O papa afirmou que “O valioso patrimônio cultural da Igreja Católica deve estar a serviço
dos pobres e que sua eventual venda não pode ser vista com escândalo”.
As declarações papais estão em mensagem aos
participantes de congresso sobre a gestão dos bens culturais eclesiásticos e a
cessão de lugares de culto, realizado pelo Pontifício Conselho para a Cultura e
pela Conferência Episcopal Italiana (CEI).
O sumo pontífice declarou que “Os bens culturais são voltados às atividades de caridade desenvolvidas
pela comunidade eclesiástica. O dever de tutela e conservação dos bens da
Igreja, e em particular dos bens culturais, não tem um valor absoluto, mas em
caso de necessidade eles devem servir ao bem maior do ser humano e
especialmente estar a serviço dos pobres”.
Na opinião do papa, a constatação de que muitas
igrejas “não são mais necessárias por
falta de fiéis ou padres ou por mudanças na distribuição da população nas
cidades e zonas rurais deve ser vista como um sinal dos tempos que nos convida
a uma reflexão e nos impõe uma adaptação”.
Nessa mensagem, o sucessor de São Pedro enfatizou
que a cessão de bens da Igreja “não deve
ser a primeira e única solução, mas também não pode ser feita sob escândalo dos
fiéis”.
A aludida mensagem papal demonstra o espírito de
muita coragem e inspiração humanitária, com a evidência de tal despojamento das
coisas terrenas, que precisam sim ser revertidas em prol do ser humano, nas
suas necessidades primárias, sabendo-se que o patrimônio da Igreja Católica
provém exatamente do sacrifício do homem, do resultado da sua contribuição, em
forma de dízimos ou outros sentimentos de espontânea bondade cristã.
É evidente que o esforço do papa em mostrar o seu
generoso sentimento de contemplação e solidariedade para com o ser humano jamais
passará dos muros do Vaticano, diante da prevalência do fortíssimo radicalismo
antagônico às suas ideias de modernização e avanço da igreja comandada por quem
não consegue mudar os rumos de instituição que se encontra cristalizada no mais
puro sentimento de resistência às saudáveis mudanças impostas pela humanidade,
que nada mais é do que a razão da sua existência, porquanto o que seria dela
sem a efetiva participação do homem?
A ideia atual do santo pontífice, guardadas as
devidas proporções, tem muito com o pensamento esposado por mim, em afirmativa
e centrada crônica que escrevi tempos atrás, nos primórdios de 2015, na forma
do texto a seguir, que vale a pena ser lido diante do seu conteúdo muito
apropriado à realidade, em sentido contrário, do dramático sentimento da Igreja
Católica, em que se debate entre os religiosos progressistas, os defensores da
sua modernização, como demonstração de natural acompanhamento da evolução da
humanidade, e os retrógrados conservadores, que simplesmente defendem teses
ultrapassadas e prejudiciais aos interesses da própria instituição, por apenas
ser favorável à destruidora involução, em que pese ser forçoso se reconhecer o
direito de sentimentos individuais, também no âmbito da religiosidade cristã.
Eis o texto que refuto de suma importância para
lançar um pouco de luzes acerca da ampliação sobre a espirituosa e magnânima
mensagem que acaba de ser lançada pelo santo papa:
“VATICANO: ALGUNS
DETALHES
A recente visita que
fiz ao Vaticano, em contemplação à Praça de São Pedro e à Basílica de São
Pedro, significou momento muito especial para mim, por ser ali terra sagrada,
berço dos papas, os lídimos sucessores de São Pedro, obviamente nos planos
terrestres.
Jamais eu poderia
sequer imaginar que, nos longínquos idos da minha saudosa infância, lá no
interior de minha querida e ainda pequena Uiraúna, ouvindo as pregações, os
sermões e os ensinamentos do reverendo santo padre Anacleto, que enchia os
pulmões para glorificar o nome de Pio XII, papa da época, eu viria, um dia,
conhecer, de corpo presente, aquele recanto que emana para o mundo o encanto e
os mistérios da fé, do catolicismo e do cristianismo, que têm o poder mágico de
ligar o homem aos mistérios e poderes de Deus.
