domingo, 26 de maio de 2019

À espera da revolução no ensino


Ao participarem com o ministro da Educação, em encontro com 30 educadores que venceram o Prêmio Professores do Brasil, ao menos quatro deles levantaram livros do educador e filósofo Paulo Freire, no momento da foto com aquela autoridade, dando a entender que eles defendem, na atualidade, o ensino com base no método criado pelo célebre educador pernambucano.  
Certamente que os professores quiseram chamar a tenção da opinião pública sobre a importância de Freire para a educação, diante das críticas que são feitas pelo presidente da República ao método criado pelo ex-professor pernambucano, que atribui os baixos índices de avaliação da educação do país ao método desenvolvido pelo educador nordestino.
Questionado  sobre o método Paulo Freire, o ministro da Educação disse, a par de questionar a metodologia de que se trata, que "Eu não quero acabar com nada. Simplesmente. Pode levantar (o livro de) Paulo Freire, eu aceito a opinião contraditória. (...) Agora, o que acontece? Do mesmo jeito que ela tem direito de falar 'viva o Paulo Freire', eu tenho o direito de falar 'olha, o único lugar do mundo que segue Paulo Freire é o Brasil. Que eu saiba, não tem nenhum outro país que fale 'Paulo Freire é maravilhoso'. Quando você tem uma pesquisa científica, um resultado que é bom, um antibiótico, aspirina, um avião, todo mundo imita, todo mundo copia. E ninguém quis copiar o Paulo Freire. E os nossos resultados são ruins. Só isso. Agora, se isso é sacrossanto e não pode ser dito, podem atirar pedra, não tem problema".
A propósito, o método Paulo Freire foi desenvolvido no início da década de 60, no Nordeste, onde havia expressiva quantidade de trabalhadores rurais analfabetos e sem acesso à escola, que consistia em contingente de pessoas consideradas afastadas da participação social.
O método se destinava à alfabetização de adultos, mediante a prática de três etapas básicas, a saber: a) investigação: aluno e professor buscam, no universo vocabular do aluno e da sociedade em que ele vive, as palavras e temas centrais de sua biografia; b) tematização: alunos e professores codificam e decodificam esses temas, buscando o seu significado social, tomando assim consciência do mundo vivido; c) problematização: aluno e professor buscam superar a primeira visão mágica por uma visão crítica do mundo, partindo para a transformação do contexto vivido.
Na atualidade, muito tem se falado sobre o método em comento, em que pese o mundo ter passado por tremenda evolução e até revolução nas áreas da Ciência e da Tecnologia, principalmente no seio da educação, o que se imaginava que o Brasil tivesse o mínimo de capacidade para apresentar ao mundo novos métodos de aprendizagem e de educação, com vistas à modernização e à melhor qualificação do ensino, como forma de se buscar celeremente o desenvolvimento na educação, que tem sido perseguida nas nações evoluídas, diante da sua valiosa importância para o progresso do conhecimento humano.
O Brasil precisa, com urgência, se distanciar da rabeira dos países supersubdesenvolvidos, completamente fora da contextualização brasileira, diante de suas potencialidades de país de economia, cultura e socialmente muito além de outras nações sem nenhuma expressão, comparativamente a esses quesitos, evidentemente sem menosprezo a nenhum deles.
À toda evidência, o Brasil não merece ficar situado nessa triste realidade de uma das piores nações, em termos de ensino e educação, graças, também, por óbvio, à lamentável discussão quanto à validade ou não, na atualidade, de método que até pode ter sido revolucionário, há quase sessenta anos, quando o mundo ainda se engatinhava na escuridão e no breu dos avançados métodos de ensino atuais, com o emprego da estonteante modernidade tecnológica, com a fantástica e gigantesca contribuição da internet, da informática e de tantos instrumentos riquíssimos de recursos para a criação de métodos de ensino, inclusive alfabetização, compatíveis com a modernidade dos novos tempos.
É bastante lamentável que os professores ainda insistam em defender, na modernidade, a validade de método de ensino que era magnífico em priscas eras, em país absolutamente pobre e carente de qualquer método que pudesse contribuir para tirar parcela dos brasileiros das trevas do saber e isso apenas faz parte do passado, com o devido respeito a essas pessoas, porque cada uma tem direito de pensa como bem lhe prouver, ante a importância do sentimento de democracia que impera no país.
É preciso que os professores e as autoridades incumbidas da educação se conscientizem sobre a urgente implantação de método de alfabetização e de ensino em geral com base em metodologias revolucionárias normalmente em prática nos países que oferecem a melhor educação no mundo, tendo por base as experimentações aprovadas por meio de recursos informatizados e validados, em termos de eficiência e efetividade.
