A Secretaria de
Segurança Pública de São Paulo estima que foram gastos valores superiores a R$
1,2 milhão com o apoio e o policiamento para garantir a necessária segurança à “motociata”
que teve a participação do presidente da República, realizada ontem, na capital
paulista, tendo contado com a mobilização de policiais das três forças de
segurança estaduais, que foram convocados especialmente para organizar a
fluidez do trânsito e evitar transgressão à ordem pública.
Aquela secretaria informou que foram escalados 6,3 mil policiais, dos
quais 1.433 atuaram com exclusividade nas medidas relacionadas ao deslocamento
dos manifestantes, ao longo do percurso de 129 km e que foram empregados
policiais de batalhões territoriais e especializados, a exemplo do Baep,
Choque, Trânsito, Rodoviária e Comando de Aviação da PM, Canil, além de equipes
do Corpo de Bombeiros e do Resgate.
A operação teve ainda a dedicação exclusiva de 5 aeronaves, 10 drones e
aproximadamente 600 viaturas, entre motos, carros, bases comunitárias móveis e
unidades especiais.
Todo ato foi monitorado pelo sistema Olho de Águia, por meio de câmeras
fixas, móveis, motolink e bodycams, tudo para se evitar transtornos para a
comitiva motorizada do presidente do país.
A manifestação ainda exigiu despesas no valor de R$ 75,2 mil aos cofres
da Prefeitura de São Paulo, que contratou empresa especializada para providenciar
a organização do evento.
A planilha dessas despesas detalha pagamentos para a instalação de
banheiros químicos, gradis para separação de público, geradores elétricos e
som, além de seguranças civis.
No frigir dos ovos, há toda evidência que o mandatário brasileiro, ao seu
bel-prazer, promove eventos absolutamente desnecessários, com viés nitidamente
eleitoreiro, sem a menor preocupação com enormes custos que, ao império da lei,
devem ser arcados precisamente às expensas dele, diante da constatação de que o
resultado do estapafúrdio e insensato evento não contribui em nada para
benefício do interesse público, em frontal contrariedade à finalidade dos
gastos públicos, que visam exclusivamente à satisfação das causas da população,
o que, convenhamos, não é o caso.
Além de se jogar dinheiro público no ralo da incompetência e da irresponsabilidade,
como visto, diante da notória escassez de verbas para serviços ou obras
públicas, evento dessa natureza certamente contribui para a disseminação da
Covid-19, o que evidencia a insensibilidade da principal autoridade do país, que
deveria sopesar as consequências de atitudes extremamente prejudiciais tanto aos
cofres públicos como à vida humana, fatos estes que, por certo, seriam levados
em conta por porte de governantes com o mínimo de seriedade e responsabilidade
quanto à necessidade da defesa da coisa pública e da integridade do ser humano.
A verdade é que o presidente do país se mantém fiel e coerente com o seu
pensamento de rebeldia à existência da gravíssima crise da pandemia do coronavírus,
posto que, para ele, a doença é como jamais tivesse chegado ao Brasil, à vista
de procedimentos como esse absurdo da “motociata”, alimentada e incentivada por
fiéis apoiadores dele, que igualmente devem pensar por meio de algo fora do
cérebro, ao também entenderem que essa forma de evento se transforma em voto na
próxima eleição, quando, na verdade, os brasileiros sensatos, inteligentes e
conscientes sobre a correção dos atos governamentais sabem muito bem avaliar o
verdadeiro sentido da gestão equilibrada, correta, competente, eficiente e
responsável, quando há o envolvimento do dinheiro público.
Infelizmente, em que pese o presidente do país se vangloriar de agir com
acerto e precisão, em termos de gestão pública, nesse caso da “motociata” fica
mais do que patente a sua participação em evento estranho ao interesse público,
em diante da constatação do indevido desvio de recursos para o pagamento de finalidade
que não resulta em benefício para a sociedade, senão para a satisfação pessoal
do mandatário, como forma de acalentamento da vaidade pessoal, absolutamente
desnecessário, fútil e fora do memento eleitoral, diante da sua caracterização com
propósito de apoio de eleitores.
É evidente que, se as despesas com a segurança e os demais preparativos ocorressem
diretamente sob às custas do presidente do país, nesse caso, ele poderia realizar
os eventos normalmente, sem qualquer censura, porque o questionamento cinge-se
ao uso de dinheiro público para custear finalidade que em nada traduz em
benefício social.
Urge que os brasileiros sérios, dignos e, sobretudo, conscientes sobre a
necessidade do bom e regular emprego do dinheiro público repudiem, com
veemência, a realização de eventos que exijam o desembolso de recursos do contribuinte,
sem que o seu resultado não seja revertido em benefício para a população, ante
a imperiosidade do respeito primacial aos princípios da legalidade, da
transparência e da economicidade inerentes à execução dos orçamentos públicos.
Brasília, em 13 de junho
de 2021
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