segunda-feira, 21 de junho de 2021

Não tenho adversário

 

A propósito de mensagem em vídeo, onde se faz justa crítica a uma repórter que estranhou que remédio sem eficácia comprovada pela ciência tenha salvado a vida de importante militar, eu recebi de pessoa extremamente querida do meu coração, a seguinte mensagem:

“Eu me pergunto: Por que não fazem esta reflexão no Facebook? Quem lê suas reflexões no Facebook Pensa que você é o maior adversário que o Bolsonaro tem. Você fala nas entrelinhas como se realmente pensasse que ele é o culpado pelas 500.000 mortes.”.

Com a devida vênia, peço a respeitável compreensão para afirmar que não sou adversário de ninguém e muito menos ainda do presidente do país, em quem votei conscientemente sabendo perfeitamente da capacidade administrativa dele, diante das circunstâncias e o farei novamente, pelos mesmos motivo e propósito, se assim for preciso, sem arrependimento, porque tudo que tenho feito tem o meu sinete da consciência e da responsabilidade cívicas e patrióticas.

Ou seja, não sou nem pretendo ser adversário senão daqueles que têm o poder para praticar o melhor para a sociedade, mas por questão pessoal ou política se enveredam por outros caminhos sob o seu livre arbítrio, de modo a satisfazer seus planos, em detrimento do bem comum da população.

Ao contrário da maneira como tudo foi feito, a meu ver, ao contrário do compromisso e da priorização ao intransigente combate à pandemia do coronavírus, com a aceitação e adoção apenas das medidas necessárias de orientação à preservação da vida, evitando-se, ao contrário, a mínima contestação nem polêmica acerca da doença, certamente que o presidente brasileiro, se tivesse cuidado exclusivamente da proteção da vida humana, com a melhoria potencializada da saúde pública, certamente que ele passaria para a história como o maior e prestigiado presidente do país, sem precisar fazer absolutamente mais nada, mas talvez, não à toa, ele poderá ser lembrado por outro nome, que, de tão triste, permito-me nem dizer, lamentavelmente.   

Na verdade, a contundência da afirmação de eu ser “o maior adversário que o Bolsonaro tem”, feita por pessoa da minha especial admiração e respeito, exatamente por eu a considerar possuidora das maiores sabedoria e inteligência, além de ser cativa prestigiadora, na prática e efetivamente, dos princípios humanitários, teve o condão de exigir que eu refletisse profundamente sobre o meu papel na sociedade, porque a importância dele é fundamentalmente interessante para se pensar se eu estou ou não no caminho certo, contribuindo com algo positivo ou não para a sociedade, porque não faz sentido a teimosia pela realização de algo contrário ao interesse social.

Por fim, concluí, no âmbito restritíssimo do meu alcance, que os meus modestos escritos não passam de um minúsculo grão de areia no universo da opinião pública, não tendo, de igual modo, a mínima possibilidade de influenciar coisíssima alguma, estando absolutamente em sintonia com o meu direito de me expressar democraticamente, com base no pensamento livre e independente, mesmo porque eu respeito e não critico opinião de ninguém, por mais absurda que ela seja, porque a todos são propiciadas as liberdades de expressão, desde que sejam observados os princípios do respeito e da integridade individual, no cenário da reciprocidade civilizatória.    

Quanto à eficácia do tratamento precoce, em momento algum, embora já tivesse oportunidade de comentar sobre ele, por diversas vezes, nunca - é preciso ficar claro - questionei o seu emprego, mas entendo que homem público sem conhecimento de medicina deveria ter a consciência de se eximir da discussão, da opinião ou da sugestão quanto ao uso de medicamentos, deixando que o órgão competente do governo, se for necessário, se encarregue de opinar ou orientar em relação ao assunto, no âmbito da sua competência institucional, porque é exatamente assim que procedem as nações sérias e evoluídas, em termos políticos e administrativos.   

Como de costume, analiso os fatos do dia a dia e tiro as minhas conclusões, que são coincidentes com as de outras pessoas, ou seja, tenho o acompanhamento de mais gente contrária ao entendimento de que o presidente do país tem sido salvador de vidas humanas.

