Sem
a menor dúvida, impressionou a sabedoria demonstrada pelo conhecimento desse
cidadão, por mostrar que ele se preocupa em acompanhar os fatos do mundo, tendo
condições de comparar o desempenho de outros países com o que acontece no Brasil,
com relação à imunização, na tentativa de defender o indefensável, à vista de
tudo de insensibilidade que vem se revestindo em relação ao combate à pandemia
do coronavírus.
Teria sido bastante importante se o governo brasileiro tivesse adotado
as melhores medidas contra a Covid-19, em conjunto com os governadores,
prefeitos, entidades representativas de classes sociais e a sociedade
interessada, com a exclusiva finalidade de cuidar da saúde dos brasileiros, com
embargo da politicagem sebosa e recriminável que até agora vem prevalecendo, em
detrimento da seriedade, da competência e da responsabilidade pelo cuidado que
devido com o que se refere ao interesse público, notadamente no que diz respeito
à saúde e à vida dos brasileiros, foram tratadas com desprezo, à vista dos
fatos, que falam vivamente.
Os governos sensíveis aos princípios humanitários compraram vacinas
suficientes para a imunização do seu povo, com bastante antecedência, mostrando
preocupação com o verdadeiro sentido de priorização para a proteção da saúde,
porque a vacina ainda é o único instrumento com real capacidade para a diminuição
do contágio da Covid-19.
O Brasil demorou muito para iniciar a imunização e a campanha pertinente
vem sendo executada aos trancos e barrancos, com a progressiva diminuição das
doses, a exemplo da dificuldade de aquisição do produto e isso tem tudo a ver
com a falta de interesse do governo, que apenas cuida da pandemia como sendo
algo normal, quando a crise é gravíssima, a ponto de se exigir tratamento de choque, por meio de todos
recursos revolucionários, com apelo para o emprego de todos os instrumentos e
mecanismos, inclusive imagináveis, por se tratar de circunstâncias excepcionais
de pandemia da maior gravidade contra a saúde pública.
Na atualidade e nas condições de precariedade vivenciadas, se o Brasil é
um país que já vacinou mais do que outros países, o que se diria se ele tivesse
sido organizado e providenciado o devido planejamento sobre a compra da vacina,
com bastante antecedência, como fizeram as nações que começaram a imunização
ainda em dezembro, ou seja, um mês antes do Brasil?
Por fim, eu, muito pessoalmente, considero gravíssimo erro o principal
órgão incumbido da execução das políticas de saúde pública ter ficado acéfalo,
por quase um ano, tendo como titular especialista em logística, quando deveria
ser alguém com profundos conhecimentos em Medicina ou sanitarismo, na pior
tragédia da saúde brasileira, diante da inaceitável quantidade de mortes, agora
já superando à deplorável marca dos 400 mil óbitos, fato este que tem sido
incapaz de sensibilizar as consciências letárgicas de autoridades públicas e
boa parcela da população, onde há pessoas festejando o brilhante desempenho do
governo, algo que não pode acontecer nem nas republiquetas, onde seja possível
que o sentimento humanitário seja valorizado.
Não obstante, o Brasil se encontrar mergulhado no verdadeiro caos, com a
saúde pública em colapso e sem a menor perspectiva de melhoras, porque nada
sinalizar nesse sentido, em termos de interesse por parte do governo, com o
emprego de instrumental diferenciado do que se encontra em prática, apenas sendo
colocado em prática o necessário para cuidar dos casos existentes, sem qualquer
preocupação diante da tragédia, que é cristalina.
O governo defende a normal circulação das pessoas, mas não teve
competência para normatizar procedimentos sobre as questões de isolamento
social, como de resto o seu principal órgão da saúde pública foi omisso em todos
os setores, inclusive na fiscalização dos recursos repassados para os estados,
que se tornaram objeto de gananciosos desvios, tamanho a farra com o que seria
para o combate sério à pandemia.
Isso é um pouco do quadro de precariedade referente ao combate à
pandemia do coronavírus, por conter a verdade colocada em prática pelo governo,
respeitando quem pensar diferentemente disso, diante dos sentimentos ínsitos dos
princípios democráticos.
Os resultados referentes ao combate à pandemia do coronavírus refletem o
real sentimento dos brasileiros, diante da prova fiel da sua concordância com o
descaso e a insensibilidade para com a calamidade humanitária, responsável por mais
de 400 mil mortes e nada foi feito de extraordinário contra a doença do século,
salvo as medidas paliativas e indispensáveis, que não passam do normal dever do
Estado.
A esperança que resta para os brasileiros é o que depender das investigações
a cargo da Comissão Parlamentar de Inquérito, em funcionamento no Senado
Federal, de onde se espera a produção de medidas capazes de obrigar as autoridades
governamentais a agirem precisamente à altura da gravidade da pandemia do
coronavírus, de modo a se evitar a pacífica continuidade da monstruosidade dos
estragos já causados às centenas de vidas humanas, precisamente em razão da
insensibilidade, da incompetência e irresponsabilidade.
Vejam-se que não haveria a mínima necessidade de CPI, que compreende
elevados custos, se as medidas adotadas pelas autoridades públicas tivessem ido
e atendido além das exigências para o combate à situação de calamidade pública,
à vista de tantas mortes, que poderiam ter sido bem menores, no caso de simples
demonstração de preocupação com a vida dos brasileiros.
A verdade é que cada povo tem o governo que merece, mas não há margem de
dúvida de que os brasileiros não mereciam tamanho infortúnio ambientado na
insensibilidade humanitária e na incompetência administrativa, cujos componentes
são responsáveis pela catástrofe determinante no colapso da saúde pública e ausência
de medidas efetivas e agressivas contra a Covid-19.
Brasília, em 1º de maio de 2021
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