|     A ministra da Casa Civil da Presidência da   República, quando se desligou, voluntariamente, da Itaipu Binacional - empresa   mantida com recursos dos governos brasileiro e paraguaio -, para se   candidatar ao Senado pelo PT do Estado do Paraná, recebeu a quantia de R$ 41   mil, a título de indenização equivalente à multa de 40% do saldo para efeito   de rescisão trabalhista, contrariando o verdadeiro objetivo da norma legal,   que somente autoriza essa forma de pagamento quando o funcionário é demitido   da empresa sem justa causa. A Itaipu informou que a matéria não seria   comentada, por se tratar de informações restritas, conforme "os regulamentos internos da empresa"   e, caso contrário, precisaria ser liberada "mediante aprovação expressa da diretoria ou conselho de administração".   Em situação idêntica a essa, um parlamentar do PPS-PR disse que, quando saiu   da empresa em junho de 2004, para disputar a Prefeitura de Curitiba, recusou   proposta para ser demitido, o que lhe permitiria receber similar multa, tendo   afirmado que: "Na época fui   informado que receberia cerca de R$ 40 mil da multa, mas não aceitei. Eu pedi   para sair e não iria usar o serviço público para ganhar dinheiro. Para mim   não é algo moral". Esses dois casos, embora retratando situações   semelhantes, tiveram desfechos distintos, em que um dos protagonistas optou   por não se beneficiar de dinheiro público e o outro, talvez menos avisado,   não teve a mesma clarividência dos fatos. O curioso é que, depois da passagem   pela Casa Civil de um habilidoso feiticeiro e grande manipulador dos “negócios”   do Estado, deixando a maior urucubaca impregnada na poltrona por ele ocupada,   seus sucessores não têm tido vida fácil, sendo ejetados do acento um atrás do   outro, porque as suas “belas” falcatruas vêm à tona mais cedo ou mais tarde. Sem   essa herança maldita, talvez a questionada indenização jamais fosse suscitada   e muito menos tivesse o procedimento configurado como possível ato de   improbidade administrativa e até de peculato, uma vez que a beneficiada da   operação, atuando, à época, como diretora financeira da Itaipu, foi quem   autorizou o seu próprio pagamento, ou seja, ela sabia perfeitamente o que foi   executado, não precisando da orientação de ninguém. Em que pese a fartura de   corrupção e irregularidades denunciadas na administração pública, que já se   tornaram costumeiras no dia a dia desse governo, a sociedade espera que o   fato em comento seja, pelo menos, objeto de minuciosa investigação e que o   seu resultado satisfaça ao interesse público.      |   
  ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 26 de agosto de 2011
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