quinta-feira, 18 de junho de 2015

Malefícios do socialismo

Há pouco tempo, o presidente da Venezuela foi autorizado pelo Parlamento do seu país, por meio da denominada lei habilitante, a governar aquela nação por decreto, pelo período de um ano.
Com respaldo nessa medida de absoluta exceção, o presidente já criou algumas normas, que poderiam ter sido aprovadas normalmente pelo Legislativo, já que, em país ditatorial, este poder é dominado pelo mandatário, mas o capricho e a prepotência não permitem que o presidente atue senão segundo a sua vontade e o seu absoluto poder.
Uma das normas aprovadas se refere ao combate ao alto índice de corrupção, fato este que não poderia fugir à regra existente nos países socialistas, que são poluídos e contaminados na origem, nas próprias entranhas, ante a ganância latente das mentes daqueles que são atraídos pela dominação e pelo enriquecimento sem sacrifício, a exemplo dos casos de corrupção investigados no país tupiniquim, onde as lideranças e membros da cúpula engendraram e arquitetaram maquiavélicas fórmulas de surripiar dinheiro público, na forma clássica dos escandalosos esquemas do mensalão e do petrolão, de triste legado do partido que caminha para implantar de vez o abominável socialismo no Brasil.
A chamada Revolução Bolivariana, o sonho do chavismo, não passa de tremendo engodo popular, que conseguiu iludir, com facilidade, a sociedade para projeto político de governante alucinado pelo poder, que não encontrou o menor empecilho para enganar a boa vontade da população com pouca capacidade para conhecer os reais objetivos da tão generosa distribuição de riqueza que não existia em abundância e que agora ela paga caríssimo pelo apoio a tal revolução de araque.
O caso da Venezuela parece se enquadrar no velho, famoso e bem verdadeiro adágio segundo o qual: "O socialismo dura até acabar o dinheiro dos outros”. No caso específico, ele durou até enquanto existia o dinheiro proveniente da exploração do petróleo, que já não consegue financiar o custeio da “magnanimidade” para com as pessoas empobrecidas pela “generosidade” do governo populista e caudilhista do ditador desaparecido, que teve a incapacidade de plantar fecundas bases para a total dependência das pessoas ao Estado, em troca da perda das saudáveis liberdades individuais, da dignidade como seres humanos e da submissão à escravidão enquanto imperar o absolutismo do regime socialista, onde o país é comandando sob os princípios da insensibilidade humana e da truculência, tendo como drásticas consequências a alta inflação, o racionamento de gêneros alimentícios e de primeiras necessidades e o seu desaparecimento dos supermercados, tudo contribuindo para que o país conviva com o completo caos, quando até pouco tempo se tratava de uma das nações mais prósperas da América do Sul.
Tanto no país vizinho, como na nação verde-amarela, a corrupção nasce como batata, viceja e cresce com a maior facilidade, justamente pela fragilidade dos mecanismos de controle e fiscalização, à vista do vergonhoso aparelhamento das instituições públicas, notadamente por correligionários e integrantes das alianças governistas, que, despreparados e desqualificados para o desempenho de funções importantes, são apenas interessados em garantir seu emprego em comissão, sem o menor interesse em zelar e cuidar da integridade do patrimônio público.
Os desvios de recursos da Petrobras são casos típicos de facilitação para a implantação de esquemas de corrupção, ante a inexistência de sistemas eficientes e rígidos de controle sobre os contratos celebrados pela estatal, permitindo-se ilicitudes mediante superfaturamentos e consequentes pagamentos de propinas a torto e a direito, sem que houvesse o mínimo controle quanto à regularidade dos objetos contratos, para se aquilatar a sua verdadeira conformidade com a razoabilidade dos valores pertinentes aos serviços e às obras contratados.
Na verdade, essa mania de se governar por autonomia concedida pelo Congresso, quando este apenas existe proforma, é própria dos países socialistas e comunistas, justamente para que as leis do país se amoldem aos interesses ditatoriais e não à vontade da população, que não tem o mínimo de liberdade para opinar sobre o que seja certo ou errado, uma vez que seus sagrados direitos foram usurpados e jogados para o espaço sideral, não podendo opinar senão sobre as “bondades” realizadas pelos soberanos do poder.
Convém que a sociedade brasileira fique atenta, à vista dos péssimos exemplos de governanças, quanto às possíveis manobras arquitetadas e maquiavelicamente perpetradas contra os princípios republicano e democrático, que têm por finalidade o enfraquecimento da autonomia e da independência das instituições públicas e a valorização dos poderes ditatoriais, que se aproveitam das fragilidades dos controles do Estado para a dominação absoluta do poder e consequentemente das pessoas.
No bojo das leis aprovadas pelo presidente venezuelano, consta a criação do Sistema Popular da Paz, que visa à integração dos poderes públicos em todos os níveis políticos territoriais e ao planejamento da política contra o crime e o terrorismo, de modo a se alcançar os objetivos em matéria de segurança dos cidadãos contra as ameaças externas e internas do país.
O novo organismo denominado Sistema Popular da Paz, vinculado diretamente à Presidência da Venezuela, tem enorme semelhança com os conselhos populares ou sociais criados o ano passado pela presidente brasileira, que tem a finalidade de opinar previamente sobre qualquer projeto de governo, em total desprezo à autonomia e à independência do poder Legislativo.
No caso brasileiro, a lei habilitante já começou a funcionar parcialmente com o decreto que instituiu os conselhos populares, uma espécie de sovietes, instituídos com pessoas da confiança do Palácio do Planalto, que se encarregarão de policiar, em nome do governo as ações do estado, fazendo com que seja lançada a semente para o grande cerco de controle da sociedade, como um todo.
Não há dúvida de que o princípio da lei habilitante nada mais é do que o fim dos poderes do Congresso Nacional, que simplesmente perde o sentido de ser, pois as leis passam a ser elaboradas e aprovadas pelo presidente da República, de forma ditatorial e tirânica, com amplos poderes para alterar o regramento jurídico da nação, de modo que a sua aplicação se amolde à vontade e aos caprichos do governante ditatorial.
Na verdade, o conjunto de normas aprovadas pelo presidente venezuelano, além de consolidar a rigidez do regime socialista, com a caracterização da supremacia do poder único, sem a participação democrática dos poderes Legislativa e Judiciário, senão sob o domínio ditatorial, conspira contra os princípios democráticos da livre iniciativa, do fomento ao empreendedorismo, da qualificação profissional da população, da liberdade de expressão e de pensamento, dos ares de liberdade individual e, principalmente, dos componentes capazes de contribuir para o desenvolvimento social, econômico, político e democrático. Acorda, Brasil!
  
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 18 de junho de 2015 

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