No aludido pedido, o Ministério Público esclarece sobre a real
importância da apuração dos fatos objeto das suspeitas levantadas, em princípio,
contra o ministro, para se verificar se ele teria cometido ou não os crimes
referentes à advocacia administrativa, à obstacularização ou dificultação da
fiscalização ambiental e ao impedimento ou embaraçamento da investigação inerente
à infração penal, diante do possível envolvimento no caso de organização
criminosa.
Quando a notícia-crime foi enviada à PGR, havia a anotação do
Supremo com o alerta de que os fatos narrados são de “gravidade
incontestável” e envolvem "tema de significação maior para a vida
saudável do planeta, como é a questão ambiental".
A PGR ressalta que, em manifestação ao MP, o ministro chamou
a notícia-crime de "infundada", embora ele tenha confirmado a
sua participação em reunião com empresários, para tratar de assuntos relativos à
operação da Polícia Federal.
Por fim, a PGR afirma que "O comparecimento, in
loco, da mencionada autoridade, bem como as suas manifestações públicas quanto a
uma investigação em curso, são dados exaustivamente documentados pela
autoridade policial, com registros fotográficos, a merecer os devidos
esclarecimentos".
A questão maior que se
relaciona ao meio ambiente, envolvendo agora, pasmem, o próprio titular da
pasta, como alvo principal, vem num crescente volume como verdadeira bola de neve,
que se alimenta sempre de fatos desagradáveis desde o início do governo, sempre
com as piores repercussões contra a imagem do Brasil, cujas justificativas e
esclarecimentos para os constantes desvios de cuidados nem sempre são
satisfatórios, diante da reincidência de casos quase sempre ainda mais graves,
à vista da ampliação das áreas afetadas por incêndios ou desmatamentos.
Os problemas, as suspeitas
de irregularidades, as precariedades de controle, outras causas da destruição das
florestas e todas as desgraças referentes a suspeitas de má gestão das políticas
de incumbência oficial somente aumentam de volume e contribuem para mostrar o tanto
de incompetência gerencial que tem sido proporcional ao gigantesco desmatamento
da Amazônia, tendo, como consequência, os piores reflexos no desempenho do governo,
quanto à política ambiental, que demonstra pouca ou nenhuma preocupação com o status
quo.
O presente imbróglio é
exemplo clássico da indiferença governamental, em que, diante da gravíssima suspeita
de irregularidades envolvendo o principal responsável da pasta, o bom senso
aconselharia que ministro fosse imediatamente afastado do cargo, por questão de
imparcialidade às investigações, até o anúncio do resultado pertinente, quando
ele poderia reassumi-lo, conforme a decretação da sua inculpabilidade.
Em momento nenhum desse
governo, se houve senão notícias desagradáveis e catastróficas sobre o meio
ambiente, tanto no continuado crescimento dos incêndios e desmatamentos, em
progressão avassaladora e prejudicial à imagem do Brasil e do governo que se
mantém o tempo todo rebatendo críticas sobre omissões e deficiências acerca do
controle e da proteção das matas brasileiras, sem que nada venha a público
informado medidas favoráveis e ganhos em prol do meio ambiente amazônico ou de
outras regiões.
Não se tem qualquer
notícia sobre importantes medidas repressivas, a exemplo de prisões de
criminosos que atuam dilapidando as florestas ou outras informações sobre prevenções
ambientais, reflorestamento ou diminuição das agressões à natureza, que não
para ser castigada pelas ação do homem e omissão governamental, sem que ninguém
seja julgado nem condenado pelos erros, agressões e destruições da natureza.
Todos esses fatos somente
demonstram total desprezo ao principal patrimônio florestal da humanidade, em
que pese se tratar de verdadeiro planeta instalado no meio da Amazônia, mas nem
por isso ele mereça o mínimo de desprezo, diante da sua importância para as
vidas humana e em especial do ecossistema.
A verdade é que a grandeza
de uma República reside também na magia da transparência das ações do Estado,
onde não pode haver segredo de forma alguma para seus súditos e todos os fatos
precisam ser investigados, de modo que seja possível a correção de rumos, se
assim for necessário.
Convém que sejam
investigadas não somente as responsabilidades do ministro do Meio Ambiente, diante
de gravíssimas suspeitas de irregularidades, mas, em especial, também às do
próprio presidente da República, que é a principal autoridade incumbida de
cuidar e zelar pelo rico e extraordinário bioma brasileiro, que tem o dever constitucional
de prestar contas à sociedade sobre seus atos, inclusive quanto às medidas
adotadas por seu governo, destinadas à proteção das florestas nacionais.
Brasília, em 1º de junho
de 2021
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