quinta-feira, 9 de abril de 2020

Por que não experiência brasileira?

O Datafolha publica, no jornal Folha de S.Paulo, pesquisa versando acerca de questionamento à população relacionado com as medidas de isolamento impostas pelas autoridades governamentais, com vistas à contenção, o máximo possível, do coronavírus.
De acordo com o aludido levantamento, ”76% dos brasileiros acreditam que o mais importante neste momento é deixar as pessoas em casa, 18% querem acabar com o isolamento, e 6% não sabem.”.
Independentemente de pesquisa sobre o assunto do momento, envolvendo o poderoso Covid-19, a população decidiu, mansamente, apoiar o isolamento obsequioso de ficar em casa, graças, certamente, ao enorme temor ao Covid-19 em si, mas também diante da falta de equipamentos e instrumentos hospitalares, notadamente no que consiste em respiradores, UTIs, leitos, medicamentos e principalmente equipes de profissionais médico-hospitalares suficientes ao satisfatório atendimento das crescentes demandas causadas pela contaminação, que mostram o colapso existente nos hospitais ou a iminência dele, que são insuficientes para fazer face à voracidade decorrente do devastador coronavírus.
A propósito, o ministro da Saúde disse, hoje, que o Brasil ainda não está preparado para enfrentar o pique da demanda causada pelo coronavírus, o que demonstra que ele reconhece a urgência em se correr contra o tempo, enquanto os efeitos do Covid-19 na população se encontram em comportamento civilizado, ainda em condições do atendimento normal dos casos, sem maiores atropelos, em níveis suportáveis e compatíveis com o material necessário.
À toda evidência, já era, porque passou do tempo, para o poder público ter mostrado à população, com base em estudos técnico-científicos, fulcrados na realidade brasileira, a essencialidade dos motivos para os quais é preciso ficar determinada duração de tempo necessário dentro de casa, sob a alegação de que é preciso se evitarem os contatos de pessoas em aglomerações, sem que se permita que a população tenha alternativa diferente do padrão sabidamente importado, resultante de estudos com base em cultura, clima, peculiaridades, características e outras experiências de outros países ou regiões diferentes do Brasil.
Em termos técnico-científicos, o Brasil precisa evoluir e muito, para se conscientizar sobre a imperiosa necessidade da aplicação de protocolos e padrões de experimentos com base em exclusivos estudos referentes às nossas peculiaridades, de modo que sejam usados, quanto aos brasileiros, as cartilhas e os parâmetros produzidos em conformidade com as características da população tupiniquim, apenas e tão somente permitido o aproveitamento de outras experimentações como subsídios, mas jamais como elemento principal, como foi feito agora, em que o Ministério da Saúde utiliza orientações oriundas do formato fornecido pela Organização Mundial da Saúde, como se somente elas garantissem infalibilidade dos condutores das políticas de saúde governamental, voltadas para o combate ao coronavírus.
Esse entendimento completamente empírico adotado pelo Brasil tem contribuído, sem margem de dúvida, para a formação das prejudiciais polêmicas existentes entre a autoridade principal do país e os demais órgãos nacionais, inclusive o próprio Ministério da Saúde, que atua, pasmem, piamente como voo cego de morsego, tendo por norte orientação de estudos ou experimentos aplicados em outras nações e regiões da Europa, principalmente, com clima, cultura e particularidades próprias, bem diferentes de tudo que acontece para as bandas do Brasil, onde haverá enorme dificuldade para o tratamento de epidemia com o indispensável tratamento se já pudessem ser adotadas as normas próprias, adaptadas aos nossos costumes.
Como começo de algo da maior importância para o Brasil, o governo federal já deveria ter providenciado estudos, executados por comissão de alto nível de especialistas em saúde pública, tomando por base a experiência do pleno funcionamento de algumas escolas, determinados comércios e indústrias e ainda outras atividades econômicas, evidentemente com o envolvimento, rigorosamente observado, de pessoas até o limite de idade, de saúde comprovada, com a adoção dos devidos cuidados para se evitar contágios, com vistas à aquilatação referente à densidade do coronavírus nesses locais, que precisa ficar permanentemente em processo de monitoração, na forma de experimentação eleita pelas características genuinamente brasileiras.