Naquele recinto, tudo
parece misterioso, não somente pelo desprender de eflúvios que convidam à
contemplação, mas por haver em cada lugar que se olha a presença e a
representação das coisas místicas de Deus, que os homens, nos seus sentimentos
de religiosidade, procuram valorizar e cultuar com a mais pura sensibilidade de
crédito e de fé alicerçada nos mistérios celestiais.
Sempre acostumado a
acompanhar as transmissões televisivas da grandiosa Praça de São Pedro, torna-se
encantador quando se vislumbra na visão pessoal e ao vivo aquele majestoso lugar
que suscita instantânea e forte emoção, aflorada com força que transcende ao
controle da contemplação, pela materialização de algo que já parecia familiar,
mas a gente não fazia a mínima ideia do seu belíssimo panorama.
Logo na entrada,
percebe-se a grandiosidade do ambiente, onde se concentram milhares de fiéis,
para a contemplação da bondade e das maravilhosas belezas de Deus.
Passado o impacto da
chegada, segue-se a disposição para o enfrentamento da exigida praxe da fila
que se agigante cada vez mais com o passar do tempo, para a visitação do
interior da Basílica de São Pedro. De certa forma surpreendente, o fluxo da
andança ganhou razoável celeridade, cuja dinâmica contribuiu para a
familiarização com o local e as fotografias recomendados para ocasiões
especiais como essa.
Em seguida, lá eu estava
diante da mais sublime representação da arte sacra e das belas esculturas
protagonizadas pelos seres humanos, os grandes artistas, evidentemente sob as magníficas
inspirações emanadas pelo Mestre dos mestres.
Sem sombra de dúvida, trata-se
de importantíssima exposição de imagens de santos e religiosos e de pinturas de
altíssimas expressividades religiosas da mais pura beleza representada pela mão
do homem, que, por certo, deixariam o Mestre Jesus embasbacado com tanta
riqueza e preciosidades artísticas, embora tanto esplendor não se harmonize com
a extrema simplicidade de Sua obra terrena, em se tratando que Ele é exatamente
a fonte de inspiração do catolicismo e do cristianismo representados naquele
templo majestoso e opulento, que, à toda evidência, não condiz com os
princípios de simplicidade e de humildade cristãs, disseminados por seus
seguidores.
Não à toa, o papa tem
mostrado enorme esforço no sentido de enaltecer a premência das mudanças de
hábitos que se consolidaram no tempo, em que a Igreja Católica foi capaz de
constituir suas castas que, em muitas situações, não condizem com as lições e
os ensinamentos do cristianismo, que tem como fundamento os princípios da simplicidade
e da modéstia, com base no amor e na fraternidade cristãs.
Com certeza, o papa não
deve se conformar com a igreja que desviou muito dos rumos da sua trajetória
original, que não deveria se confundir com a competição de poder e de domínio sobre
coisas materiais entre os homens, a exemplo da ideia como isso fica muito bem
representado no luxo das obras sacras e nas pinturas do Vaticano, em clara contradição
com o Evangelho de Jesus Cristo, que é disseminado pelos quatro cantos do mundo,
com o propósito de unir as pessoas num só pensamento de riqueza tão somente no
sentimento da valorização dos princípios cristãos e da necessidade do
seguimento da ideologia de não apego às riquezas materiais, mas sim espirituais,
como condição essencial ao caminho celestial.
Há evidência de que a
riqueza e a nobreza artísticas do acervo artístico do Vaticano não são obras surgidas
na contemporaneidade, mas elas se originaram em épocas remotas, possivelmente
na opulência da Igreja Católica, mas, certamente, agora elas poderiam
contribuir para a conscientização da humanidade, no sentido de que a
materialização das obras de opulência não faz parte da igreja inspirada em
harmonia com os princípios e o pensamento de Jesus Cristo, que defendia
exatamente a antítese da ostentação e da nobreza, como forma da conquista
celestial.
Isso vale dizer que a
sonhada modernidade da Igreja Católica exigiria radical transformação no
sentido de seus integrantes, mais especificamente os clérigos, se converterem
ao verdadeiro sentimento defendido pelo Mestre Jesus, de humildade, simplicidade,
pobreza espiritual e amor fraternal, como demonstração definitiva da
valorização dos princípios cristãos.
