Outro
dia, o primeiro-ministro do Japão decidiu pela dissolução da Câmara Baixa do
Parlamento e convocação de eleições antecipadas, tão somente porque houve, no
dia anterior, a divulgação da notícia de que o país voltou à recessão.
Naquela
ocasião, a terceira maior economia do mundo teria, de forma inesperada, encolhido
pelo segundo trimestre consecutivo, em consequência do impacto de aumento de 5
para 8% nos impostos sobre vendas, fato que durou por tempo mais do que o
esperado.
O
premiê japonês prometeu ressuscitar o crescimento do país com mistura radical
de política monetária ultraexpansionista, gastos e reformas, tendo insistido
que suas políticas estão funcionando, mas, mesmo assim, ele desafiou a oposição
a oferecer alternativa.
Ele
disse que estava ciente de que os críticos às suas políticas de governo eram um
fracasso e que não estavam funcionando, mas desconhecia qualquer ideia concreta
sobre que o fazer diferentemente, mostrando que as suas políticas econômicas
estão equivocadas ou incorretas. Para ele: “Esta
é a única maneira de pôr fim à deflação e recuperar a economia”.
O
premiê garantiu que o aumento dos impostos sobre vendas, necessário para suportar
os custos crescentes da seguridade social e conter a dívida pública gigantesca
do país, será implementado sem falta até abril de 2017, ou seja, tudo muito bem
planejado, deixando claro para a sociedade que o combate à crise passa por
etapas devidamente controladas e acompanhadas, conforme os pressupostos da
crise econômica e as estratégias estabelecidas para solucioná-la.
A
seriedade e o alto senso de responsabilidade com a política e a administração do
país mostram o alto sentido de compromisso com as coisas relacionadas ao
interesse da sociedade, considerando que, nas circunstâncias, mesmo com o
reconhecimento da crise, nem precisaria da realização de eleição para a Câmara Baixa
do Parlamento até o final de 2016, mas o premiê japonês espera contar com o pleito
eleitoral para confirmar sua liderança antes que seu índice de aprovação, pasmem,
em torno de 50%, conforme algumas pesquisas realizadas pelos padrões de
seriedade japoneses, caia ainda mais.
O
certo é que, para os padrões japoneses das práticas políticas, o premiê estava
se sentido incomodado com os críticos de que suas políticas de governo estavam beneficiando
grandes empresas e moradores ricos das grandes cidades, depois que o iene – a moeda
do país - foi enfraquecido, tendo fortalecido o mercado de ações, mas esses
fatos contribuíram para prejudicar os japoneses comuns, em face de a inflação
ter ultrapassado os aumentos de salários.
Diante
desses acontecimentos verificados no Japão, país considerado a terceira
potência mundial, os fatos mostram o tanto de atraso que o país tupiniquim
precisa recuperar, em termos de honestidade, sinceridade e, principalmente, o
senso de responsabilidade presentes nas práticas político-administrativos, eis
que o premiê tem a consciência cívica de antecipar eleição, diante de fatos que
mostram que o país se encontra atravessando forte crise econômica, com séria
recessão, prejudicando a população, como forma de o povo decidir quanto à
continuidade ou não de seu governo, notadamente para que o eleitorado chancele
ou não as políticas públicas que estão em execução, ou seja, cabe precisamente
à população dizer se o governo satisfaz ou às suas expectativas de governança,
tudo em consonância com o que deve realmente funcionar nas grandes nações
sérias e desenvolvidas social, política, econômica e democraticamente.
Aqui
no país tupiniquim as crises ganham de mil a zero do país oriental, mas a
mentalidade do governo é simplesmente menosprezar os princípios de
responsabilidade cívica e de satisfação à população quanto ao caos que se
instalou na administração do país, com contornos nunca vistos na história da
República, mas a sua gravidade não é capaz de provocar o mínimo de sensibilidade
com relação ao sentimento essencial de satisfazer aos anseios da sociedade, que
são de ter a governança do país com desempenho eficiente capaz de se evitar as
crises que estão sufocando até a raiz das perspectivas de melhorias do
desempenho e das condições da economia, moralidade, política, e dos fatores que
possam contribuir para o desenvolvimento da nação.
Nas
Repúblicas com o mínimo de consciência e evolução democrática, o povo não pode
ser penalizado nem prejudicado pelas precariedades ou deficiências dos
governantes, que não têm direito de contrariar, por tanto tempo, os interesses públicos
e muito menos o mandamento constitucional, ex-vi
do disposto no seu art. 1º, parágrafo único, segundo o qual “Todo poder emana
do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente. Nos termos
desta Constituição.'', o que vale dizer que o representante do povo deve
ser submetido à vontade do seu representado, como forma de exprimir exatamente
o significado do desiderato democrático de que tudo pelo povo e para o povo.
Diferentemente
do país nipônico, o governo brasileiro se mostra completamente incapaz de
definir estratégias, programas, prioridades para combater as crises, a par de se
mostrar indolente aos clamores da população quanto à premência de reformas das
estruturas ultrapassadas, retrógradas e prejudiciais aos interesses da
sociedade, ante ao evidente desestímulo à modernidade e às benfazejas mudanças,
em harmonia com os avanços da humanidade.
Convém que a sociedade se conscientize sobre a
premência de reforma político-eleitoral, com vistas a se permitir que haja
imediata eleição, em caso de grave crise de governança, nos moldes do que fazem
sábia e corretamente, sobretudo em benefício do interesse público, as nações
desenvolvidas, tendo por finalidade possibilitar que o povo resolva
soberanamente sobre a necessidade ou não da substituição do seu representante, de
modo que o eleitorado se posicione quanto à aceitação ou não da administração deletéria
dos recursos públicos, ou seja, compete à população contribuir para se evitar
maior aprofundamento da instabilidade financeira, política ou social. Acorda,
Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 19 de junho de 2015
Nenhum comentário:
Postar um comentário