quarta-feira, 28 de novembro de 2018

Ao povo incumbe a moralização


Outro dia, escrevi crônica enfatizando a magnífica economia de gastos da campanha vitoriosa do presidente da República eleito, que mostra extrema sensibilidade e responsabilidade quanto à gestão de recursos disponibilizados para os compromissos inerentes à aludida finalidade.
Não se tem notícia de tamanha proeza, pelo ineditismo de se gastar tão pouco, em que candidato à Presidência da República tivesse gasto o irrisório valor de R$ 2,4 milhões, compreendendo pessoal, publicidade, incluído marqueteiro, passagens, transportes etc., tudo superdimensionado para a superação das campanhas milionárias do adversário.
A campanha do presidente eleito teria arrecadado pouco mais do valor de R$ 4 milhões, já incluída a insignificante quantia de R$ 113,6 mil, proveniente do Fundo Partidário, ou seja, recurso público, que nem foi preciso gastar, diante da contabilização do saldo de campanha, no valor de R$ 1,565 milhão.
 Os referidos valores referentes à campanha do candidato vencedor parecem até brincadeira de amador, se comparado aos gastos esbanjados na reeleição da candidata petista, em 2014, que teria sido do expressivo valor de R$ 350,2 milhões, embora o ex-ministro da Casa Civil do governo dela garantiu, em delação premiada à Justiça, que o valor real da campanha da petista atingiu a cifra recorde de R$ 800 milhões, com a contabilização, por fora, de dinheiro oriundo de caixa 2, evidentemente oriundo de propinas.
Também é preciso se avaliar que os gastos de campanha podem e devem servir de parâmetro para se aquilatar o grau de responsabilidade pública dos candidatos, no que tange aos princípios de eficiência e eficácia, em termos de economicidade, porque isso também reflete na gestão dos recursos, em grau máximo da execução dos recursos orçamentários, quanto às priorizações a serem estabelecidas na implementação de políticas públicas, obviamente já no exercício do cargo.
Se os brasileiros se preocupassem com a avaliação sobre a simplicidade das campanhas eleitorais e principalmente sobre a modicidade dos dispêndios efetivados nelas, certamente que os candidatos se envergonhariam de esbanjar recursos públicos e procurariam valorizar muito mais a disseminação de seus programas de governo, como forma de mostrar, em termos de racionalidade, que a sua importância política se mede muito mais pela capacidade de trabalhar e solucionar os problemas sob a sua incumbência ou responsabilidade, em menosprezo às exageradas e milionárias campanhas, muita vazias de conteúdo e objetividade, como foi observado na última disputa eleitoral.
 Não há a menor dúvida de que é preocupante se perceber que muitos candidatos a cargos públicos não estão nem aí para a economia que é preciso ter com o dinheiro do contribuinte, porque isso evidencia a falta de sentimento, escrúpulo e sensibilidade cívicas para com a coisa pública.
Diante de terrível constatação de desperdício de recursos públicos, infelizmente ainda há brasileiros que acham normal essa forma cristalina de esculhambação com o dinheiro do contribuinte, apesar da gigantesca escassez de verbas para a execução de serviços imprescindíveis e essenciais à satisfação do bem comum.
A par desse disparate sobre os gastos de campanha eleitoral, o ilustre professor Xavier Fernandes se expressou com a sapiência que lhe é peculiar, nos seguintes termos: “Aí está o verdadeiro retrato e caráter dos partidos políticos que pleitearam a recente campanha. Nitidamente se ver os aloprados e os que têm equilíbrio. Com certeza, reflete, pois, o quadro que revelou toda crise dos últimos pleitos, desaguando em tudo que estamos assistindo, se fazendo os diabos para se ganhar uma eleição: qualquer armação seria válida. Contudo, os tempos andam mudando. A força da comunicação independente se manifestou espontaneamente através das redes sociais e quase nada passa despercebido: o mundo é outro. O que foi feito de certo ou errado tem o conhecimento da opinião pública, com direitos a críticas. As denúncias e também elogios, se for o caso. Portanto, estão aí a verdade e a realidade dos acontecimentos. Essa campanha vai ficar para a história como uma reviravolta dos antigos e superados maus costumes de que os que ganhavam eram os partidos com mais recursos de colaboradores e patrocinadores do caixa 2 e outros arrumadinhos escabrosos. Daqui para frente, com a presença constante do povo fiscalizando todo esse processo, será diferente, aliás. Como já foi, o Brasil mudou e vai avançar mais ainda com novos rumos e novos costumes, que automaticamente entraram para o consumo do povo brasileiro. Parabenizo aqui o nosso professor Adalmir Fernandes, pela aula de conhecimento no assunto que brilhantemente nos presenteia com muita eficiência e competência. OBRIGADO.”.
Em resposta à aludida manifestação, eu disse que a sua sensata e precisa mensagem diz exatamente o tamanho da promiscuidade não somente de muitos homens públicos, mas especialmente do povo, despreparada e desinformado politicamente, que, em última análise, é realmente quem se digna a elegê-los sem, mesmo sem as mínimas qualidades políticas exigidas para o exercício de importantes cargos públicos, tendo inclusive, em muitos casos, a incumbência da gestão de recursos arrecadados dos contribuintes.
Na ocasião, lembrei que, certa feita, fui execrado por alguns internautas esquerdistas, depois de ter dito que o povo tinha enorme parcela de contribuição e de culpa por essa horrorosa situação político-eleitoral, por apoiar, com o seu voto, possivelmente por desinformação sobre os fatos, políticos corruptos e aproveitadores do poder para se beneficiarem de suas influências, em detrimento da essencialidade das causas públicas.
Finalmente, é preciso se reconhecer que o modelo de gerenciamento dos gastos de campanha, adotado pelo candidato vencedor, precisa ser amplamente assimilado pelos homens públicos, diante do efetivo exemplo de extraordinária economia de recursos, que é digno de servir de parâmetro nas futuras eleições.
Por seu turno, concito o presidente eleito que, com inspiração nessa magnânima atitude pedagógica e modelar com os gastos de campanha, tenha a devida preocupação de mirar cuidadosamente, nos mínimos detalhes, em todos os atos administrativos implementados pelos últimos governos, exatamente para que eles sejam executados diametralmente ao contrário, tendo, com isso, a absoluta certeza de que o seu governo será plenamente exitoso e digno dos maiores encômios dos brasileiros honrados, que estão ansiosos pelo progresso do Brasil e do seu povo.   
Agora, não me fujo à responsabilidade e à realidade dos fatos, para reafirmar a minha opinião, no sentido de que os péssimos homens públicos precisam ser eliminados das atividades políticas, em benefício exatamente do povo, que termina sendo prejudicado por políticos demagogos e hipócritas, que, sem nenhum escrúpulo, somente pensam em seus projetos políticos, sem a menor preocupação com os relevantes interesses nacionais e muito menos do povo.
Em síntese, os brasileiros precisam se conscientizar de que dependem exclusivamente deles a moralização e o aperfeiçoamento da administração do país, a começar pela melhor escolha de seus representantes políticos, com embargo das preferências por políticos populistas e hipócritas, porque são exatamente esses péssimos homens públicos responsáveis pela desgraça disseminada nas atividades políticas, justamente porque seus interesses estão visivelmente além das causas próprias e adequadas à satisfação do bem comum.
Brasil: apenas o ame!
Brasília, em 28 de novembro de 2018

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