sábado, 20 de agosto de 2011

CPI, hoje e sempre

Nos últimos tempos, tem sido normal e frequente se criticar, com certa rigidez, a absoluta e notória incompetência da atuação dos partidos políticos de oposição, quanto à sua fragilidade de articulação e mobilização, não conseguindo fazer a mínima fiscalização que deveria sobre a gestão governamental. Diante das torrentes denúncias de irregularidades em diversos órgãos da administração, até que os referidos partidos vêm se esforçando, no momento, para a criação de uma CPI da Corrupção no Congresso, destinada à apuração do lamaçal da sujeira vinda à lume, nos últimos meses. Eis que, de repente, surge um “baluarte” ex-presidente da República defendendo que o seu partido, em apoio à presidente da República no combate à corrupção, abandone essa ideia absurda de CPI. Na ótica desse cacique, se a presidente for bombardeada agora, consequentemente ela seria enfraquecida, passando a se tornar refém dos aliados fisiológicos da sua base de apoio no Congresso. Enquanto, ao contrário, o seu reforço certamente contribuirá para reduzir a possibilidade de uma eventual candidatura presidencial de seu antecessor. A pretensão desse político é totalmente equivocada, imbecil, ingênua e distorcida da realidade, porque o resultado de uma CPI especifica seria, com certeza, tão devastador que não sobraria da face da terra nenhum dos políticos coniventes,  mentores e executores das quadrilhas, eficientemente montadas para saquear os cofres públicos, porque os fatos irregulares viriam facilmente à tona mediante as apurações desvinculadas e independentes do governo, na exata versão como eles realmente aconteceram de nocivos à sociedade. O governo tem tanta aversão à CPI, em virtude do seu efeito bomba de megatons, que somente a articulação para criá-la abala a sua estrutura. A propósito, impende rememorar episódio semelhante a este, no qual a oposição permitiu que as falcatruas do mensalão não fossem apuradas e o seu efeito todos conhecem, tendo contribuído simplesmente para o fortalecimento do então presidente e lhe ajudado a se reeleger com folga. Feliz da nação que tem homem de visão capaz de analisar os fatos não em proveito dos seus interesses ou do seu partido, como no caso aqui enfocado, mas essencialmente em benefício da nação, de modo a contribuir para a transparência e a consolidação dos princípios salutares da ética e da moralidade e ajudar a passar a limpo esse estado de penúria, de improbidade e de desconfiança, que enoja e envergonha as pessoas de bem deste país, já cansadas de tanta e abominável leniência e falta de interesse por parte daqueles que lutam bravamente para impedir a demonstração da pureza dos atos e fatos praticados com recursos públicos. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 19 de agosto de 2011

Nenhum comentário:

Postar um comentário