Depois
de brilhante trabalho executado à frente da Operação Lava-Jato, principalmente
com a condenação à prisão de mais 140 criminosos de colarinho branco, entre
elas a do ex-presidente da República petista, importantes políticos,
ex-executivos, empreiteiros e outros inescrupulosos aproveitadores do dinheiro
público, no período de pouco mais de quatro anos, o juiz que ganhou destaque e
fama além fronteira, merecendo o devido respeito pelas pessoas de bem, acaba de
aceitar o honroso convite para ocupar a importante pasta da Justiça, no governo
recém-eleito, onde pretende continuar com o implacável combate à corrupção e à
impunidade.
Extreme
de dúvidas, a sua principal condenação ficou por conta da prisão do maior
político brasileiro, pela prática dos crimes de corrupção passiva e lavagem de
dinheiro, em especial porque essa medida teve o condão de tirá-lo, em
definitivo, do processo sucessório à Presidência da República, recém-encerrado,
mas o conjunto do seu trabalho o qualifica, com todos os méritos, para comandar
um dos ministérios de maior complexidade e importância da República.
Embora
o juiz da Lava-Jato tenha decidido aceitar o convite para dirigir o grandioso Ministério
da Justiça, ele teria manifestado o desejo de ocupar o cargo de ministro do
Supremo Tribunal Federal, por estar muito mais em sintonia com a sua área de
magistrado, sob a expectativa da abertura da próxima vaga, a ser aberta ainda no
início de 2020, com a aposentadoria compulsória do ministro decano da Casa, que
completará 75 anos e terá que se aposentar.
Depois de
avaliar os prós e os contras, o juiz concluiu que uma coisa não descartava a
outra e ponderou, em entrevista à ISTOÉ: “O
Ministério da Justiça poderá ser o caminho para chegar ao STF”.
Como se
diz no jargão jurídico, o martelo somente foi batido depois de duas horas de conversas
na casa do presidente eleito, onde o juiz teria exposto a sua pretensão de
integrar o corpo ministerial do Supremo, mas terminou prevalecendo o atual
convite para o Ministério da Justiça.
O juiz
declarou que a conversa com o presidente eleito foi entremeada com o misto de
tristeza e alegria, tendo lamentado pelo fato de ser obrigado a deixar a
Justiça Federal, depois de 22 anos de profícuas atividades jurídicas, mas afirmou
que estaria envaidecido por poder continuar a exercer o que gosta na nova
função também ligada à importante missão de combate à corrupção e à impunidade.
O juiz
disse que “A perspectiva de implementar
uma forte agenda anticorrupção e anticrime organizado, com respeito à
Constituição, levaram-me a tomar esta decisão. Ela consolida os avanços contra
o crime e a corrupção dos últimos anos e afasta riscos de retrocessos por um
bem maior.”.
Ele ainda
fez outra declaração à ISTOÉ, de que “Aceitei
o convite porque, apesar de todos os esforços feitos pela Lava Jato a corrupção
ainda não acabou. Precisamos aprimorar dispositivos que reduzam ainda mais essa
prática lamentável”.
No
período de quatro anos dirigindo a Operação Lava-Jato, o trabalho do juiz é
simplesmente notável, tendo proferido 215 condenações, contra 140 pessoas, mas
ele declarou que já teria se afastado dos processos que vinha examinando, cabendo
ao seu substituto proferir as sentenças sobre os casos em tramitação na
Lava-Jato.
Não
encontrando argumentos plausíveis, os detratores do magistrado vêm o acusando
de ter atuado com o sentimento de perseguição política contra os casos
pertinentes ao PT, mas, ao contrário disso, o juiz tem procurado mostrar que as
suas condenações e decisões estão fundamentadas, na essência, nos princípios
jurídicos, na Constituição Federal, no Código Penal e, enfim, na legislação
aplicável à espécie, não havendo a menor possibilidade de haver qualquer forma
de perseguição ou injustiça na sua atuação de magistrado responsável pelos
processos da Lava-Jato, na primeira instância, mesmo porque há o Tribunal
revisor, que tem praticamente, com diminutas exceções, placitado as suas
sentenças, o que demonstra o acerto de seus veredictos, o que afasta qualquer
suspeita sobre a legitimidade sobre eles.
No curso
de seu exemplar e majestoso trabalho à frente da Lava-Jato, o futuro ministro
da Justiça já foi alvo de muitas honrarias, em reconhecimento e homenagem ao
seu profícuo e valoroso desempenho de julgar os casos de corrupção, tendo
demonstrado ímpar eficiência nos seus veredictos, cujas sentenças são quase
sempre confirmadas exatamente nos termos como proferidas, em sintonia com os
princípios constitucionais e o ordenamento jurídico pátrio, mostrando ainda que
a Justiça, querendo, funciona com efetividade, competência e agilidade, cujo
trabalho serve de excelente lição pedagógica para o restante do Poder
Judiciário, que normalmente funciona em impressionante lerdeza, quase parando,
em indiscutível desserviço ao interesse público.
É muito
importante que o juiz preserve, na sua nova missão, em altíssimo nível a sua
credibilidade perante a opinião pública, que foi conquistada graças às suas
competência, coragem e inteligência, tendo transformado a Operação Lava-Jato em
símbolo maior do combate à corrupção e à impunidade, fazendo com que ele se
tornasse o servidor público mais valorizado e respeitado do Brasil,
principalmente por ter conseguido pôr na prisão o homem público, embora extremamente
poderoso, em termos políticos, o mais desmoralizado do país, exatamente porque
ele teria a obrigação de dá bons exemplos de dignidade, probidade e
honorabilidade, mas a sua condição de prisioneiro o iguala aos demais
condenados, com o demérito de se encontrar preso por ter se beneficiar de
dinheiro sujo, fruto de propina, conforme atestado pela Justiça.
Os
brasileiros, sentindo-se privilegiados com a escolha de homem digno e capaz
para dirigir um dos principais ministérios da nova era de moralização do Brasil,
concitam que o juiz da Operação Lava-Jato, como assim vai ficar conhecido pelo
resto da vida, continue com a sua inquebrantável disposição para defender os
processos capazes de contribuir para a intensificação dos mecanismos tendentes
à limpeza ética e moral da administração pública, de modo que o seu trabalho de
amor à causa pública seja sempre lembrado e enaltecido por gerações, em
legítimo reconhecimento ao seu sacrifício pelos melhores valores cívicos e patrióticos,
que há de permanecer ad eaternum nos
corações dos brasileiros. Acorda, Brasil!
Brasília,
em 2 de novembro de 2018
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