O vice-presidente da República disse que a nomeação de general para o cargo de ministro da Saúde foi "uma decisão de risco" do presidente da República.
O
ex-ministro da Saúde deveria ter sido ouvido pala CPI da Covid, mas o seu depoimento foi adiado sob a alegação de ele ter tido
contato com dois militares diagnosticados com a doença do coronavírus, tendo
alegado que precisaria ficar em quarentena.
O
vice-presidente disse que "Acho que, independente (sic)de ser
general da ativa ou da reserva, a colocação do Pazuello como ministro da Saúde
foi uma decisão de risco, independente disso aí. Óbvio que agora, com essa
questão da CPI, o Pazuello não pode se furtar a comparecer e prestar lá o seu
depoimento", agora marcado para o próximo dia 19.
Essa
autoridade defendeu também que o ex-ministro não vá à CPI depor em trajes
militares, já que ele foi convocado pela comissão na condição de ex-ministro da
Saúde.
Ele
disse que "É óbvio que ele vai ser pressionado, então, ele tem que
manter a calma. Existe um velho ditado militar que sempre diz o seguinte:
cabeça fria no corpo quente. Então, é dessa forma que ele tem que se comportar.
Não tem que ir fardado, porque ele não estava em uma função militar. Apesar
dele (sic) ser um general da ativa, ele estava em uma função civil, tem
que comparecer em trajes civis que era a função que ele estava exercendo. E
suportar a pressão".
O
ex-ministro chegou ao Ministério da Saúde em abril de 2020, como
secretário-executivo, não tendo nenhuma experiência na área, vindo, em seguida,
quase que imediatamente, a assumir o comando da pasta interinamente e depois ele
efetivado no cargo.
A gestão do general foi marcada pela militarização do Ministério da Saúde, mediante a nomeação de militares para postos
estratégicos e pelo discurso alinhado ao do presidente da República, o que
incluiu a defesa do chamado tratamento precoce da Covid, com uso de medicamentos que não têm eficácia comprovada cientificamente para a doença.
A
gestão do general também ficou marcada pela extrema lentidão nas negociações para a compra de vacinas, que somente começaram a aparecer
depois de fortes pressões vindas principalmente do Congresso Nacional.
Na
passagem do general à frente Ministério da Saúde, o país registrou o colapso no
sistema de saúde, com falta de oxigênio e medicamentos para intubação de pacientes graves de Covid,
provocado pela segunda onda da pandemia e o surgimento de nova cepa do vírus,
fato que o atormenta diante das investigações da CPI, porque qualquer deslize
por parte dele pode concorrer para sujar a imagem do presidente do país, em
razão do entrosamento que havia entre ambos, quando ele afirmava, com
tranquilidade, que dependia do chefe para adotar determinada medida.
Na
passagem do general pela pasta da Saúde, ainda tem a conduta suspeita dele na
crise da saúde no Amazonas, que virou inquérito no Supremo Tribunal Federal.
A
nomeação do general especialista em logística do Exército para a Saúde foi sim
decisão de alto risco, mas ela significou muito mais em termos de administração
da gravíssimo crise alimentada pela pandemia do coronavírus, que o bom senso, a
racionalidade e a sensatez recomendariam que a única condição exigida para
comandar ministério com a incumbência do gerenciamento da saúde pública seria a
colocação de especialista em Medicina ou sanitarismo, áreas que teriam reais
afinidades com a questão enfrentada pelo governo, que pensou muito mais na
comodidade dele do que no interesse da população, porque, do contrário, jamais
seria possível o órgão estritamente especializado em saúde ser administrado por
um leigo e ainda adjutorado por outras pessoas da sua corporação, também sem conhecimento
da área.
A
decisão do presidente do país, por ter decido deixar o Ministério da Saúde acéfalo,
por quase um ano, somente confirma a sua completa insensibilidade para causa da
maior importância para questão de extrema especificidade à precariedade da
saúde, o que somente evidencia a indiferença dele para com a crise bastante severa,
que exigia o máximo de cuidados com o emprego do que de melhor pudesse ser
colocado a serviço do combate à pandemia, inclusive no que se refere ao pessoal,
que ficou a desejar por tanto tempo, cujas incompetência, insensibilidade e
irresponsabilidade precisam sim ser assumidas perante os brasileiros, que foram
privados dos melhores cuidados nesse particular.
A
maior prova desse desacerto fica evidente agora, quando o general vem correndo
do dever de depor perante a CPI, por ele ter absoluta certeza de que será
detonado pelo bombardeio a ser dirigido
sobre a cabeça dele, em cobrança por tudo que foi feito ou deixado de ser feito
na gestão dele, que já tem um rosário de perguntas preparado para o general
responder, todas com o peso do mais volumoso petardo que ele precisa dar o
melhor trato possível nas informações pertinentes, sob pena de complicar seriamente
a vida do ex-chefe.
No
regime sob a égide do Estado Democrático de Direito, os representantes do povo precisam
responder por seus atos, tanto pelo resultado das ações produtivas em benefício
da sociedade como pelos desacertos, mesmo aqueles são empregados sob a forma de
risco, porque estes também fazem parte da gestão no seu conjunto.
Em
absoluto, não se pretende afirmar que o general tenha sido responsável pela
prática de crimes, mas não se pode negar que o seu trabalho não foi o melhor
possível, precisamente porque ele foi defenestrado do governo por pressão de
aliados do presidente, mais precisamente por integrantes do Centrão, que estavam
insatisfeitos com a presença dele em órgão que nada fazia para combater a
pandemia do coronavírus, doença que já causou mais de 400 mil mortes.
No
caso específico da nomeação do general para a pasta especialista em saúde pública,
quando ele não entendia patavina da área, foi, em princípio, sem a menor dúvida
possível, o mais ofensivo crime perpetrado contra os brasileiros, à vista da evidência
da insensibilidade sobre a gravidade da crise causada à saúde pública pela
pandemia do coronavírus, por ser normal a presença de especialista para cuidar,
com a devida competência de conhecimentos, as questões demandadas, na esperança
de que elas poderiam ser estudadas, tratadas e solucionadas com a melhor
habilidade exigida para o momento de extrema gravidade, conforme mostram os
fatos.
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