sexta-feira, 5 de junho de 2015

Repúdio à degradação da gestão pública

Segundo importante parecerista especializado na política, o modelo de financiamento de campanha eleitoral se encontra poluído e contaminado até o miolo e não será fácil escoimarem as arraigadas excrescências existentes nesse sistema, haja vista que os políticos e partidos, indistintamente, compartilham, de alguma forma, de poder entrar no jogo sujo alimentado pelo poderoso cartel dos empresários, que fazem “tudo” para continuar participando das contratações públicas.
No entendimento do jornalista, não existe diferença entre o PT, o PSDB e os demais partidos, na hora da negociação com os empresários, pois a única diferença está na forma como a imprensa atua.
O parecerista ressalta que é notório que as principais lideranças da oposição, que são os mais importantes acusadores da deteriorada situação, se beneficiaram, de uma forma ou de outra, de propinas, vantagens indevidas ou de esquemas nada compatíveis com a dignidade que deve ser observada no exercício de cargos públicos eletivos.
Em tom com viés sarcástico, o jornalista manifesta estranheza pelo fato de que políticos igualmente com cabedal de suspeição e indecência com recursos públicos se dignem assumir a vanguarda da cruzada moralista nacional, como se quisesse concluir com isso que todos deveriam locupletar-se do erário e deixar que a roubalheira continuasse predominando na terra de ninguém.
Diante da conjuntura política atual, se os principais requisitos para administrar o Brasil fossem a seriedade, conduta ilibada, lisura, probidade, certamente que haveria grande dificuldade para o preenchimento dessas exigências e o país correria seríssimo perigo de ficar acéfalo, por falta de quem se apresentassem com as condições inquestionavelmente puras e isentas de máculas.
Com certeza, a administração do país não seria dirigida por ninguém, caso houvesse a obrigação legal de os homens públicos em atividades comprovarem a sua conduta irretocável de honestidade, imune e resistente às suspeições quanto ao ferimento dos princípios da dignidade e da nobreza com relação aos seus atos, visto que as pessoas honestas, probas e de caráter ético não se interessam pela vida pública, como representantes do povo, quer como governantes e muito menos como parlamentares, visto que as funções públicas eletivas se encontram visivelmente contaminadas, desde as mais profundas raízes, pelas reiteradas acusações de escândalos envolvendo seus ocupantes com o indevido uso de verbas públicas.
Diante dessa constatação, os prejuízos ao país e à sociedade são imensuráveis, notadamente porque a manutenção do status quo é realidade visivelmente prejudicial aos interesses do país e da população, por haver clara fragilidade moral no seio dos homens públicos, com destaque para a classe política dominante, pelo arraigado sentimento mesquinho da ganância pelas benesses dos cargos públicos e pelo poderoso tráfico de influência propiciados pelo poder, que seduzem os mais caprichosos homens públicos, que transformam a política na sua principal profissão, na certeza do enriquecimento em curto prazo, à vista da multiplicação patrimonial em tão pouco tempo, conforme denunciam os meios de comunicação.
O que se verifica é que a desonestidade e as falcatruas são sistêmicas tanto no seio dos políticos da situação quanto no âmbito da oposição, porquanto todos são terrivelmente incapazes de exigir de ambos os lados bom comportamento e atitude moralizadora, no exercício de seus cargos eletivos, ante a injustificável institucionalização de muitos privilégios em benefício de seus interesses.
O que não é normal, justo nem admissível que a sujeira de alguém possa servir de álibi para justificar a falta do cumprimento do princípio da legalidade, ética e moralidade na aplicação dos recursos públicos ou no exercício dos relevantes cargos públicos eletivos, porque a opção pela vida pública exige a estrita observância, entre outros, dos princípios da ética, moral, honestidade e dignidade.
O certo é que a bandalheira foi introduzida na administração pública, com pernicioso poder de infestá-la e contaminá-la com o vírus da incontrolável corrupção, contando com o beneplácito da mentalidade de desavergonhados políticos, segundo a qual concordar-se com irregularidades é maneira normal e admissível para se administrar o país, a exemplo do que declarou o então presidente da República petista, quando eclodiu o escândalo do mensalão, que serviu de parâmetro para se puder continuar governando a nação, fato esse que bem demonstra os rasteiros níveis moral e ético da maior autoridade da nação, que prefere comungar com os vis e degradantes métodos de gestão para manter-se no poder, antes do que se opor e denunciar as indignidades e as desonestidades na administração pública.
Não importa os partidos aos quais pertençam os maus políticos, os desonestos homens públicos, conquanto eles devam ser identificados e punidos, com severas e inflexíveis medidas punitivas, como forma de se exigir que eles paguem, indistintamente, pelos crimes cometidos contra a sociedade e o país.
Urge que as mentalidades dos brasileiros sejam capazes de pensar com a exclusiva ideologia em defesa do país, no sentido de eliminar da vida pública os maus e desonestos políticos que estão interessados apenas na satisfação das causas pessoais ou partidárias, que são atraídos para o serviço público pelas valiosas benesses oriundas do poder, na forma do espúrio fisiologismo materializado nas inescrupulosas coalizões, que são formalizadas visando ao apoio político, em vergonhoso balcão de negociatas envolvendo recursos públicos, com a finalidade de garantir a perenidade no poder. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 05 de junho de 2015

Um comentário:

  1. Verdade meu amigo ANTONIO ADALMIR FERNANDES!
    Precisamos de homens de honra na política, nos tribunais, na educação, na saúde, na igreja, no comércio, na indústria, e sobretudo, na família.
    Somente homens de honra inspiram os mais jovens à integridade.
    Chega dos discursos hipócritas daqueles que estadeiam virtude no palco e rasgam todos os códigos da decência nos bastidores.
    Precisamos de exemplo e não de palavras, pois palavras sem vida são propaganda enganosa, trovão sem chuva, árvores cheias de folhas, mas desprovidas de frutos.
    Parabéns pelo seu texto. É um importante chamado à reflexão para que, onde estejamos, exerçamos nossa influência, sobretudo permeada por esse senso de justiça e dignidade.
    DEUS O ABENÇOE.

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