O presidente da República voltou a dizer que as Forças
Armadas poderão ir às ruas, pasmem, para “garantir a liberdade”, mas, ao
contrário, não o farão para obrigar que as pessoas cumpram “toques de
recolher”.
Em discurso, o
presidente do país disse que “Tenho as Forças Armadas ao meu lado. Sou o
chefe supremo delas. Jamais elas irão às ruas para mantê-los em casa. Poderão,
sim, um dia ir às ruas para garantir a sua liberdade e seu bem maior, que é
aquilo previsto pela Constituição”.
Frise-se que, há poucos
dias, o mandatário brasileiro ingressou com mais uma ação no Supremo Tribunal Federal,
para tentar rever o poder de Estados e municípios de adotar medidas para
combate à epidemia de Covid-19 no país, mas a ação ainda não teve julgamento.
O presidente tem
ameaçado editar decreto proibindo ações de controle da pandemia como o
fechamento do comércio e a instituição de isolamento social, que ele chama de “toques
de recolher”, mas, por enquanto, tem ficado apenas em intenção.
Como nesse caso, sempre
que o presidente tem se referido a ações referentes ao combate à pandemia do
coronavírus, invariavelmente é apenas no sentido contrário às medidas propriamente
que poderiam se harmonizar para acabar com a doença, especialmente em sintonia
com a incumbência constitucional que o obriga a ser cuidadoso na defesa da
saúde e da vida dos brasileiros, algo que ele vem se empenhando até mesmo com
exagerado interesse em se destacar com o autêntico vilão incentivador da disseminação
da Covid-19, por exatamente pregar medidas antagônicas ao distanciamento do vírus,
a exemplo de não usar máscara e mesmo assim se aglomerar com pessoas igualmente
sem o uso dela, entre medidas censuráveis para o momento crítico da saúde dos
brasileiros.
A verdade é que não à toa,
já foi pregado e colado no presidente do país a deplorável cognominação de
genocida, precisamente em razão do seu comportamento de pura rebeldia às medidas
preventivas contra a Covid-19, que realmente elas não condizem com o mandatário
do país com o mínimo de sensibilidade e amor aos princípios humanitários.
Salvo motivação especial,
é incrivelmente inconcebível que o presidente do país fique martelando sempre o
mesmo assunto que demonstra tão somente inutilidade para a solução de problema
de saúde pública da maior gravidade, quando ele fica fazendo menção absolutamente
desnecessária ao caso do emprego das Forças Armadas, que até poderia citar sim,
mas para o fim de empregá-las em ações próprias ao combate da pandemia, como a mobilização
para ajudar na vacinação ou outras medidas contrárias à disseminação do vírus,
mas jamais no sentido de repressão, que refoge à sua finalidade institucional.
Vejam-se que o presidente
do país fala em garantia da liberdade, com a maior naturalidade e banalidade,
como se o país estivesse plenamente livre da pior desgraça do século, como se a
pandemia do coronavírus nem existisse e que os brasileiros por igual estivessem
imunes ao vírus e ainda no usufruto dos seus direitos normais da liberdade a
que se refere a Constituição Federal.
As pessoas, inclusive
as autoridades do país, precisam saber que os dispositivos da Constituição foram
escritos para aplicação em tempos de paz, normalidade, inclusive no que diz
respeito à saúde pública, contrariamente ao que acontece no presente momento, em
que o Brasil se debate em verdadeiro estrado de guerra contra a gravíssima pandemia,
que vem sendo ignorada exatamente por parte de autoridade da maior relevância,
que deveria se conscientizar em sentido contrário do seu real comportamento de
animosidade àquele que tentam tratá-la, em princípio, na forma da orientação emanada
pelos órgãos especializados da saúde pública.
