O
ministro da Saúde afirmou que o brasileiro não sabe se o escuta ou o presidente
da República, tendo alertado a população no sentido de que os meses de maio e
junho deverão ser os mais duros, com relação à questão do combate à pandemia do
coronavírus.
Na opinião do ministro, o ideal é que, ao invés da divergência de orientação,
convém que haja alinhamento de discurso do governo, para se evitar a "dubiedade".
O
ministro disse que "Quando você vê as pessoas entrando em padaria, em
supermercado, grudadas, isso é claramente uma coisa equivocada. Eu espero uma
fala única, uma fala unificada. Porque isso leva o brasileiro a uma dubiedade.
Ele não sabe se escuta o ministro, o presidente, quem ele escuta".
O
ministro suspeita, pela avaliação de técnicos do ministério, que os meses de maio
e junho serão os mais duros no combate ao coronavírus, onde poderão haver
muitas críticas ao trabalho do órgão.
Ele
disse que “Os técnicos do ministério trabalham com a hipótese de que o pico
do surto seja atingido entre o fim de abril e início de maio. No entanto, a
pasta esclarece que isso não significa que, após esse período, vai se seguir
uma queda nos índices de casos registrados e óbitos.”.
O
ministro da saúde deixou claro, por acreditar nessa hipótese, que “a
tendência é que esse período de alta transmissão da doença se mantenha na
sequência por até dez semanas, provocando uma grande pressão sobre o sistema de
saúde.”.
O
ministro foi incisivo na defesa das políticas de isolamento social colocadas em
prática no âmbito da população, como única hipótese de se evitar a propagação descontrolada
do vírus, tendo sentenciado: "Quem vai escrever essa história é o
comportamento da sociedade".
É
evidente que o ministro da saúde, em situação absolutamente normal, jamais seria
maluco para agir com tanta contundência, dizendo, indiretamente, mas com muita
clareza, que ele age corretamente, conforme manda o figurino da ciência,
procurando trabalhar em defesa do povo, enquanto o presidente do país, ao
contrário, quer que a população se exploda, quando pensa na implantação do
isolamento vertical, protegendo apenas os idosos e as pessoas possuidoras de
comorbidades.
Em
outras palavras e indo mais direto à fonte dos desejos, o ministro vem agindo
com a nítida intenção de que o presidente brasileiro perca a paciência para com
ele e o exonere, sob a alegação de falta de sintonia entre os dois e isso seria
interpretado como brutal intolerância presidencial, que consegue, em passe de
mágica, que o ministro se torne vítima da incompetência governamental e seu
prestígio político alcance o maior nível possível, em termos nacionais.
Na
verdade, o presidente e o ministro disputam ferrenha guerra fria em meio ao
enfrentamento da covid-19, onde um defende, sem apresentar senão apenas verborragia,
sem qualquer base científica, o isolamento social vertical, voltado apenas para
a proteção de idosos e grupos de risco da doença, enquanto o outro, com base em
argumentos oriundos da Organização Mundial de Saúde, entende que é preciso o
distanciamento social mais amplo, por meio do confinamento das pessoas.
Realmente,
em que pese a nítida divergência de pensamentos entre a insensatez, neste caso,
do presidente brasileiro e a responsabilidade do ministro da Saúde, não há a
menor dúvida de que a população vem procurando, em grande parcela, fazer o salutar
dever de casa, quando a maioria absoluta quer fugir, a todo custo, do
coronavírus, no isolamento recomendado, que é a maneira mais sensata e segura para
se evitar a exposição à própria sorte e correr o sério risco de ser contaminada.
Nesse
ponto, por questão de hierarquia administrativa, não é de bom tom o ministro
ficar reclamando e choramingando por que o presidente pensa contrariamente do
órgão que ele dirige, porque compete a ele, em princípio, pela obrigação de conhecer
os meandros da questão, executar as políticas agudas sobre saúde pública, da
melhor maneira possível, mostrando à população o que precisa ser feito para combater
o coronavírus.
Ou
seja, o ministro precisa mostrar resultados, independentemente do que diz e faz
a sociedade, inclusive o mandatário brasileiro, que já demonstrou que essa área
também não é do seu conhecimento, e a população, que já mostrou que é
inteligente e sabe muito bem que precisa seguir a orientação preconizada pelo
órgão competente da saúde, com absoluta fidelidade, sob pena de pagar por sua
ignorância ou teimosia, por ter preferido ouvir o canto da sereia, porque, de
armadilhas, o povo está saturado.
Não
faz o menor sentido essa postura do ministro de enfrentamento público ao
presidente do país, por haver clara demonstração de perda de tempo e inútil
choradeira por nada, fato que apenas contribui para aumentar o distanciamento
entre ambos e mostrar que dois bicudos não se beijam e não é por esse caminho que
a saúde pública brasileira será salva, visto que ela precisa de quem tenha competência
e capacidade para trabalhar, com muito empenho, em prol dos brasileiros, mediante
a execução dos melhores programas para o combate do famigerado coronavírus.
Ou
seja, embora seja razoável que assim fosse nos governos sérios e responsáveis –
existência de competência -, não é da incumbência de ministro cobrar "fala
única", ou coerência ou cousa que o valha sobre as estratégias de
enfrentamento ao novo coronavírus, porque isso poderia contribuir para evitar confundir
a população menos esclarecida, que pode não entender que a autoridade de saúde
pública do governo, que tem competência privativa para dá orientação à população,
é somente o Ministério da Saúde.
À
toda evidência, tendo em vista os resultados das medidas já implementadas e
colocadas em execução, as estapafúrdias opiniões e atitudes contrárias a elas em
nada, absolutamente, foram afetadas e nem mesmo tiveram a mínima mudança de
rumo, fato este que bem demonstra que não passam de perda de tempo alguém falar
o que bem quiser, sobre qualquer assunto, inclusive sobre o coronavírus, ou
tentar inútil e inconsequente enfrentamento, posto que o Covid-19 consegue avançar
em terreno fértil, sem o menor embaraço, onde reinam a incompetência, a
desatenção e o descontrole.
Brasília,
em 13 de abril de 2020
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