quinta-feira, 13 de maio de 2021

A pesquisa para reflexão?

Na pesquisa realizada pelo instituto Datafolha, destinada ao levantamento de intenção de voto para  o primeiro turno da eleição presidencial de 2022, divulgada ontem pelo jornal Folha de S.Paulo, foram apontados os seguintes resultados: Lula: 41%;  Bolsonaro: 23%; Sérgio Moro: 7%; Ciro Gomes: 6%; Luciano Huck: 4%; João Dória: 3%; Mandetta: 2%; João Amoêdo: 2%; e Brancos/nulo/nenhum candidato: 9%; Não sabem: 4%.

O Datafolha também fez a mesma consulta, sob o modelo de espontânea manifestação de voto, no 1º turno, cujo resultado foi o seguinte: Lula: 21%; Jair Bolsonaro: 17%; Ciro Gomes: 1%; outros: 2%; Brancos/nulos/nenhum candidato: 8%; Não sabem: 49%.

O instituto consultou os eleitores sobre a sua votação no 2º turno, tendo obtido o seguinte resultado: Lula: 55% e Bolsonaro: 32%.

Quanto ao quesito rejeição, foram obtidos os seguintes índices: Bolsonaro: 54%; Lula: 36%; Dória: 30%; Huck: 29%; Moro: 26%; Ciro Gomes: 24%.

O Datafolha esclarece que o petista tem a intenção de votos de eleitores de menor renda e escolaridade.

O petista tem 51% das intenções de voto entre os entrevistados que declararam ter ensino fundamental e 47% na faixa de renda de até dois salários mínimos.

O índice de intenção de voto cai para 30% entre quem declarou ter ensino superior e 18% na faixa de quem tem renda maior do que dez salários mínimos.

Outra constatação praticamente natural diz respeito aos votos do Nordeste, que continua sendo o maior reduto eleitoral do petista, chegando 56% de intenção.

O presidente do país, de acordo com a pesquisa, tem 36% de intenção de votos entre os entrevistados que declararam estar vivendo normalmente, mesmo com a pandemia, enquanto nessa mesma faixa do eleitorado, o petista tem 33%.

As pessoas entrevistadas que estão mantendo as recomendações de isolamento social, 58% disseram que apoiam o candidato do PT e 8% estão com o atual presidente.

O atual presidente tem apoio forte de homens, em 29%, entre os que declararam ter o ensino médio completo, com 26%, e entre quem tem renda de cinco a dez salários mínimos, com 30%.

O resultado da pesquisa aponta que o presidente do país perde para o petista em todas as regiões brasileiras, mas tem melhor desempenho no Sul e no Centro-Oeste/Norte, com 28%.

Na disputa entre os evangélicos, o presidente tem a simpatia de 34% das intenções de voto, enquanto o petista conta com 35%, ou seja, eles estão tecnicamente empatados, pelos critério usado na pesquisa.

O referido instituto informa que a pesquisa foi realizada entre os dias 11 e 12 deste mês, em 146 cidades, tendo entrevistado 2.071 pessoas.

Em primeiro plano, parece ser muito pouco influenciável a presente pesquisa, diante da sua notória diminuta abrangência, de apenas 2.071 pessoas, em apenas 146 municípios, quando há o universo de mais de 150 milhões de eleitores e 5.7584 municípios brasileiros, levando-se a acreditar que maior participação de municípios e pessoas pode levar a resultados muito mais confiáveis e seguros quanto ao que realmente se pretende, que é a avaliação, na atualidade, sobre o clima da preferência de eleitores.

A meu sentir, a pesquisa reflete o sentimento dos eleitores consultados, no sentido de que a intenção de voto ao presidente do país tem muito a ver com a sua ojeriza ao real e efetivo combate à pandemia do coronavírus, com a sua ostensiva insensibilidade à gravidade da doença e à extrema agressividade àqueles que, de alguma forma, procuram proteger a vida dos brasileiros, em total contrariedade ao que se poderia esperar do governo federal, em termos de sentimentos humanitários compreendidos com a distensão dos melhores tratamentos, com vistas aos cuidados necessários ao combate à doença, sobrelevando, para tanto, o diálogo e a convergência de esforços das autoridades da federação, em forma de irmandade e união com esse único propósito, em especial, por haver o envolvimento de vidas humanas que precisam ser salvas, em caráter emergencial, que são medidas essenciais exigidas de todos governos, por mais medíocres que sejam, porque a saúde e a vida estão muito além de desavenças ou planos político-eleitorais ou ideológicos, como o que sendo observado até o momento.

No momento, o que se percebe é o mau desempenho do governo federal em diversas frentes das ações da incumbência do Estado, exatamente porque as políticas públicas que contavam com algum consenso nacional e reconhecimento da crítica internacional foram substituídas pelo improviso, pelo obscurantismo, pelo negativismo, e pela incompetência administrativa, fortemente adjutoradas por cristalino viés ideológico reacionário, a serviço sabe-se de quem, mas muito menos do interesse dos brasileiros, que estão cada vez mais pagando por erros que poderiam ser evitados, em nome do bom senso e da racionalidade e da eficiência na gestão pública.

