Um cidadão natural de Ohio, nos EUA, disse,
recentemente, que o Covid-19 era uma "jogada política"
e considerou que as medidas de isolamento social eram uma "farsa",
mas, não se sabe se por pura obra do destino, esse homem, de 60 anos, morreu
vítima desta doença.
De acordo com notícia publicada no jornal New York Post, o mencionado cidadão
morreu no último dia 15, exatamente um mês depois de ele ter escrito uma
série de mensagens, no Facebook, sobre o Covid-19, onde evidenciava extremo
desagrado com as proporções alarmantes que o coronavírus havia tomado no
mundo inteiro.
No
dia 13 de março, o norte-americano perguntava, nas redes sociais, se mais
ninguém "tinha coragem para admitir que o Covid-19 era uma ‘jogada
política?’", e dois dias depois considerou que era uma estupidez a
medida imposta pelo governador de Ohio, que houve por bem fechar restaurantes e
bares e aconselhou que as pessoas ficassem em casa.
O
ainda norte-americano escreveu e publicou que "Ele (o governador de
Ohio) não tem autoridade para isso. Se estão ficando paranoicos com
medo de ficar doentes não saiam de casa. Isso não devia impedir os outros
de continuarem a viver as suas vidas".
Não
obstante, o obituário do homem confirmou que a sua morte se deu por
complicações de saúde causadas pelo Covid-19, tendo sido a primeira vítima
mortal desse vírus, na cidade de Marion Country, conforme noticiou o veículo Marion
Star.
Diante
de tão difícil situação, em dissonância com as publicações feitas pelo
mencionado homem, nas redes sociais, e que, por óbvio, já foram eliminadas, a
sua família resolveu aproveitar a morte de seu familiar, por causa do mal que
ele combatia, por não acreditar no que ele seria capaz, para apelar às pessoas que
"continuem praticando o distanciamento social para que cada um se
mantenha seguro".
Não
há a menor dúvida de que cada pessoa tem direito de defender seu ponto de vista,
sob o prisma do princípio natural do livre arbítrio, mas é preciso, antes de
tudo, respeitar a livre vontade de cada pessoa, no sentido de entender que a opinião
de alguém deva prevalecer apenas para si, porque ela pode não ser a mais
correta para todos.
Ou
seja, há ideias que até parecem muito importantes, nas circunstâncias, porém elas
podem contrariar outros princípios essenciais à vida e se tornarem prejudiciais
ao conjunto da sociedade, como nesse do norte-americano, que não vislumbrava o
menor perigo no Covid-19, por considerar que as pessoas estavam ficando paranoicos
e que, por isso, não havia necessidade alguma da observância das medidas preventivas
preconizadas pelas autoridades de saúde pública, mas próprio se tornou vítima.
Não
convém que apenas com base no achismo, as orientações sobre assuntos técnicos importantes,
emanadas por autoridade governamental, devam ser objeto de descrédito, a
exemplo do que pensam muitos brasileiros, inclusive o presidente da República,
que tem demonstrado ser contrário à orientação do isolamento social pleno, mas
ele, de maneira extremamente irresponsável, por ser a principal autoridade da
República, tenta passar outra ideia de menor temor ao Covid-19, sem, para tanto,
ele ofereça qualquer base técnica ou científica que possa garantir a certeza do
que vem defendendo, no sentido de se converter o confinamento para apenas os idosos
e as pessoas possuidoras de comorbidades, no caso daqueles que têm pressão
alta, diabetes, deficiências pulmonares, renais e outras vulnerabilidade de imunidade
e saúde.
É
lamentável que o cidadão norte-americano, de que trata a notícia, tenha
contribuído deliberadamente para a sua própria morte, sendo o primeiro da sua
localidade a ir a óbito, justamente porque a sua disposição era a de não concordar
com as medidas de proteção contra a disseminação do vírus.
Nos
textos que escrevia, fica claro que ele acreditava que o coronavírus era absolutamente
inofensivo, inclusive à pessoa dele, que passou para a história como sendo o homem que discordava das
medidas de prevenção contra o vírus, mas, quer queira ou não, ele se tornou a
primeira vítima do vírus da sua cidade, porque fez questão de não acreditar no
poder letal do Covid-19 e deixou de adotar as medidas de prevenção.
À
toda evidência, não que estas pessoas desprezem a própria vida, mas fica
bastante claro que, no caso em comento, houve indiscutível desdém às orientações
emanadas por autoridades do Estado, quando o norte-americano fez questão de
declarar que o governador não tinha autoridade para fechar o comércio, como
medida preventiva, porque, em muitos casos, há aglomeração de pessoas e,
consequentemente, facilitação para contágios do coronavírus.
Quis
o destino que o mencionado norte-americano se tornasse a primeira vítima fatal do
Covid-19, na cidade dele, não como castigo, longe de se pensar dessa maneira,
mas por ele não concordar com as medidas preventivas pertinentes, ao se expor e
contribuir para ser facilmente contaminado pelo vírus, que poderia não tê-lo atingido
se ele tivesse agido apenas com racionalidade e civilidade, ao acolher, como
fizeram as demais pessoas, as orientações com vistas à proteção pessoal.
Em
tempos de pandemia, fica a importante lição de maior segurança que é seguir as orientações
dos órgãos e das autoridades que são incumbidas de cuidar e zelar da saúde da população,
salvo se as normas pertinentes derem margem à contestação por meios técnicos e
científicos válidos e seguros.
Embora
não se queira usar esse fato inusitado e lamentável como lição pedagógica, para
mostrar que não se deva se opor levianamente e sem base técnico-cientifico às orientações
preventivas das autoridades públicas, convém que as pessoas se esforcem em
entender que, em termos de saúde pública, qualquer sacrifício de prevenção ainda
é pouco quando se trata de pandemia, onde o seu principal agente é invisível,
poderoso e cruel, tendo capacidade para desafiar até mesmo os piores incrédulo sobre
a sua letalidade.
Brasília,
em 22 de abril de 2020
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