Com absoluta certeza,
mesmo abstraindo-se a evolução natural da humanidade, pode-se afirmar que a
Igreja Católica atual, à luz dos templos e das igrejas repletos de riquíssimas
obras de artes da fina expressão artística não representa o fiel pensamento que
disseminava o seu mentor, que certamente não imaginaria que, em seu nome seriam
edificadas igrejas simbolizando eras de poder e de autoridade em competição com
os poderes políticos e judiciais existentes em épocas remotas, evidentemente em
clara contraposição aos princípios cristãos de humildade e igualdade entre os
seres humanos. 

A basílica de São Pedro
dá a exata noção de poder que não condiz com a Igreja Católica, à vista do que
deveria representar como o simbolismo do verdadeiro cristianismo, mas ela mostra
a realidade do poder que foi construído ao longo da sua história de competição e
de influência, possivelmente para marcar a sua força e posição no mundo
inteiro, em nítido desvirtuamento do pensamento primordial de seu inspirador
Jesus Cristo, que certamente não viria com bons olhos a riqueza dos afrescos e
das belas imagens esculpidas por gênios das artes sacras.
A basílica sintetiza,
na verdade, um conjunto de lindíssimas e belas obras, de suntuosas e valiosas
representações artísticas, muitas delas ornadas ou acabadas em ouro, que
impressionam por sua opulência e magnificência, contrastando com a extrema
pobreza que impera na face da terra e que guarda mais identidade com o espírito
de humildade defendido por Jesus Cristo, que era totalmente despojado dos
encantos da ostentação e da preciosidade.
Na verdade, as críticas têm a validade de mostrar distorções quanto àquilo
que não mais funciona com eficiência e de apontar rumos para o atingimento de
objetivos, ante os significativos avanços da humanidade, que contribuíram de forma
expressiva para o estreitamento das relações humanas, com o aproveitamento dos
conhecimentos, por circunstâncias naturais da modernidade e da conceituação
sobre a melhor maneira de convivência social.
Causa perplexidade que a Igreja Católica, integrada por clérigos da
maior inteligência e sapiência, conhecedores da religião, da ciência, da
filosofia e demais áreas inerentes ao homem, ainda demostre dificuldade para enxergar
pompa nos ritos religiosos; grandiosidade e luxo nas catedrais e nos templos
religiosos, muitos dos quais recheados de obras de arte valiosas e ornados à
base de ouro; uso de vestimentas ostentosas; burocracia cada vez mais
complicada e inteligível; e extrema dificuldade para discussão de temas
sociais, a exemplo de sexualidade, procriação e outros assuntos próprios do
cotidiano social.
É indiscutível que as obras de arte que representam opulência não
condizem com os princípios, sobretudo, da simplicidade, humildade e pobreza, e
tudo o mais que se enquadre na dimensão de humanidade pregada por Jesus Cristo,
que deu origem ao cristianismo despojado do cerimonial, da pomba, do prestígio,
do poder, da suntuosidade, da incompreensão dos sentimentos humanos e do mais
que restrinja injustificadamente a aproximação do homem pelo sentimento do amor
divino sobre todas as coisas.
Para difundir os princípios e as ideias essenciais do cristianismo, personificados
na paz, na harmonia, no respeito a um único Deus e no amor entre as pessoas,
não precisa senão práticas de simplicidade, generosidade, complacência,
aceitação, igualdade e nada mais que torne menos complexo o acesso aos
ensinamentos das doutrinas e dos princípios cristãos, máxime porque o seu
disseminador primeiro não precisou de nada suntuoso, hermético, dogmático ou
emblemático para arrebanhar discípulos e seguidores.
A evangelização do Mestre Jesus Cristo se baseava em princípios que tinham
por metas a aglutinação de ideais simples e modestas, tendo por finalidade a
convergência de pensamentos para a consolidação da fraternidade e do amor, sem
se cogitar da hierarquização clerical, que evidencia formação de castas dentro
da igreja, servindo de elitização dos rituais religiosos, com o respaldo do
apego ao conservadorismo retrógrado e prejudicial à evolução da doutrina cristã
e à aproximação entre os homens.