 É indiscutível que a lastimável penúria da educação brasileira é fruto do descaso e da falta de prioridade para as políticas educacionais, diante do arcaísmo de seus métodos ou até mesmo da inexistência de metodologias modernas compatíveis com os avanços da humanidade.
O certo é que o Brasil gasta muitíssimo com educação, mas os resultados nessa área são extremamente pífios e sofríveis, justamente porque não existe o mínimo interesse dos governantes na reformulação do ensino em todos os níveis, quer por falta de absoluta competência ou até mesmo pelo extremo conformismo com a preocupante precariedade, que é notória desde longa data e não tem ninguém interessado em mudar esse horrorosa e melancólica realidade somente comparável às piores republiquetas, que preferem a manutenção da burrice de seu povo, em que pesem montanhas de recursos jogados fora, pelos ralos da educação, no caso do Brasil.
Não passa de brutal ignorância se pretender atribuir a decadência da educação, a qualquer método, inclusive ao do memorável professor Paulo Freire, mas sim a um conjunto de fatores que se encerram em descaso e principalmente à magistral falta de prioridade na reformulação do ensino e da educação.
A insistência, por alguns educadores, do emprego do método Paulo Freire, em pleno século XXI, quando o homem já até conquistou o espaço sideral, riscando o universo com máquinas revolucionárias, não passa de falta de imaginação crítica e extremo conformismo com a incapacidade de se criar método compatível com novos tempos de modernidade e novas tecnologias, em benefício da formação de gerações inteligentes adequadas à realidade atual.
Ou seja, é preciso sim se valorizar o método Paulo Freire, que foi de extrema valia para a sua época e até tempos depois, mas não se pode desprezar a nova filosofia de educação coerente com a modernidade, tendo por base as novas metodologias de ensino em voga no mundo moderno, mediante a criação de instrumentos adaptáveis à realidade atual, em plena era dos avanços tecnológicos.
Se realmente é verdade o que disse o ministro, de que, verbis: (...) 'olha, o único lugar do mundo que segue Paulo Freire é o Brasil. Que eu saiba, não tem nenhum outro país que fale 'Paulo Freire é maravilhoso'. (...) E ninguém quis copiar o Paulo Freire. E os nossos resultados são ruins. Só isso. (...) Agora, se isso é sacrossanto e não pode ser dito, podem atirar pedra, não tem problema", há realmente algo muito errado e inaceitável com a educação brasileira, diante da sua sofrível e incômoda posição no contexto mundial, em termos de avaliação de qualidade, em que o Brasil sempre e há muito tempo figura nos últimos lugares, demonstrando visível atraso, desconforto e descompasso com relação aos avanços desejáveis nessa área tão importante do conhecimento, ensejando urgentes reformulações, até mesmo para se evitar que o pior se potencialize ainda mais, a curto prazo, diante da notória evolução experimentada no resto do mundo.   
Em se tratando do mundo em constante e permanente evolução, em especial nas áreas científica e tecnológica, o Brasil não pode se dá ao luxo de permanecer deitado eternamente, em berço esplêndido, à espera de milagre na educação ou ainda que se opere o quanto pior, melhor para a burrice do povo, se os brasileiros não exigirem dos governantes providências mais do que urgentes nas políticas educacionais, como forma de priorização de novas metodologias, porque, a permanecer a caótica situação atual, por certo, a tendência é aumentar cada vez mais o fosso entre o gigantesco atraso do conhecimento e a modernidade do saber, com as suas novas e modernas metodologias de educação.
Diante da premente necessidade de mudanças radicais, estruturais e conjunturais da educação, convém que o governo se conscientize sobre a imperiosa conveniência da priorização das políticas voltadas para essa área estratégica da nação, de modo a se decidir pela imediata reformulação do sistema pertinente, que deve ser estudado por comissão própria e especial, composta por notáveis da educação, que necessariamente deve ter por base os melhores métodos de ensino dos países evoluídos, que se situam no topo das avaliações realizadas por entidades internacionais especializadas, como forma de modernização, aperfeiçoamento e adequação das aludidas políticas à realidade dos novos tempos e à importância que o Brasil precisa, enfim, dá à educação de primeira qualidade, como fazem normalmente os países evoluídos.
Brasil: apenas o ame!
Brasília, em 26 de maio de 2019

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