Custa acreditar que as insensibilidades administrativa e humana não sejam enxergadas, a tempo de se perceber que tem sido desastrosa para os brasileiros a gestão do principal órgão incumbido das políticas prioritárias da saúde pública, que fez companhia ao presidente do país e também se ausentou da sua responsabilidade em trabalhar ferozmente na linha de frente do aguerrido combate à pandemia, quando sequer ouve-se o nome do Ministério da Saúde, que teria a importância de atuação em todos os quadrantes do país, levando o socorro para a população, mas a sua relevância se resume na omissão, conforme mostram os fatos.

Com a CPI da Covid em funcionamento no Senado Federal, certamente que o custo político dos desatinos do presidente do país, na pandemia do coronavírus, e da notória incompetência administrativa do general à frente da Saúde, será altíssimo para quem pretende se reeleger, a exemplo do que acaba de ser mostrado pela pesquisa em comento, dando a entender que o desastre ocorrido na saúde pública pôs nas alturas a possibilidade de recondução ao trono presidente o seu principal condutor, que foi absolutamente incapaz de atinar sobre o verdadeiro valor da saúde e da vida dos brasileiros.

A pesquisa, por outro ângulo de visão, deixa cristalino o sentimento dos entrevistados quanto ao que se pretende para a administração do
Brasil, hoje e sempre, ao sinalizarem que eles se satisfazem com o retorno de homem público completamente deformado e decadente moral, administrava e politicamente ao poder, quando, diante da condição da suspeita do seu envolvimento em vários casos irregulares, dando conta da participação dele em atos de corrupção, o que pode suscitar, em princípio, falta de honorabilidade para o exercício de cargo público eletivo.

O passado tenebroso de suspeitabilidade quanto à prática de atos irregulares contra a administração pública, em termos de moralidade e probidade, afeta frontalmente o exercício de cargos públicos eletivos, porque o político não conseguiria preencher os principais requisitos de conduta ilibada e decência na gestão pública, ante a necessidade de imaculabilidade pessoal para a prática de atividades públicas e políticas, evidentemente assim pensando se o Brasil fosse sério, à vista do que pensam as pessoas consultadas.

Esperava-se sim que os brasileiros não aceitassem mais essa pouca-vergonha de ser governado por pessoa que não tem condições de provar a sua inocência perante o Poder Judiciário, à vista de já ter sido condenado à prisão justamente pela prática dos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, cujas sentenças tramitaram em diferentes instâncias da Justiça, que confirmaram, à unanimidade, os veredictos, tendo por base a força probante das provas materiais constantes dos respectivos autos, embora as decisões judiciais tenham anuladas pelo Supremo Tribunal Federal, não por mérito quanto aos fatos denunciados, mas por falta de competência jurisdicional, o que vale dizer que os fatos inquinados de irregulares continuam com plena validade, a exigirem que o político, enquanto não provar em contrário, continua sob suspeita da prática de graves crimes contra a administração, não preenchendo os requisitos de cidadão probo, fato que o impediria de representar o povo.

Diante de tantos desastres havidos na gestão pública brasileira, com a prevalência de esquemas miraculosos e vergonhosos, com o envolvimento de recursos públicos,  a exemplo do mensalão e do petrolão, inclusive para os fins vergonhosos do financiamento de milionárias campanhas eleitorais, em benefício de partido político, e compra da consciência de inescrupulosos parlamentares, entre muitas outras deprimentes falcatruas, protagonizadas por governos recentes, jamais se poderia imaginar que líderes patrocinadores e mentores dessas esculhambações contra os interesses dos brasileiros e do patrimônio nacional pudesse voltar à vida pública, não por vontade pessoal, mas sim por se pensar na dignidade do povo, que deveria ter vergonha na cara em dizer que vota em quem não tem moral nem para representar a si próprio, ante a incompetência de provar a legitimidade dos seus atos na vida pública, tanto que foi condenado à prisão por não conseguir provar, por meios válidos, que é inocente.    

Urge que os brasileiros se conscientizem, por especial, em nome da sua responsabilidade cívica e patriótica, no sentido de somente permitir que o Brasil seja governado por quem provar, por meios juridicamente válidos, as condições exigidas de conduta acima de quaisquer suspeitas e comprovada observância aos salutares princípios da ética, da moralidade, da dignidade, da honorabilidade, entre outros que destinem à confirmação da sua imaculabilidade na vida pública, porque, do contrário, o sentimento de desmoralização é o pior que se pode ter, com o Brasil sendo comandado por pessoa que coleciona suspeitas da prática de atos irregulares, mas brasileiros compreendem que isso é simplesmente normal, ficando patente não somente o péssimo sentimento de cumplicidade, mas acima de tudo a concordância com eventuais atos criminosos .          

           Brasília, em 13 de maio de 2021

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