Não há desconhecer que
a Constituição precisa sim ser respeitada e cumprida, inclusive e em especial, em
situação de normalidade, o que não é o caso, mas o império do negativismo
impede o reconhecimento da triste realidade do Brasil, onde o mandatário do
país prefere comandá-lo como se nada estivesse acontecendo de gravíssimo, a
ponto de criticar e censurar as autoridades que estão adotando as medidas preventivas
consideradas necessárias, no âmbito da competência e da responsabilidade da
incumbência obrigatória para todos os governantes conscientes sobre o
verdadeiro valor da saúde e da vida dos brasileiros.
O governante com a
relevância do presidente da nação, diante de situação da gravidade da Covid-19,
seria extremamente elegante e simpático se tivesse compostura de estadista que
demonstrasse o mínimo interesse sobre os assuntos relacionados com a pandemia, porque
ela aflige fortemente até a alma da população, onde ele se empenhasse ao máximo
para acabar com a incidência do vírus e ainda tivesse a iniciativa de
acompanhar diretamente do fronte, do palco dos acontecimentos, procurando visitar
os hospitais, dando apoio tanto aos doentes como aos profissionais da saúde, além
de mostrar a sua preocupação com a desgraça dos brasileiros afetados pela pandemia,
entre outras demonstrações de respeito aos princípios humanitários, porque isso
faz parte do sentimento do verdadeiro homem público, que se valoriza em razão
dos seus atos revestidos, sobretudo, da dignificação do ser humano.
A verdade é que o
Brasil e, de consequência, os brasileiros, definitivamente, não merecem
tratamento da pandemia do novo coronavírus, com resultados extremamente
alarmantes, com a deplorável estatística registrando quase meio milhão de
mortes, muitas das quais atribuídas à negligência, à vista de muitas atitudes consistentes
na omissão, na má vontade, no desrespeito e negativismo, próprios da priorização
da visível mediocridade como método preferencial para o tratamento do temível e
letal vírus, à vista da preocupação, como no caso em comento, com medidas
periféricas ao cerne da principal questão da saúde pública.
É preciso sim ter a consciência
e a honestidade do reconhecimento de que essa deprimente situação de indiferença
perdura exatamente porque os brasileiros, em boa parte, silenciam, se acomodam
e praticamente dão aval aos envolvidos no comando das barbáries responsáveis
pelo descaminho do combate à pandemia do novo coronavírus, tendo em vista que jamais
tantas desgraças acontecem contra a saúde da população se houvesse demonstração,
mínima que fosse, pela valorização da vida humana, como forma da sua salvação,
compreendendo a priorização, em todos os sentidos, da guerra à Covid-19, com o
empenho pleno do governo, que teria se encarregado de criar unidade de centralização
nacional dos problemas, com a participação dos órgãos da federação, com a
incumbência de somente cuidar das medidas próprias para a salvação de vidas
humanas, com o embargo da politização, da mediocridade e de outras medidas incompatíveis
com a realidade da crise instalada na saúde dos brasileiros.
A perplexidade chega ao ponto de ser relegada a questão principal da saúde pública para o mandatário do país voltar as suas atenções para a segurança pública, a exemplo do visto acima, como se ela tivesse alguma influência no combate à pandemia, fato este que bem demonstra o tamanho da irracionalidade administrativa, que é bem distanciada da necessidade dos cuidados prioritários a serem dados à saúde dos brasileiros, que vêm padecendo diante da mentalidade desfocada da gravidade da pandemia.
Como os principais
ingredientes, em momento de grave crise, deixaram de ser observados e empregados,
conforme mostram os fatos, em que a vida da saúde se derrete em incompetência e
irresponsabilidade e a autoridade principal do pais se preocupa em usar ou não
as Forças Armadas, para a garantia da inexistente falta de liberdade da população,
à vista de situação de excepcionalidade não capitulada na Constituição, felizmente
pode-se considerar verdadeiro milagre a quantidade de mortes que poderia ser bem
superior, ainda que alarmante, exatamente pela falta dos cuidados essenciais que
deveriam ter sido adotados em caso onde o respeito aos princípios humanitários
se impunha de maneira prioritária.
Brasília, em 12 de junho
de 2021
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