quarta-feira, 27 de dezembro de 2023

Imagine a paz

 

            Em 1971, o genial John Lennon lançou uma das mais importantes músicas universais, com o título “Imagine”, em cuja canção tem essa pérola, em termos de pretensão para a paz mundial: "Imagine que não há países / Não é difícil / Nenhum motivo para matar ou morrer / E nenhuma religião também / Imagine todas as pessoas/ Vivendo a vida em paz.".

Como se vê, são versos inconfundíveis que se juntaram aos outros da mesma canção, para se tornarem um dos maiores sucessos da carreira solo do ex-Beatle.

À toda evidência, a letra da música traz mensagem de bastante singeleza, mas de muita magia em benefício da humanidade, porque o seu cerne faz apelo à paz mundial, só com um pequeno detalhe é que o seu conteúdo criado e lançado há mais de 50 anos somente teve ressonância melódica na época do Natal, como se a canção tivesse o propósito de lembrar o nascimento do Menino Jesus.

Não se pode olvidar que o mundo atravessa período tenebroso de tensão elevadíssima com dois confrontos armados em andamento, surgidos mais recentemente.

Na Europa, a Ucrânia enfrenta injustificável invasão da Rússia, desde fevereiro de 2022, cujo balanço é o mais terrível possível, porque são centenas de milhares de mortos de ambos os lados, com enorme incidência de civis, além de milhões de refugiados, destruição de cidades e bloqueios navais dificultando o comércio global, sem contar o desastroso risco sempre iminente da escalada que pode levar à perigosa reação com armamento nuclear.

Na Terra Santa, onde Jesus Cristo apareceu ao mundo, o confronto sangrento entre Israel e Hamas passou da dezena de milhares de mortes, sendo a maioria de civis inocentes.

Nota-se que as guerras também evidenciam drástica falência da Organização das Nações Unidas (ONU), juntamente com o seu Conselho de Segurança, que são absolutamente incapazes de chegar a qualquer solução para o término dos conflitos, dando a ideia de que eles são órgãos inexistentes.

Para piorarem as crises bélicas, os ânimos começam a se acirrarem também na Américo do Sul, com a ideia absurda de plebiscito na Venezuela, que pretende anexar ao seu país a região do Essequibo, atualmente parte do território da Guiana.

Nesse caso, reconhecido como principal potência regional, o Brasil vem promovendo entendimentos na via diplomática, como tentativa de mediar as negociações com vistas à manutenção da paz na região, embora os resultados sejam incertos e o clima de tensão não se arrefece.

A verdade é que os conflitos se somam aos outros em andamento pelo mundo, como as guerras civis no Iêmen, em Myanmar, na Síria, na Somália e no Sudão, além de outros confrontos em países como México, Haiti e El Salvador, todos alimentados pelas insensibilidade e insanidade dos governantes.

Trata-se de verdadeira tragédia mundial, simbolizada nas insensatas, cruéis e desumanas guerras, que levam alarmantes quantidades de mortes, destruição, deixando rastro de terríveis cicatrizes emocionais e psicológicas nas vidas dos seres humanos.

Nas áreas de conflito, o direito à vida, à segurança e à dignidade são constantemente violados, enquanto isso não existe a menor esperança de futuro sob a égide da paz e do sossego, fatos estes que afastam para bem longe a visão de “Imagine”, assim preconizado pelo gênio John Lennon, que sonhava com as pessoas vivendo em paz.

As comemorações natalinas sempre levam à necessidade de reflexões, em harmonia com o momento em que o mundo cristão celebra a união, o amor, o perdão e a esperança, com o propósito que se renova os melhores  compromissos com esses sentimentos de humanismo.

Seria muito bom que as festas natalinas suscitassem no coração dos homens o sentimento de valorização das vidas humanas, de modo que fosse possível a convergência da vontade dos grandes líderes para a construção da paz mundial, com a decretação do fim dos conflitos que tanto afligem o mundo e o futuro da humanidade.

Enfim, somente a união de esforços pode levar à paz, que é possível sim por meio do aperto das mãos dos líderes, em vontade recíproca de efetivação de medidas concretas de compreensão, tolerância e generosidade entre as nações.

A verdade é que somente haverá paz se os países e os líderes das nações envolvidas resolverem as suas diferenças por meio do diálogo, da grandeza de propósitos e do respeito mútuo, com a criação, na forma como cantava John Lennon, da irmandade nas quais as pessoas estejam dispostas a participar do compartilhamento do mundo, sem outros interesses senão de se viver a paz.

É preciso que o espírito natalino seja honrado, por meio da construção de pilares que levem à paz mundial, permitindo que a harmonia e o amor prevaleçam sobre os instintos perversos das guerras, que precisam ser substituídas pelos saudáveis sentimentos da luz que brilha na paz e nos corações dos homens. 

Brasília, em 26 de dezembro de 2023

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