quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Chega de imoralidades

O Ministério da Agricultura, por longo período, foi alvo de bombardeios pesados, com munições de calibre grosso, dando conta de acusações recheadas e consistentes de denúncias sobre irregularidades em licitações, pagamentos indevidos de dívidas, intermediação de lobistas dentro do seu recinto, entre outros procedimentos suspeitos e condenáveis, mas nada disso foi capaz de atingir o “desconfiômetro” do então titular da pasta sobre a gravidade da situação, que, ao contrário, se considerava, no meio do tiroteio das denúncias, firme no cargo como uma rocha, como chegou a assegurar à imprensa. Ele tinha absoluta convicção do que dizia, máxime porque as falcatruas estavam sendo engendradas tão somente sobre o patrimônio público, que, de longa data, vem suportando maus tratos na sua gestão por inescrupulosos que só querem a fatia do poder, respeito e afago. Até aí parecia que tudo estava muito bem, sem nenhum fato passível de reclamação ou suficiente para abalar a estrutura montada, haja vista que os desarranjos apontados, no entender do então ministro, não afetavam a sua conduta à frente do órgão, por ser normal na administração pública o desprezo aos princípios da probidade, regra comum demonstrada pelos aliados políticos desse governo. Contudo, a situação começou a azedar de verdade quando insinuaram que membros da sua família teriam sido beneficiados de forma indevida. Em sua carta de despedida, o então ministro afirma que “Minha família é meu limite. Aos amigos tudo, menos a honra”, desencadeando, com isso, o desmoronamento da rocha, com a precipitação da sua prematura exoneração do cargo. Estranha-se que sua excelência não tenha sido capaz de ter o mesmo sentimento de estarrecimento em relação às denúncias de corrupção com dinheiros públicos, que estaria ocorrendo bem à frente do seu nariz. Tudo isso mostra a falta de seriedade e de compromisso dos homens públicos com as causas nacionais, que são colocadas, como no caso em referência, em planos secundários e não são tratadas com o devido zelo e o cuidado dignos dos interesses da sociedade. Urge que a mentalidade dos dirigentes públicos seja efetiva e essencialmente conscientizada para bem servir a pátria, em desprezo aos interesses familiares ou particulares.

ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 18 de agosto de 2011

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