Um
padre italiano, de 72 anos, morreu em
Bergamo, no norte da Itália, depois de ter se recusado a ser colocado em um
respirador que seus paroquianos haviam comprado para ele.
O
religioso resolveu que um paciente mais novo do que ele deveria usar o equipamento
e foi exatamente o que aconteceu, fato este que resultou na morte dele.
Em
que pese o padre ter falecido em Bergamo, ele era o vigário de igreja da cidade
próxima, de nome Casnigo.
Como
sempre acontece nesses casos, o corpo do cônego foi enterrado sem velório, mas os
moradores de Casnigo o aplaudiram de suas janelas, ao saberem da morte dele,
que era muito querido na região.
Segundo
a imprensa, ao menos 70 padres já morreram na Itália, em razão de terem sido
acometidos pelo terrível Covid-19, cuja doença foi largamente disseminada naquele
país, onde já morreram mais de onze mil pessoas, sendo o país que lidera os
números de óbitos, no mundo.
O
papa liderou oração pelos médicos e padres que morreram por causa da doença, em
ato religioso, em cuja ocasião o papa fez agradecimento a esses profissionais,
afirmando, verbis: “pelo seu exemplo heroico ao servir aqueles que estão
doentes”.
A
Itália é o país mais atingido pela pandemia, já tendo contabilizado mais de onze
mil mortos, até o momento.
A
Europa é considerada agora o epicentro da grave crise causada pelo coronavírus
e a Itália é o país mais atingido pela pandemia, cujo número diário de mortes
tem a média de 600 pessoas, quantidade considerada alarmante, por dá a
impressão de que o vírus saiu do controle dos órgãos de saúde pública, à vista
da enorme incidência de contaminação, em torno de cem mil pessoas.
Convém
se ressaltar o gesto de sublime altruísmo do religioso, que, em momento
decisivo e muito importante da sua vida, resolveu optar pela tentativa de salvação
de seu semelhante, certamente imaginando que a sua vida já estivesse por um fio,
com o que preferiu abdicar do aparelho destinado a ele, mesmo sabendo que isso
o levaria à morte.
Não
há a menor dúvida de que, no momento derradeiro da sua vida, o padre tenha
enxergado e interpretado a essência do Evangelho de Jesus Cristo, que tem por princípio
a pregação do amor ao próximo como a si mesmo e foi precisamente o que o religioso
fez, abrindo mão do respirador para possibilitar a salvação de outra pessoa,
embora o aparelho tenha sido doação da comunidade para o uso exclusivamente dele.
É
preciso que seja reconhecido que a atitude do padre se torna ainda mais nobre,
como maneira especial de demonstrar amor ao seu próximo, notadamente em razão
de ele saber e tinha certeza de que a sua opção equivalia a decretação da
própria morte, considerando que o aparelho de respiração o ajudaria à possível superação
da insuficiência de ar nos pulmões, que já estavam debilitados e somente
funcionariam com a ajuda artificial, por meio de aparelho.
À
toda evidência, pelo menos no momento derradeiro da sua vida, o religioso se
houve como autêntico santo, pela materialização de atitude própria dos
escolhidos por Deus como pessoa abençoada com os dons divinos, em especial
porque não é comum que alguém decida, sem vacilar, pela salvação do seu
próximo, quando haveria alguma esperança sobre a superação dos obstáculos e
salvação da própria vida, como foi o caso desse padre muito generoso.
Em
que pesem as tragédias causadas pelo poderoso e impiedoso coronavírus,
vislumbram sobre os escombros dessa horrorosa tragédia gestos de bastantes esperança,
solidariedade e amor cristãos, onde um padre consegue protagonizar ação própria
dos verdadeiros santos, diante da possibilidade de conceder a vida a pessoa que
se encontra igualmente batalhando, como ele, contra a desgraça disseminada por
esse vírus desumano e severamente letal.
Brasília,
em 1* de abril de 2020
Nenhum comentário:
Postar um comentário