quarta-feira, 31 de agosto de 2011

"Congressoprudência"

Nos tempos modernos, possivelmente devido ao avanço científico e tecnológico, é raríssima a existência de político com verdadeiras características de honestidade de atuação e mesmo assim custa acreditar na possibilidade dessa tão importante exceção, porquanto, na prática, conforme os fatos vêm reafirmando no dia a dia, tem prevalecido o apaixonado apego ao culto da regra básica relacionada com inarredável conduta antiética e imoral da rapinagem, sem a mínima preocupação com a observância aos princípios que demandam ao decoro, que estão vinculados às suas atividades parlamentares. Na verdade, o exercício do mandato parlamentar vem demonstrando a capacidade da materialização não só da fama de alguém que pouco produz e ganha, em contrapartida, exageradamente muito, mas de fiel e genuíno artista do cotidiano da vida real, conseguindo enganar muito bem o povo e continuar merecendo a sua confiança para representá-lo. Prova disso é que o resultado de cada votação destinada a cassar algum parlamentar ou a adotar outra medida disciplinar apenas ratifica, contrariando o anseio da sociedade, a institucionalização da impunidade, mas servindo para robustecer e consolidar o já famoso ”congressoprudência”, em analogia à jurisprudência do Judiciário, em razão, no caso em comento, da sequência de julgados e do arquivamento dos respectivos processos. Com certeza, não se pode esperar que o saneamento dessa chaga político-social jamais será implementado por parte dos parlamentares, que já demonstraram que não estão nem aí para a opinião pública sobre os seus atos, muito menos do que a sociedade possa pensar acerca do seu desempenho funcional, embora o povo tenha o sublime direito de se indignar quando o decoro parlamentar é quebrado ou o crime é cometido, qualificando-o, na oportunidade, como desprezível e incompatível com o exercício do cargo da maior importância para a vida dos brasileiros. Não obstante, basta o próximo pleito eleitoral chegar para que tudo seja esquecido e quem fora considerado crápula passa a ter a ficha limpa, como se nada tivesse ocorrido e o cara de pau simplesmente se reelege e volta a praticar a sua predileta especialização, qual seja, corrupção com dinheiros do contribuinte. A esperança, se é que se possa imaginar em algo assim, é que um dia a sociedade de conscientize de que a atuação desses políticos aproveitadores e inescrupulosos, com rara exceção, tem contribuído de forma decisiva e efetiva apenas para o subdesenvolvimento econômico, social e cultural dos brasileiros. Acorda, Brasil!

ANTONIO ADALMIR FERNANDES

Brasília, em 31 de aagosto de 2011

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