Na crônica da minha lavra que, consternado, fiz o registro
de meio milhão de mortes causadas pela Covid-19, eu disse que me sentia muito triste
com a lamentável situação de calamidade humanitária, tendo aproveitado o ensejo
para prestar solidariedade às famílias das vítimas dessa letal doença, a par de
lamentar que visíveis desprezo e insensibilidade aos princípios humanitários
tenham contribuído para esse gigantesco infortúnio social, à vista da indiscutível
negligência no enfrentamento da pandemia do coronavírus.
Diante disso, uma distinta e atenta
cidadã, mui cordialmente, tenta me acalentar com amável mensagem, esposada nos
seguintes termos: “Amigo não Fique
triste porque a vida é passagem na terra daqueles q tmfotos cuidado vive mais
que ajuda ao mais carente Deus está vendo razoabilidade carinho ajudar a quem
precisa outro vão cedido pq não tem cão cedido pq não faz caridade nenês visita
abraço só alegria tristeza não. Desculpa os Erros abraço e viva só na alegria.”.
Peço vênia à cordial
senhora para me desculpar pela maneira sincera dos meus lamento e inconformismo
diante da calamidade que se abate cruel e impiedosamente sobre os brasileiros,
causando esse terrível mar de mortes, que não poderia ter chegado a tanto se a
vida humana tivesse sido cuidada à altura da sua preciosa importância.
Sinto muita tristeza
não somente na profundeza do peito, mas no âmago da alma, por perceber o quanto
é extremamente doloroso para as famílias que perderem seus entes queridos em
situação sensivelmente dramática e desesperadora, sem ter a quem recorrer em
momento de maior aflição para esses brasileiros, notadamente quando se verifica
que as medidas adotadas em terríveis tempos de grave pandemia do coronavírus ficam
apenas nos planos da normalidade, com o atendimento do que for necessário, quando
os momentos são de indicativos de guerra, em termos de saúde pública, a se
exigirem medidas excepcionais e extraordinárias para a salvação de vidas, algo que,
infelizmente, não aconteceu.
Não tem como se
acreditar na afirmação de que teria sido feito o máximo dos esforços, quando
tudo o que vem sendo realizado não passa do apenas o estritamente necessário e nesse
sentido é exatamente o que pensam as pessoas sensatas, sensíveis e humanas,
diante do desprezo à descomunal gravidade desse monstro desgraçado do
coronavírus, que vem martirizando os brasileiros.
Caso realmente o
governo quisesse combater a Covid-19 com vontade, interesse e prioridade, já
teria mobilizado, desde o início, a nação
para a batalha aguerrida contra essa miserável peste, sem esperar que a
monstruosidade se consumasse a esse limite infernal e insuportável, chegando ao
auge como chegou, com a inaceitável, inconcebível e inadmissível quantidade de
500 mil óbitos, de modo que as medidas fossem adotadas com a maior prioritária
possível, vindas das políticas públicas, em demonstração de intransigente interesse
em especial defesa da vida dos brasileiros, evitando-se, agora, falar em genocídio,
caso o tratamento e o combate ao vírus tivessem sido da maneira mais adequada
possível, em sintonia com a sua insuportável gravidade, em termos de
perversidade e maldade ao ser humano, que fazia jus aos melhores cuidados.
Certamente que, nesse
contexto, seria obrigatoriamente reconhecida a calamidade humanitária e, necessariamente
teria agido com intenso interesse estadista por mais medíocre que ele fosse, em
circunstância que representa tal perigo ao ser humano, porque ele teria o máximo
de sentimento humanitário para sobre a real compreensão do verdadeiro valor da
vida humana.
Na pandemia, o descaso
com a vida humana é patente, como no caso específico da imunização, que começou
com o atraso de quase um mês, em relação aos países que se anteciparam na aquisição
das vacinas, e vem sofrendo atraso significativo, em forma de constantes
apagões, diante das sucessivas faltas de doses, a exemplo do que ocorre no presente
momento, em algumas localidades.
Ou seja, ao meio desse
redemoinho de insensibilidade, incompetência e negligência no enfrentamento da
pandemia do coronavírus, contabiliza-se precisamente meio milhão a menos de
brasileiros nas estatísticas populacionais, em tão pouco tempo, e isso é motivo
sim de muita tristeza e ainda de preocupação das autoridades públicas, mas isso
não acontece com muitas delas, conforme mostram os fatos, em que faltou
seriedade quanto ao reconhecimento da letalidade do coronavírus.
Esse foto evidencia que
muito menos, bem menos mesmo de tantas mortes, já seria motivo capaz de justificar
a adoção de movimentos extraordinários e revolucionários de combate à temível
Covid-19, à vista da incumbência constitucional do governo de instituir políticas
para a defesa da vida dos brasileiros, até mesmo em tempos normais, mas,
infelizmente, nada se faz para a mudança dessa deplorável inação e, infelizmente,
o resultado do descaso não poderia ter sido senão o que se vê estampado no
noticiário do mundo inteiro.
Aceito e
agradeço o carinhoso conselho estampado na mensagem em comento, no sentido de que
eu “viva só na alegria”, porque é exatamente com esse benfajezo propósito que
procuro trilhar o meu caminho, evitando ao máximo desviar da tristeza, por mínima
que seja, mas há situação que isso é inevitável, como o que ocorre no presente
momento, onde os brasileiros se encontram vivendo entre a cruz e a espada, sem
alternativa quanto à busca do desvio da Covid-19, salvo a imunização que também
ainda não garante a certeza absoluta do livramento dessa assombrosa doença.
Enfim, a tristeza a que
me refiro tem o sentido todo especial, porque ela nasce da pureza do sentimento
humano, quanto à sublime necessidade da solidariedade às pessoas, como nesse
caso excepcional de calamidade humanitária, quando elas tiveram o infortúnio de
perder preciosos entes queridos por causa de vírus que exigia cuidados mais do
que especiais no seu combate, mas, a meu juízo, faltou a devida atenção que
tanto merece o ser humano, em momento fora da normalidade, infelizmente, dessa
forma e assim compreendido por governantes poderosos.
Tenho plena
consciência de que viver feliz é o ideal para se alongar a caminhada no plano terrestre,
onde seja possível a declaração de bem-estar com o sorriso aberto, mas também é
preciso se reconhecer que o momento é realmente de muita tristeza diante desse
quadro clamoroso onde foi banalizada a importância da vida humana, à vista da
monstruosidade impingida aos brasileiros.
Brasília, em 23 de junho de 2021
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