Enfim, pela primeira vez na história do Brasil, pesquisa
promovida pela Datafolha mostra maioria dos eleitores contra a reeleição de presidente
da República e, de resto, de governadores e prefeitos. No levantamento
divulgado pelo jornal Folha de S. Paulo,
67% da população entrevistada não querem que o presidente concorra novamente ao
cargo.
Em 2005, quando foi realizada a primeira pesquisa
sobre o tema, 65% dos entrevistados eram favoráveis à disputa de novo mandato
para presidente. Na ocasião, o então presidente petista concorreria mais uma
vez ao cargo.
Na pesquisa realizada em 2007, o apoio à reeleição caiu
sete pontos percentuais, mas ainda se manteve como opinião bem favorável da
maioria. Não obstante, desta feita, com a petista no seu segundo mandato,
apenas 30% concordam com a reeleição. Em harmonia com esse entendimento, a
pesquisa para governadores e prefeitos deu praticamente o mesmo resultado.
Com 452 votos a favor e apenas 19 contra, a Câmara
dos Deputados acaba de aprovar o fim da reeleição, em primeira votação, cuja
regra, para entrar em vigor, necessita de nova votação na casa e de posterior
aprovação pelo Senado Federal, que já tem entendimento nessa mesma direção.
Além de a reeleição, comprovadamente, ser mau
negócio para os brasileiros, diante da onipotência e da onisciência que se
impregnam no ocupante do cargo principal do país, no caso de presidente da
República, a ponto se julgar puder ser o todo-poderoso da face da terra, com a
obrigação, na verdade, de a nação ter de passar por completa letargia, por
força do sentimento do absoluto poder de quase eternização no cargo mais
importante do país, quando a experiência vem evidenciando a total incapacidade
do titular para ocupá-lo, em cristalinos prejuízos para o interesse público.
O Congresso Nacional, a começar pela Câmara, agiu em
boa hora, quando deu início ao término dessa desprezível medida que nunca
deveria ter existido no país de tantas mediocridades políticas, onde prevalecem
os interesses da classe dominante, que, habilmente, consegue convencer os
fanatizados e os desinformados que o país nada sobre o mar da tranquilidade,
quando a verdadeira situação é bem ao contrário, como aconteceu na última
eleição, conquanto significativa parcela dos eleitores foi enganada com
promessas mentirosas, que logo foram desmascaradas com a adoção de medidas
contrárias às anunciadas no programa de governo, que não resistiu à verdadeira
situação econômica do país.
Nessa onda benfazeja de modernização política, o
Congresso poderia muito bem aproveitar o ensejo da extinção da abominável figura
da reeleição e aprovar outra medida de extrema importância para os interesses
do país, qual seja, a possibilidade da imediata eleição para o povo decidir se
governante inepto, incompetente, mentiroso, desacreditado, rejeitado e
prejudicial aos interesses da nação deve ser imediatamente afastado ou não do
cargo, independentemente do tempo que ele esteja no exercício do cargo, como
forma salutar, inteligente e cautelar de preservação da integridade do
interesse público, que não pode continuar sendo prejudicado e pagando pelos
malefícios e danos causados pelo ineficiente gerenciamento da nação e pelas das
incertezas do porvir.
Nesse caso, decidido pelo afastamento do mandatário,
seria marcada eleição no prazo de noventa dias da proclamação do pleito, com a
posse do eleito para trinta dias do resultado, de modo a se evitarem maiores
transtornos para a administração do país.
Outra medida de suma importância para o país seria a
proibição de o homem público afastado do cargo, por comprovadas incompetência e
incapacidade da gestão pública, jamais puder ser investido em cargo público
eletivo, por absoluta preservação da dignidade e da valorização da ocupação dos
cargos públicos.
O país precisa, com o máximo de urgência, ser passado
a limpo e as medidas de cunho estritamente moralizante e persecutório da
eficiência da gestão pública, visando ao aperfeiçoamento, à modernização e à
otimização da administração do país, jamais podem ser postergadas, sob pena de
haver injustificável contribuição para atravancar o desenvolvimento da nação.
Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 27 de junho de 2015
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