sexta-feira, 19 de agosto de 2011

A incerteza da safra

Segundo reportagem publicada no “Correio Braziliense”, edição de hoje, o parlamentar indicado para o Ministério da Agricultura emprega em seu gabinete, de forma irregular, um cabo eleitoral seu, que também é vereador e presidente da Associação dos Vereadores do PMDB do Rio Grande do Sul, cuja nomeação foi considerada proibida pela Câmara dos Deputados, porque representa acúmulo de função. O deputado assegurou que caberia à Câmara fiscalizar o procedimento e que “Não existe incompatibilidade. O Ivan é uma pessoa muito ativa profissionalmente e politicamente.”.  Em outro trecho, o futuro ministro disse que “quero aprender com Rossi”. Como se sabe, o seu antecessor, depois de ter sido alvejado diretamente por pesadas denúncias de corrupção, não se sustentou no mancho da sua aeronave da esplanada, tendo sido ejetado quase sem paraquedas do alto de sua arrogância, quando afirmava que estava firme no cargo igual a uma rocha, ao tempo em que os fatos irregulares implodiam sempre atrás de suas várias explicações inócuas no Congresso. Na verdade, o impoluto parlamentar, pela sua larga experiência política, inclusive vinculada a um dos mais famosos partidos mutreteiros pátrios, o todo poderoso PMDB, não precisa aprender mais nada com o seu antecessor, porque o episódio do acúmulo de função em referência dá mostra suficiente de que ele já possui largo traquejo com a gestão costumeiramente praticada pelos aliados que dão sustentação política ao governo, tendo como principal meta a conquista da fatia do poder e da autonomia para contribuir para o engrandecimento do seu partido, sem a mínima preocupação com a probidade na administração dos recursos públicos e as causas de interesse nacionais. A sociedade anseia por um dia em que os cidadãos sejam escolhidos para exercer cargos públicos depois de sua aprovação nos requisitos, no mínimo, da observância dos princípios da administração, em especial quanto à sabatina da ética e da moralidade, em sintonia com a moda vigente da ficha limpa.
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 19 de agosto de 2011

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