Com base nesses estudos, tendo como parâmetro técnico-científico, poder-se-ia haver gradual liberação das atividades escolares, comerciais, industriais etc., frise-se com base nos resultados de experiência social puramente realizada nas condições brasileiras.
Agora, causa enorme perplexidade não haver sequer preocupação para a defesa do isolamento total ou parcial, sem qualquer estudo a respeito do assunto, o que demonstra tremendo empirismo e irresponsabilidade por parte das autoridades públicas, com relação ao trata de assuntos da maior relevância nacional, que envolve diretamente o interesse dos brasileiros, preferindo ficar discutindo o que precisa ou deveria se fazer para a adoção da melhor medida, em razão da existência do coronavírus, quando elas têm competência para resolver, mas infelizmente falta competência, inteligência e iniciativa, que são ingredientes essenciais para a excelência da administração pública.  
Em absoluto, não se quer dizer com isso que se esteja defendendo senão o confinamento social pleno, justamente pela inexistência de estudos com a marca brasileira, ou seja, somente na forma da orientação transversal importando, pelo falta de outra precisamente adequada às necessidades brasileiras, é imprescindível que se aplique o que normalmente se convencional o caminho mais curto ou a famosa lei do menor esforço, muito propriamente adotada em situação de incompetência e sem muita preocupação com a eficiência e a otimização de resultados.
Do mesmo modo, não se pode inclinar-se por pelo isolamento vertical defendido com a liderança do presidente da República, apenas com base em nenhum estudo, porque se trata apenas da tentativa de não se permitir a quebradeira econômica, à ausência argumento de maior consistência científica aplicável ao caso, quando o mandatário do país já deveria ter orientado a sua equipe de assessores da maior inteligência do país, para a produção de estudos técnico-especializados, mostrando sobre a possiblidade do normal funcionamento das atividades essenciais do país.
Agora, é muito estranho e causa enorme tristeza pessoas extremamente inteligentes ficarem discutido praticamente o sexo dos anjos, no sentido de que o correto, se o confinamento total, parcial, misto ou outro qualquer, conforme as circunstâncias ou ainda em terminada localidade ou região, quando, na verdade, todos estão cobertos de razão, em defenderem seus pontos de vista, no âmbito do Estado Democrático de Direito, embora ninguém tenha absoluta certeza de que esteja agindo com base em parâmetro técnico-científico, uma vez que o protocolo importado aplicado no Brasil pode não se encaixar perfeitamente às peculiaridades brasileiras, mas há enorme risco que ele dê certo, como vem dando até agora, à falta daquele ideal, ajustado às feições brasileiras.
O Brasil não merece ser tratado na forma do simples achismo, da aplicação do menor esforço, torcendo por que o protocolo importado, único em condições de ser aplicado, dê certo, quando muito tempo já foi jogado pelo ralo da incompetência, com discussões inúteis e infrutíferas, quando a convergência de excelentes ideias já havia contribuído para a formação de comissão especial e específica, constituída por intelectuais conhecedores de epidemias e que não ficassem aceitando o aproveitamento, sob o conformismo, dos surrados enlatados, que podem, mas também não podem servir para satisfazer às necessidades brasileiras, em que pese o momento de grave crise, em que, às vezes, o jeitinho brasileiro termina resolvendo, conforme mostra a história.
Em razão do exposto, parece recomendável que o governo federal promova, com a máxima urgência, estudos sobre a incidência da disseminação do coronavírus, em ambientes compreendidos com o pleno funcionamento de escolas, comércios, indústrias etc., adotando-se os indispensáveis cuidados acautelatórios de praxe, para se evitarem maiores contágios do vírus, de modo que, conforme seus resultados, seja possível ou não a autorização para o funcionamento dessas atividades com os devidos acertos e segurança da medida, à vista de se ter o seu respaldo em estudos e experiências autenticamente brasileiros.         
Brasília, em 9 de abril de 2020

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