quarta-feira, 27 de dezembro de 2023

Insensatez

 

Tem sido bastante difícil se acreditar no mínimo de seriedade de políticos brasileiros, quando eles são eleitos como lídimos representantes do povo, mas muitos se elegem para defenderem a classe de bandidos e delinquentes, profissionais da criminalidade que vivem perturbando a vida das pessoas.

Sim, é exatamente o que, na prática, vem acontecendo ultimamente e de forma mais do que bizarra e absurda, a exemplo da atitude de um deputado da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, que apresentou, pasmem, projeto de lei visando à legalização das atividades de milicianos e justiceiros, no Estado.

Nessa mesma linha pretendida da legalização da criminalidade, foi inserida, no projeto, a obrigatoriedade de programa que agregaria ex-policiais e pessoas de outras facções delituosas, que passariam a ter, inacreditavelmente, o treinamento de órgãos de segurança destinados a conterem a violência no Rio de Janeiro.

Não precisa ter bom senso e muito menos sensatez para se perceber o quanto a decadência moral avança sobre os salutares princípios sociais, com a pretendida legalização dos grupos criminosos, que são símbolo de ações violentas, encarregadas da matança a título de justiçamento com as próprias mãos, de modo que a aprovação desse famigerado projeto passa a chancelar as atividades de monstros protagonistas de chacinas que se tornaram comuns naquele estado e que inexiste programa de combate contra elas.

Na verdade, o projeto em apreço também tem o condão de tornar o sistema de segurança pública do Rio mero instrumento de insegurança, como algo apenas decorativo, tudo em gravíssimo prejuízo da sociedade, que ainda tem o pesado ônus de mantê-la em funcionamento, sem qualquer finalidade, considerando que a legalização das facções criminosas suprime muitas das ações das forças de segurança institucionalizadas.

Além de todos os absurdos e monstruosidades, em termos de inversão de valores, com a legalização do crime organizado, o Estado fica obrigado a remunerar os grupos criminosos reconhecidos legítimos, ou seja, a sociedade vai manter os custos das atividades criminosas, o que evidencia a plena morte do próprio Estado, que passa a patrocinar as forças violentas e criminosas.

Diante de tanta desmoralização dos princípios de cidadania, em que se privilegiam as atividades criminosas do Rio de Janeiro, estranha-se bastante a falta de reação dos cariocas, como se tudo isso fosse normalíssimo, sem necessidade de medida alguma em contraposição à visível decomposição da sua dignidade, que é literalmente jogada na lama, com o reconhecimento da monstruosidade como instituição normal do Estado.

É preciso que o povo do Rio de Janeiro seja urgentemente despertado da letargia que se encontra, no sentido de não se permitir que esse monstruoso projeto sequer seja examinado, além de se lutar para de que o seu autor seja imediatamente eliminado da vida pública, porque isso é o mínimo que se deve ser feito, como forma de defesa de seus valores e grandeza, em termos da reafirmação da dignidade humana.           

Brasília, em 27 de dezembro de 2023

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