Um vídeo que circula nas redes sociais mostra o momento em
que o chefe do executivo pega o garoto para tirar a foto em meio, como referido,
à aglomeração de apoiadores.
Pouco antes desse ato, o presidente já havia se envolvido em
outra polêmica de igual teor, a respeito do uso de máscaras, quando, durante a sua
visita à cidade de Jucurutu/RN, ele pediu para que uma criança, de 10 anos,
tirasse a máscara.
Não há a menor dúvida de que, só a atitude de o próprio
presidente do país ser contumaz desrespeitador das orientações preventivas sobre
o uso da máscara, com maior necessidade em aglomerações que ele é obrigado a
participar, já representa enorme e censurável atrevimento à dignidade humana,
quanto mais ainda de ele abaixar a máscara de criança indefesa, fato este que constitui
o extremo da insensatez, que merece veemente repúdio da sociedade.
Essa forma de comportamento do presidente, em posição e reafirmação
de completa rebeldia às normas preventivas contra a Covid-19, tem o condão de confirmar
o quanto a sua índole é bem reduzida, quanto ao sentido da compreensão sobre os
princípios cívicos da sensibilidade e da responsabilidade, mas especificamente
no que diz ao respeito à integridade da vida do ser humano, porque o uso de máscara
faz parte da cesta básica recomendada para a proteção à saúde e todos precisam
compreender a necessidade sobre a imperiosidade do cumprimento das orientações
preventivas, precisamente em tempos especiais de pandemia do coronavírus.
O presidente, como autoridade máxima da nação, tem o dever primacial
de dar o exemplo sobre a fiel observância das regras emanadas pelo próprio
governo comandado por ele, mesmo que não esteja confortável com elas, mas o seu
importante compromisso de estadista impõe condição especial de ser modelo em
tudo, inclusive em se tratando de normas impostas à sociedade, que precisa se
aferrar a elas, para o seu próprio bem.
Quando o presidente do país se mostra arredio ao
cumprimento de regras que são obrigatórias para a sociedade, o sentimento que
se tem não pode ser outro senão de desinteresse pela causa, em clara demonstração
do verdadeiro tanto faz, dando a entender que ele não está nem aí para as
consequências, que é exatamente isso que ele vem evidenciando, em reiteradas confirmações,
quando seu sentimento é de plena indiferença ao abaixar a máscara de uma criança
alheia ao perigo de ficar sem proteção contra o perverso vírus e o pior é que
ele não assume nenhuma responsabilidade por seu ato impensado e recriminável, à
luz dos princípios humanitários.
Na verdade, todo desmazelo que se atribui ao presidente
pode ter também parcela importante de culpa de brasileiros, por acorrerem ao
encontra dele, para apoiá-lo e aplaudi-lo, mesmo ao meio de aglomerações perigosas,
com relação à falta de segurança e de proteção contra a Covid-19.
Isso significa dizer que, se os brasileiros
não comparecem nos locais onde o presidente visita, muitos dos erros praticados
por ele, a exemplo desse de se descer a máscara de nariz de criança, seriam evitados,
para o bem dos brasileiros, que não corriam o risco de contaminação.
A verdade nua e crua é que tanto o presidente do país como os
seus ingênuos apoiadores, por fingirem continuamente a aceitação das estultices
disseminadas Brasil afora por ele, conforme mostra o insensato episódio em
comento, estão na contramão da realidade da vida, que precisa ser encarada com
muita seriedade, sensibilidade e responsabilidade, com o firme compromisso de
assegurar o bem-estar da sociedade e evitar riscos desnecessários aos
brasileiros.
Enfim, cada povo tem o governo que merece e, no momento, o
nobre cidadão que se encontra como presidente do Brasil foi eleito
democraticamente pelo sufrágio universal, tendo o direito de fazer o que bem quiser,
segundo o seu talante, e não será por meio de protesto ou repúdio que se
conserta o pau que nasceu torto, na versão do dito popular.
Cabe aos brasileiros sensatos e cônscios acerca das suas
responsabilidades cívica e patriótica se conscientizarem realmente sobre a
escolha de seus representantes, de modo que o perfil deles possa preponderar,
ao menos, com o perfeito sentimento em
sintonia com o essencial respeito aos princípios da sensibilidade, da
razoabilidade, da competência e da responsabilidade, a par de que eles sejam
capazes de priorizar os preciosos valores humanitários, que estão muito acima
de outros interesses, por mais importantes que sejam.
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