domingo, 29 de janeiro de 2012

Crise de autoridade

A Folha de S. Paulo publica reportagem contendo informação de que a presidente da República tem a intenção de tentar apaziguar os ânimos dos aliados políticos do PMDB, começando com conversa com o vice-presidente da República, a quem já disse que não há perseguição do governo contra nenhum dirigente da sua legenda. As relações entre o Palácio do Planalto e o aludido partido estão passando por séria turbulência, em virtude da exoneração de dirigentes corruptos dessa agremiação, que não se conforma em ser desprestigiado por não terem sido mantidos seus protegidos nos cargos, em que pese a revelação da enorme lista de fatos irregulares, cuja responsabilidade lhes é atribuída. O certo é que o imbróglio existe de fato, tanto que o ministro da Secretaria Geral da Presidência da República afirmou que o governo precisa de "serenidade" e "maturidade" para enfrentar a crise com o PMDB e que há necessidade de ser afastado o risco de rompimento. Essa questão originada com a exoneração de afilhados políticos do principal partido de sustentação do governo demonstra, com bastante nitidez, a fraqueza de comando da mandatária do país, que, de forma alguma, poderia permitir que os caciques fisiologistas, incompetentes e interesseiros fiquem impondo condições e os nomes daqueles que devem dirigir os órgãos públicos, máxime porque somente o governo é que tem a competência legal para nomear pessoas competentes, capazes, qualificadas e honestas para dirigir os órgãos integrantes da administração pública, cuja gestão deve ser emanada da sua orientação direta e intransferível, em consonância com a real necessidade da realização dos objetivos – quando eles existem - razão da institucionalização dos entes públicos. A presidente da República tem o dever moral e constitucional de trabalhar em benefício e para o bem da população e ainda solucionar os graves problemas brasileiros, principalmente de infraestrutura, que estão impedindo que o país cresça e se desenvolva ainda mais social e economicamente. Em hipótese alguma, um mandatário do país pode se tornar refém de partidos políticos, em relação às diretrizes e à consecução das finalidades precípuas da nação, quanto mais em se tratando de instituições partidárias criadas exclusivamente com objetivos diversos, menos com a preocupação de defender os interesses do país e dos brasileiros. A presidente da República, ao invés de tentar acalmar os ânimos dos aliados do PMDB, deveria cuidar de gerenciar diretamente os negócios do Estado, com a racionalização administrativa da máquina pública, enxugando-a mediante a fusão e extinção de órgãos dispensáveis e inoperantes, existentes em grande quantidade no governo, que têm servido apenas como verdadeiros cabides de empregos. A sociedade anseia por que os governantes se conscientizem de que os órgãos públicos, assim como o patrimônio que os integram, pertencem aos brasileiros e não aos partidos políticos e que os objetivos da nação devem se sobrepor a quaisquer interesses, inclusive o de perpetuação no poder. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 29 de janeiro de 2012

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