Pressionado pela alta do dólar e seu
impacto na inflação, que também vem em escala ascendente, o Comitê de Política
Monetária (Copom) do Banco Central do
Brasil resolveu aumentar, de forma absurda, a taxa básica de juros da economia brasileira
de 13,25% para 13,75% ao ano, com expressiva alta de 0,5 ponto percentual.
O
aumento da taxa Selic faz parte do estratagema do governo para controlar o consumo
e consequente pôr freios na inflação, que vem subindo sem parar, numa proporção
igualmente aos reajustes dos juros, em clara demonstração de que o remédio,
bastante amargo, não vem conseguindo domar o dragão da inflação, mas tem
contribuído para diminuir drasticamente o crédito para a indústria, que vem se
retraindo de forma progressiva, diante da impossibilidade de novos investimentos,
causando terrível entrave à melhoria da competitividade da produção nacional.
Além
do arrocho no consumo e na concessão de créditos, o governo, ao elevar os juros,
aumenta significativamente o montante dos juros das dívidas interna e externa, que
se tornam impagáveis, haja vista que somente de juros o país deve pagar, este
ano, cifra superior a R$ 300 bilhões, que representa 12 vezes o custo dos benefícios
do Bolsa Família, ou seja, o governo cria, de forma artificial e injustificável,
mecanismos para aumentar os juros das dívidas, cujos pagamentos o PT, antes de
estar no poder, tanto protestava e repudiava, a ponto de se manifestar por
auditoria nas dívidas públicas e pelo não pagamento delas e dos juros, fato
este que demonstra absurda e patética incoerência.
A
elevadíssima taxa de juros reafirma a inadmissível liderança do Brasil no
ranking mundial de juros reais, uma vez que, após o abatimento da inflação oficial,
em torno de 8%, a taxa de juros reais fica em 5,75% ao ano, constituindo os
maiores juros reais do mundo, o que significa dizer que o país se encontra
totalmente fora da normalidade econômica, causando grande preocupação para os
organismos de classificação de risco, quanto à segurança dos investimentos,
visto que aplicação estrangeira se torna atratativa no Brasil, mas corre-se o
risco quanto à garantia do seu resgate, à vista da falta de credibilidade no
que tange à condução das políticas públicas, que também têm sido desastrosas.
Já
está mais do que comprovado de que a alta de juros tem o poder de impactar o
crescimento da economia brasileira, que tem sido constantemente revisado para
baixo, conforme previsão do mercado financeiro, que estimava o Produto Interno
Bruto do país avançando negativamente para a recessão este ano, tendo a infeliz
contribuição do peso dos juros nas alturas.
É
muito estranho que, pelo sistema de metas vigente no Brasil, o Banco Central
precise calibrar os juros para atingir as metas pré-estabelecidas, tendo por
base o IPCA, sob a alegação de que, ao subir os juros, a inflação é controlada,
quando, na realidade, os fatos mostram exatamente o contrário, além dos
maléficos aumentos dos juros, que são elevados artificialmente, sem o menor
fundamento plausível, redução do consumo e dos investimentos, diante da retração
da procura do dinheiro, pelo altíssimo custo dos empréstimos.
A
verdade é que o aumento dos juros contribui para piorar ainda mais as crises
conjunturais na economia, na confiança, no Pibinho, na inflação, na produção
industrial, no emprego, na infraestrutura, no saneamento básico, na prestação
dos serviços públicos, nos investimentos e, enfim, na credibilidade quanto à
possibilidade de o governo reverter a quebradeira do país, ante a evidente
demonstração da plena incapacidade administrativa da mandatária brasileira.
As
políticas monetárias não têm segredo, porquanto o governo não consegue
administrar o país sem recursos, para financiar a sua gastança desenfreada, fazendo
com que, suas contas em frangalhos, não reste alternativa de se buscar dinheiro
no mercado, que aparece ligeirinho se os juros estiverem nas alturas, fato este
que ajuda a incrementar ainda mais a esculhambação reinando do mundo do faz de
conta chamado República do Brasil, para a felicidade dos banqueiros e o pesado ônus
para a sociedade, que é responsável pelo pagamento da fatura.
Impende relembrar,
a propósito, que, com a finalidade meramente populista e sem nenhuma consistência
plausível, a presidente da República forçou a queda dos juros na marra, quando
os componentes econômicos, da época, ainda não eram favoráveis para medida tão
arriscada.
Os ventos
sopraram em direção do imprevisível, levando os planos da mandatária do país
para o espaço sideral, ficando nos planos terrenos os incontroláveis rumos da
inflação, cuja setinha apontava na escala sempre ascendente, o que vem
obrigando o Banco Central a frear o consumo e crédito por meio dos progressivos
aumentos da Selic.
Enquanto
isso, no Palácio do Planalto, quando há pouco tempo havia comemorações com a
queda artificial dos juros, com manifestações presidenciais enaltecendo o
feito, agora o silêncio ali é tumular e ninguém se arrisca comentar o
lamentável e exagerado aumento dos juros, ante o seu malefício para o
crescimento da nação.
A
sociedade precisa se conscientizar de que os aumentos das taxas de juros, em
percentuais exorbitantes, com superação dos juros reais praticados na órbita mundial,
demonstram incontestável incompetência administrativa e gerencial do país, por
se tratar de medida absolutamente prejudicial aos interesses nacionais,
porquanto a sua aplicação tem o condão de causar redução do consumo, da
produção, de investimentos, do emprego, da arrecadação e, enfim, do desenvolvimento
do país. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 06 de junho de 2015
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