Doravante,
o presidente da República passa a ter relevante atribuição, a de atacar e
contra-atacar o ex-presidente petista, como ele fez agora, em pronunciamento que
não poupou críticas ao adversário político, tendo-o chamado de “bandido que
não tem um dedo”.
O
presidente do país se mostrou irritado com declarações do petista, que vem defendendo
o aumento do auxílio emergencial, para o valor de R$ 600,00.
O
atual presidente disparou a seguinte mensagem: “Um bandido que não tem um dedo
falou há pouco que ia dar um auxílio emergencial de R$ 600 para todo mundo. Por
que não fez lá atrás com o Bolsa Família? Hoje, a média do Bolsa Família é de
R$ 190”.
O
presidente esclareceu que “Estamos trabalhando para que, após o quarto mês
desta terceira etapa do auxílio, suba o valor do Bolsa Família, porque sabemos
que nesse tempo de pandemia houve inflação, aumentou o preço da alimentação e
muitas outras coisas no Brasil”.
O
presidente garantiu ter “feito o possível” em relação ao auxílio
emergencial, cujo valor médio é de R$ 250, mas pode variar de R$ 150 a R$ 375, a
depender da composição familiar.
O
mandatário brasileiro aproveito o ensejo para também criticar todo o PT e à
esquerda brasileira, incluindo a ex-presidente petista, a quem se referiu como “aquela
senhora”, conforme a seguinte mensagem: “Ofertamos ao povo brasileiro mais do que
os primeiros oito anos do PT, somados com a meia dúzia de anos daquela senhora.
Isso não é virtude, temos a obrigação de atender quem necessita”.
Na
linha das costumeiras críticas, terminou sobrando para o lockdown, quando ele,
aproveitando o discurso sobre a crise financeira, declarou que “Nunca deixei
de estar do lado de vocês, especialmente desde março do ano passado, quando
apareceu esse vírus e aqueles entendidos, engravatados, aconselhavam a ficar em
casa todo mundo: ‘A economia a gente vê depois’. Não é assim, grande parte dos
brasileiros vive da informalidade, não tem carteira assinada e foi esquecida
por esses que mandaram fechar o comércio e destruíram milhões de empregos.”.
O
presidente do país fez questão, mais uma vez, de contrariar estudos e pesquisas
promovidos por entidades especializadas sobre a pandemia do coronarívus, tendo
afirmado que “não há comprovação científica” de que o lockdown auxilie no
combate à Covid-19.
Em
conclusão, o presidente do país ressaltou que “Temos problema com
desemprego, sim, e querem botar na minha conta também. Mas a conta é de quem
fechou tudo sem qualquer responsabilidade, sem qualquer comprovação científica,
apenas para posar de que estava preocupado com a vida de vocês. Obviamente, nós
defendemos o distanciamento e higiene, mas o emprego é tão ou mais importante”.
Nessa
história em que o petista sugere a elevação do auxílio emergencial para valor que
ele entende que seja ideal, diante das dificuldades enfrentadas pelos brasileiros,
não parece que possa ser motivador da indignação do mandatário, porque isso se
insere nas atividades de quem já demonstrou que irá concorrer à Presidência da
República, ou seja, trata-se de comportamento normal por parte de quem tem pretensões
políticas.
Assim,
sob esse contexto, parece extremamente fora de propósito, porque não é de bom
tom, em termos do relacionamento dele com as pessoas, o presidente do país
ficar agredindo as pessoas que ele antipatize, por meio de palavras como “bandido”
e outras de conotação pejorativa, porque isso só evidencia o baixíssimo nível
do tratamento próprio de quem exerce o mais relevante cargo da República, de quem
se exige elevadíssimo comportamento, em termos de cidadania e civilidade, compatível
com o verdadeiro estadista, evidentemente a merecer a reciprocidade do tratamento
igualmente respeitoso, conforme ensinam os princípios e as boas regras de educação.
Por
óbvio, o presidente que se acha no direito de chamar seu semelhante de bandido
e outros apelidos próprios da conotação intencional de denegrir a imagem da
pessoa, corre sério risco de ser também tratado por desumana descortesia, o que
não pega bem para autoridade que representa a República, que, em princípio,
merece ser respeitada como instituição que é o símbolo sagrado do Brasil.
