcada eleição no prazo de noventa dias da proclamação do pleito, com a posse do eleito para trinta dias do resultado, de modo a se evitarem maiores transtornos para a administração do país.
Outra medida de suma importância para o país seria a proibição de o homem público afastado do cargo, por comprovadas incompetência e incapacidade da gestão pública, jamais puder ser investido em cargo público eletivo, por absoluta preservação da dignidade e da valorização da ocupação dos cargos públicos.
O país precisa, com o máximo de urgência, ser passado a limpo e as medidas de cunho estritamente moralizante e persecutório da eficiência da gestão pública, visando ao aperfeiçoamento, à modernização e à otimização da administração do país, jamais podem ser postergadas, sob pena de haver injustificável contribuição para atravancar o desenvolvimento da nação. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 27 de junho de 2015

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