quarta-feira, 1 de abril de 2020

O padre de Deus


Um  padre italiano, de 72 anos, morreu em Bergamo, no norte da Itália, depois de ter se recusado a ser colocado em um respirador que seus paroquianos haviam comprado para ele.
O religioso resolveu que um paciente mais novo do que ele deveria usar o equipamento e foi exatamente o que aconteceu, fato este que resultou na morte dele.
Em que pese o padre ter falecido em Bergamo, ele era o vigário de igreja da cidade próxima, de nome Casnigo.
Como sempre acontece nesses casos, o corpo do cônego foi enterrado sem velório, mas os moradores de Casnigo o aplaudiram de suas janelas, ao saberem da morte dele, que era muito querido na região.
Segundo a imprensa, ao menos 70 padres já morreram na Itália, em razão de terem sido acometidos pelo terrível Covid-19, cuja doença foi largamente disseminada naquele país, onde já morreram mais de onze mil pessoas, sendo o país que lidera os números de óbitos, no mundo.
O papa liderou oração pelos médicos e padres que morreram por causa da doença, em ato religioso, em cuja ocasião o papa fez agradecimento a esses profissionais, afirmando, verbis: “pelo seu exemplo heroico ao servir aqueles que estão doentes”.
A Itália é o país mais atingido pela pandemia, já tendo contabilizado mais de onze mil mortos, até o momento.
A Europa é considerada agora o epicentro da grave crise causada pelo coronavírus e a Itália é o país mais atingido pela pandemia, cujo número diário de mortes tem a média de 600 pessoas, quantidade considerada alarmante, por dá a impressão de que o vírus saiu do controle dos órgãos de saúde pública, à vista da enorme incidência de contaminação, em torno de cem mil pessoas.
Convém se ressaltar o gesto de sublime altruísmo do religioso, que, em momento decisivo e muito importante da sua vida, resolveu optar pela tentativa de salvação de seu semelhante, certamente imaginando que a sua vida já estivesse por um fio, com o que preferiu abdicar do aparelho destinado a ele, mesmo sabendo que isso o levaria à morte.
Não há a menor dúvida de que, no momento derradeiro da sua vida, o padre tenha enxergado e interpretado a essência do Evangelho de Jesus Cristo, que tem por princípio a pregação do amor ao próximo como a si mesmo e foi precisamente o que o religioso fez, abrindo mão do respirador para possibilitar a salvação de outra pessoa, embora o aparelho tenha sido doação da comunidade para o uso exclusivamente dele.
É preciso que seja reconhecido que a atitude do padre se torna ainda mais nobre, como maneira especial de demonstrar amor ao seu próximo, notadamente em razão de ele saber e tinha certeza de que a sua opção equivalia a decretação da própria morte, considerando que o aparelho de respiração o ajudaria à possível superação da insuficiência de ar nos pulmões, que já estavam debilitados e somente funcionariam com a ajuda artificial, por meio de aparelho.
À toda evidência, pelo menos no momento derradeiro da sua vida, o religioso se houve como autêntico santo, pela materialização de atitude própria dos escolhidos por Deus como pessoa abençoada com os dons divinos, em especial porque não é comum que alguém decida, sem vacilar, pela salvação do seu próximo, quando haveria alguma esperança sobre a superação dos obstáculos e salvação da própria vida, como foi o caso desse padre muito generoso.
Em que pesem as tragédias causadas pelo poderoso e impiedoso coronavírus, vislumbram sobre os escombros dessa horrorosa tragédia gestos de bastantes esperança, solidariedade e amor cristãos, onde um padre consegue protagonizar ação própria dos verdadeiros santos, diante da possibilidade de conceder a vida a pessoa que se encontra igualmente batalhando, como ele, contra a desgraça disseminada por esse vírus desumano e severamente letal.
          Brasília, em 1* de abril de 2020

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