Por
seu turno, parece horroroso que alguém ouse afirmar ser contrário ao lockdown,
como medida preventiva do contágio da Covid-19, quando está mais do que
comprovado que as aglomerações são a fonte primária dos focos da contaminação entre
as pessoas.
Afirmação
desse teor se torna ainda mais desastrada e insensata quando pronunciada pela
principal autoridade do país, que tem a precípua incumbência de combater, com eficiência
e efetividade, a disseminação do vírus.
Na
verdade, essa maneira impensada de comportamento somente demonstra o sentimento
de insensibilidade perante situação que exige o máximo de concentração sobre a
responsabilidade constitucional imposta ao mandatário do país, a quem se espera
atitudes exemplares em todos os sentidos, levando-se em conta a sublime
gravidade da pandemia que exigia, desde o seu começo, o máximo de esforços com
vistas às melhores maneiras do emprego das medidas necessárias.
Nesse
caso específico, há sim comprovação e estudos científicos mostrando que as aglomerações
são as causas principais do contágio da doença, que também pode incidir com o
contato pessoal, a depender dos cuidados ou da falta deles, o que vale dizer
que, para quem tem sensibilidade, nem precisa defender o isolamento social,
pelo simples fato de se entender que o risco se torna potencial por meio das aglomerações.
Ao
mesmo tempo que condena o lockdown, o presidente do país diz que “Obviamente,
nós defendemos o distanciamento e higiene, mas o emprego é tão ou mais
importante”, o que demonstra, com isso, sua incoerência sobre tão grave
questão, embora prevaleça mesmo nele a ojeriza às medidas preventivas contra a
Covid-19, porque ele não as pratica no quotidiano, conforme mostram os fatos.
Enfim,
cada vez que o presidente do país critica as medidas de isolamento somente
acentua a certeza do tanto de negligência havida nesse caso, em particular, notadamente
porque, na qualidade de detentora da incumbência das políticas nacionais de
saúde pública, na forma da Constituição Federal, a união teria a obrigação de cuidar
especificamente sobre a normatização referente ao isolamento social, tendo o cuidado
de estudar amplamente a questão, com a participação dos órgãos da federação, de
modo a ter possibilitado o estabelecimento de normas próprias, por consenso,
com a participação dos governos federal, estadual e municipal, por envolver
interesses comuns de proteção da população.
Não
há a menor dúvida de que a economia defendida pelo presidente do país é de suma
importância, mas bem menos do que a vida humana, mas o governo nada fez para
cuidar de também proteger as atividades econômicas, que poderiam ter sido
salvas por meio da referida normatização, quando se permitiria, nos casos
devidamente regulamentados, a compatibilização do controle da pandemia com essas
atividades.
A
verdade é que a falta de iniciativa, boa vontade e interesse para agir, em
conjunto e união, contribuíram para a formação da omissão de incumbência
administrativa, cuja generalização permitiu a formação e a consolidação desse
estado caótico vivenciado tanto no controle da pandemia como nas atividades econômicas,
representado por centenas de mortes e a economia decadente, cujo conjunto desse
fracasso pode ser tranquilamente atribuído, em especial, à incompetência, à insensibilidade
e à irresponsabilidade.
É
duro que se chegue à conclusão tão ruim, mas os fatos são pródigos em mostrarem
a falta de sintonia entre as autoridades do país, que preferiram politizar os
assuntos referente à pandemia do coronavírus, permitindo cada vez o distanciamento
entre elas, em total detrimento dos interesses da população, de quem se buscará
votos, logo em breve.
Há
nesga de esperança de que os brasileiros tenham inteligência e dignidade para o
reconhecimento, não sobre o que foi feito para o enfrentamento da pandemia do coronavírus,
que não passou do estritamente necessário, mas sim do que realmente deixou de
ser feito nesse sentido, uma vez que tantos estragos com as mortes e o caos
econômico poderiam ter sido minimizados, caso não houvesse negligência
administrativa, insensibilidade humanitária e irresponsabilidades.
Brasília,
em 24 de maio de 2021
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