Essas críticas são pertinentes à cúpula encastelada da Igreja Católica,
que possivelmente se julga guardiã da verdade absoluta restrita a poucos e resiste
à submissão à realidade dos tempos modernos, que não interfere em nada nos
ensinamentos do Filho de Deus.
Diante disso, o bom senso recomenda que os costumes e as condutas da
humanidade devam ser permanentemente aperfeiçoados e modernizados, em absoluta
consonância com o meio em que as pessoas vivem, fazendo uso e proveito dos
mecanismos e instrumentos da sua época, independentemente das regras e dos
princípios ultrapassados e fora do foco não condizente para onde caminha a
humanidade, qual seja, a busca da satisfação da sua plena felicidade.
É inacreditável como a humanidade se evolui, acompanhando os avanços e
as conquistas da modernidade científica e tecnológica, mas, em sentido
contrário, a Igreja Católica prefere manter-se petrificada sobre e com seus
dogmas, suas bulas e seus mandamentos instituídos em longíssima data, noutros
tempos remotos e bem atrasados.
Por força da evolução da humanidade, os costumes e os procedimentos
inerentes à sociedade devem ser adaptados aos tempos atuais de modernidade, que
certamente foram aprovados por Deus, que, pela sua capacidade de onisciência,
desaprova a imutabilidade da sua Igreja Católica.
Em razão da indiscutível modernidade mundial, tornam-se inconcebível e
até injustificável que a Igreja Católica se mantenha inalterável quanto aos
seus conceitos e sobre questões normais da atualidade que, no passado até
poderiam gerar polêmicas, como celibato sacerdotal, ordenação feminina, aborto,
eutanásia, uso da camisinha, entre outros temas que estão presentes na vida dos
filhos Deus, que receberam a importante missão de bem servir-se mutuamente, sem
imposição de restrição ou de condição senão de que todos devam viver em
comunhão com os sentimentos de bondade, caridade e amor.
Convém
que a Igreja Católica, a par da modernidade do planeta Terra e quiçá do céu –
que domina a santidade dos sábios e dos justos -, se disponha a acompanhar a
evolução que tanto contribuiu para o bem da humanidade e se digne a promover urgentes
e significativas mudanças institucionais, de modo que sejam postas em prática
as sábias e sempre atuais lições do Evangelho de Jesus Cristo, fundamentado nos
princípios da simplicidade, humildade e pureza de alma, na forma e na maneira
que deve ser pautada a sua missão primordial de conduzir as pessoas ao reino de
Deus, em harmonia com os novos tempos e as atuais tecnologias, que são
perfeitamente compatíveis com os conceitos essenciais do cristianismo, tendo em
conta que os avanços e as conquistas da humanidade são fruto da vontade de Deus,
para a produção dos saudáveis benefícios para o homem. Acorda, Vaticano!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 27 de marco de 2015”.
Não há a menor dúvida de que a Igreja Católica, proprietária
de riquíssimo patrimônio cultural e artístico, que se acumula ao
longa da sua existência e que não teria outra importante destinação ou
serventia para ele, salvo para mera ostentação material, em detrimento do
autêntico espírito de confraternização, deve realmente reconhecer que ele pode
perfeitamente ficar à disposição e ao serviço dos pobres.
Trata-se de gesto estritamente humanitário, com
inspiração no Evangelho de Jesus Cristo, de satisfação das necessidades
primárias dos pobres, porque essa maneira generosa e fraterna se harmoniza com
o pensamento de humanização, solidariedade e fraternidade próprio dos princípios
cristãos.
Ao longo da história da Igreja Católica, apenas
prevaleceu o sentimento da ajuda, à base da fraternidade, com o resultado do que era recolhido da
sociedade, sendo a primeira vez que a autoridade máxima dela se propõe a imaginar
ideia diferente e sensata, no sentido de que os próprios bens da instituição possam servir e contribuir
para amenizar o sofrimento dos pobres, em gesto papal que merece incondicional
apoio do mundo católico, haja vista que ela se enquadra no verdadeiro espírito
de solidariedade que realmente precisa ser transformado em efetividade.
Brasil:
apenas o ame!
Brasília,
em 30 de novembro de 2018