domingo, 30 de maio de 2021

Conversa importante?

 

Vem circulando, nas redes sociais, mensagem constando a fotografia do presidente da República, onde se lê, verbis:Se esse pobre homem batesse na porta da sua casa pedindo ajuda, o que você diria a ele”?

Inicialmente, é preciso se reconhecer, a bem da verdade, que não passa de demagogia se afirmar que o cidadão a que se refere a mensagem seja "pobre homem", salvo se a referência for em relação a alguns atributos dele mostrados ao longo do seu governo, diante de inúmeras deficiências que certamente poderiam ter contribuído para o incremento de tantas mortes causadas pela Covid-19.

À vista disso, eu procuraria ser o mais generoso, sincero e honesto possível para com esse considerado assim “pobre homem”, de maneira certamente equivocada, no sentido de recebê-lo na minha casa e manter com ele conversa do mais alto nível de educação e inteligência, no âmbito de pessoas adultas, conscientes das responsabilidades cívicas, em especial, quanto aos sentimentos de brasilidade e cidadania, para tentar transmiti-lo um pouco das verdades que ele parece ter dificuldades para enxergar e compreender, em nível de racionalidade, competência e humanidade, obviamente sob o meu prisma de compreensão sobre os fatos da vida.

Eu diria para ele que a desgraça que acontece contra os brasileiros, em especial quanto ao combate à crise da pandemia somente tem a culpa da insensibilidade, da incompreensão e do negativismo por parte de quem tem a incumbência de adotar as medidas pertinentes à grave situação da saúde pública, procurando mostrar que, em momento de dificuldade, têm vários e bons caminhos a serem seguidos, sendo que um dos principais é precisamente o diálogo amplo e transparente com as pessoas de boa vontade e realmente interessadas para a produção de medidas eficientes e efetivas contra todos os males, sob a compreensão de que o inimigo a ser combatido é o vírus, exigindo que todos se unam contra ele.

Para tanto, é sempre importante a participação mais ampla possível da sociedade, inclusive dos principais adversários políticos também envolvidos nas questões, no sentido de convencê-los ao empenhamento na busca das melhores iniciativas que levem à imediata solução dos gravíssimos problemas dos brasileiros, para o fim da qual não interessa agradar somente a A ou B, mas sim a todos os governantes, que precisam se conscientizar sobre a necessidade de se encontrar a paz e a união para cuidar da saúde dos brasileiros de mãos dadas.

Eu diria para ele que a irresponsabilidade que vem sendo alimentada por disputas políticas, sem precisar indicar os principais interessados nessa forma deprimente de se cuidar de calamidade humanitária, não encontra a menor justificativa plausível, senão para se demonstrar completa irracionalidade por parte das principais lideranças nacionais para se cuidar de tão importante e grave problema causado pela Covid-19.

Eu diria para ele que causa perplexidade não aparecer ninguém de bom senso para levantar a bandeira branca da paz e afirmar que todos são insensatos, por estarem interessados em somente salvar seus planos políticos, mesmo ao meio de intensa crise pandêmica, em completo detrimento das causas da população, que vem padecendo e se sacrificando no torvelinho dessa guerra violenta e injustificável alimentada por disputa política, diante do envolvimento de essenciais vidas humanas, que merecem e exigem todo sacrifício para o seu salvamento, que vem sendo prejudicado justamente por falta de consenso entre os políticos insensatos e prepotentes, muitos dos ainda elegem a Justiça para tentar dificultar ainda mais o relacionamento que poderia ser feito por meio do diálogo e do entendimento entre pessoas normais, que são os meios recomendados para a mediação das questões envolvendo vidas humanas.

Eu diria a esse “pobre homem” que é com muita tristeza que se percebe o longo tempo já perdido se discutindo fúteis e inúteis interesses apenas de natureza política e relacionados estritamente a causa pessoal, sem levar a absolutamente nada, em termos de benefício social, enquanto a vida dos brasileiros permanece exposta ao sabor da insensibilidade, da incompetência e da irresponsabilidade administrativas, apenas se deteriorando à espera de milagre que jamais irá acontecer, diante desse horroroso quadro sob a incumbência de quem já demonstrou a sua incapacidade de agir e decidir em nome do interesse da população.

Eu diria, com muita sinceridade, honestidade e respeito a esse considerado "pobre homem" exatamente o muito que ele deixou de fazer em benefício do interesse público, que a participação dele como gestor do combate à crise da pandemia foi sim estrondoso e decepcionante fracasso, precisamente porque ele tinha o poder para tomar a iniciativa de priorizar, a todo custo, as atenções do seu governo para lutar brava e penhoradamente contra o pior inimigo da saúde dos brasileiro, mas o que se viu foi a dispersão das ações e omissão generalizada, inclusive sob o comando do principal órgão incumbido da execução das políticas governamentais referentes à saúde pública, que ficou acéfalo, por quase um ano, quando poderia ter sido o principal agente indutor do ferrenho combate à pandemia.

 Na verdade, eu diria para ele que a indiferença à gravidade da crise, em princípio, tratada com desdém, foi a marca patenteada pelo governo, em cristalina demonstração de descaso à mais grave calamidade humanitária que se abateu contra a população, que apenas mereceu a atenção e o tratamento minimamente necessários, sem nada de extraordinário como deveria ter sido feito em benefício da preciosidade da vida dos brasileiros.