Muitas atitudes dele, ao contrário disso, somente demonstra indiferença à extrema gravidade da doença, ao participar de aglomerações, sem máscaras, além de criticar, com veemência, os isolamentos sociais, sem ao mínimo sopesar a gravidade da doença, que seria normal, em se tratando de estadista, ante o abarrotamento dos hospitais por pessoas infectadas pela Covid-19, nos estados sob a administração de outros governantes e não dele, entre muitas outras medidas contrárias ao enfrentamento à pandemia do coronavírus.

Citem-se, como exemplo, a propósito, a falta de órgão coordenador, a nível nacional, ante às suas importância e extrema necessidade para cuidar exclusivamente das questões referentes à pandemia, em conjunto com as unidades da federação, contando na sua composição somente com especialistas em medicina e sanitarismo, a par de que, o mais grave de tudo ocorrido, o Ministério da Saúde, o principal órgão incumbido de cuidar da saúde dos brasileiros, ficou quase um ano acéfalo, sendo dirigido por militar estrategista do Exército, sem nenhum conhecimento da área médica, como forma de contribuir para a dinâmica do combate à pandemia, quando o Brasil e os brasileiros ardiam entre fortes chamas da mais agressiva e letal doença dos últimos tempos, de modo a se contabilizar, de maneira absurda e desumana, mais de meio milhão de mortos, sem que houvesse a mínima iniciativa diferente da normalidade, na tentativa, ao menos, da demonstração de interesse em se fazer alguma coisa diferente, até mesmo como a melhor das satisfações à sociedade, porque nada pior mesmo é a prova da inação, em tempos existenciais da infernal crise do coronavírus.

Em tese, na administração pública, a culpa pelo crime acontece não tão somente pelo ato doloso, ou seja, pela vontade deliberada de materializá-lo, mas também ele pode ocorrer de maneira involuntária, por omissão ou inação, quando o seu resultado se torna prejudicial à sociedade, quanto mais em se tratando que tudo conspira contra quem sempre se opôs ao enfrentamento dos problemas referentes à pandemia do coronavírus, a ponto de ter o atrevimento e o desrespeito de chamar de maricas as pessoas que ficam em casa, com medo da gripezinha, como se a doença não oferecesse qualquer temor às pessoas.

Nesse ponto sobrepõe a firme insinuação de que as pessoas deveriam se expor corajosamente ao perigo, como algo comparável à insensatez, quando, à luz do bom senso, deveria ser extremamente o contrário, como forma de aconselhamento à preservação da vida, como fazem normalmente os estadistas sensíveis aos princípios humanitários.

Não me surpreendo que pessoas entendam que o Brasil esteja sendo governado por pessoa extremamente competente e responsável, fazendo tudo do melhor no enfrentamento dessa terrível crise demandada na saúde pública, mas acho perfeitamente normal que outras pessoas tenham o direito, sob o prisma do estado democrático de direito, de entender diferentemente, na ótica do conceito de que, a depender do ângulo de visão, é possível que existam fundados motivos para se concluir que, no enfrentamento da gravíssima pandemia do coronavírus somente foi percebida a realização do estritamente necessário.

À vista da excepcionalidade da crise demandada pela pandemia do coronavírus, nada mais normal do que se exigir a adoção de algo extraordinário e revolucionário, precisamente por haver o envolvimento de preciosas vidas humanas, fato para o qual muitas pessoas sequer atinaram, à vista de nem terem a dignidade de se solidarizarem-se com as famílias das vítimas, no momento em que se contabilizava meio milhão de mortes pela Covid-19.

Neste momento, a humanidade teve o gesto nobre é humano justamente de dizer quanto é terrivelmente dolorosa a perda de entes queridos em circunstância tão cruel, na certeza de que tudo isso bem que poderia ser pintado em quadro muito mais ameno, animador e alegre se os ingredientes do enfrentamento da pandemia do coronavírus tivessem contado com os naturais e essenciais aspectos da sensibilidade e do amor aos princípios humanitários e de competência e responsabilidade administrativas.

Enfim, resta-me pedir perdão às pessoas pela infinita demonstração da minha fraqueza, por não conseguir enxergar, tal qual como as pessoas normais, que vislumbram bondade no coração do mandatário brasileiro, porque isso é virtude de quem igualmente tem coração magnânimo e avaliam os fatos da vida com muito mais amor no coração, que é algo que tento realizar, mas compreendo que ainda não tive esse importante merecimento.

Brasília, em 21 de junho de 2021

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