Diante da longa conversa, com certeza, era inevitável a alternativa do aconselhamento para ele meditar longamente sobre todos os atos adotados e não praticados no seu governo, como forma de avaliação sincera e honesta sobre a sua gestão e, ao final e ao cabo, se ele chegasse à conclusão de que tudo se houve em conformidade com os sentimentos do administrador que realmente merecem os brasileiros, mesmo diante da montanha de mortes causadas pela Covid-19, seria o caso da imediata desistência dos planos políticos da reeleição, à vista da disparidade do que seja razoável, em termos humanitários.

Eu diria para esse “pobre homem” que, certamente, o sucessor dele, se tiver o mínimo de perspicácia político-administrativa, jamais permitirá que a população seja tão castigada como vem sendo nesse governo com as marcas da insensibilidade, incompetência e irresponsabilidade, no que se referem aos cuidados próprios do combate à pandemia do coronavírus, à vista da contabilização de mais de 450 mil mortes de brasileiros, sendo que muitas das quais são decorrentes da falta de medidas preventivas, em especial do imunizante, que chegou com bastante atraso e diminuta eficácia e outras inerentes ao emprego de mecanismos de prioridade, conforme discutido acima.

Eu aproveitaria o ensejo para dizer a esse “pobre homem” que ele simplesmente perdeu excelente oportunidade para se tornar o político mais querido, venerado, idolatrado e até endeusado da história deste país, ao receber precisamente no seu governo, embora em circunstância extremamente nefasta e indesejável, algo que nenhum outro presidente brasileiro mereceu tamanha oportunidade para se destacar acima das nuvens, precisamente com o aproveitamento dessa desgraça da pandemia do coronavírus, tragicamente recebida como espécie de “presente” milagroso do deus da Covid,  para, sobre o terrível mal, operar verdadeiro milagre de bondade, generosidade, acolhimento, compaixão e acima de tudo caridade à população.

Seria o caso, em se tratando de governo inteligente e competente, de ter sido feito o melhor, em termos de saúde pública, mediante a priorização do emprego dos melhores dedicação, empenho, comprometimento, interesse e boa vontade da máquina pública, que seria destinada exclusivamente ao integral combate à pandemia do coronavírus, não faltando absolutamente nada que fosse necessário para a superação de tão terrível mal.

Tudo isso no sentido do entendimento de que a vinda ou o aparecimento da Covid-19 estaria sim no encaixa da necessidade da transformação, em passe de mágica, do governo no melhor do mundo, bastaria tão somente o emprego do estabelecimento de prioridade ao combate à doença, com a determinação de que nada seria feito na administração sem antes cuidar das questões relacionadas com a crise da saúde pública e de fato tudo tivesse sido feito nesse sentido.

Eu diria a esse “pobre homem” que ele não foi capaz de atinar para a realidade sobre a crise que precisava ter sido enfrentada com a maior seriedade que um governo competente e sério poderia imaginar, sob a necessidade do emprego de políticas específicas contra as questões da pandemia, sob a conveniente prioridade da implantação de órgão próprio para cuidar exclusivamente de tudo sobre a doença, mediante a disponibilização de todos os recursos, em termos de pessoal e material, e a dedicação exclusivamente para tratar da saúde nacional, tendo a centralização, o comando e a coordenação do governo federal, com a participação das unidades estaduais e municipais, de modo que todas as ações e medidas demandadas tivessem por único objetivo a saúde dos brasileiros, sem necessidade alguma de politização nem disputas sobre influência de poder.

Eu diria a esse “pobre homem” que teria sido preciso se levar em conta exclusivamente a importância e a valorização de vidas humanas, ficando decidido que as demais questões referentes aos interesses políticos e pessoais, além dos econômicos, entre outros por mais importantes que fossem, ficariam adiados para momentos depois da solução definitiva das questões pertinentes à pandemia, durasse o tempo que fosse, porque uma nação de homens sérios, evoluídos, competentes, inteligentes e responsáveis, em termos dos cuidados sobre o interesse público, somente podem pensar, como prioridade, no bem-estar da população.

Eu diria para esse “pobre homem” que o verdadeiro estadista é o homem público que defende, com fervor, seus projetos políticos, por ser da sua essência enquanto não estiver no exercício do cargo delegado pelo povo, porque, nesta condição, é do seu dever primacial a exclusiva e prioritária defesa do interesse da população, quanto mais em se tratando de pandemia da gravidade do coronavírus, que tanto aflige a vida dos brasileiros.

Ante o exposto, concito os brasileiros imbuídos dos melhores propósitos de nacionalidade, que se juntem às pessoas que defendem os interesses da população, para possibilitar a formulação do entendimento de que todos precisam acolher o presidente da República nas suas casas, para dizerem a ele, com muita clareza, precisamente a verdade sobre o sentimento angustiante de quem sofre terrivelmente diante do descaso, da insensibilidade, da incompetência, do desprezo e da irresponsabilidade no enfrentamento da calamidade humanitária decorrente da tragédia da pandemia do coronavírus, na certeza de que tudo que possa ter sido feito não representa absolutamente nada do que realmente necessitava fazer para salvar preciosas vidas humanas.   

Brasília, em 30 de maio de 2021

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