sábado, 7 de janeiro de 2012

Basta de condescendência

A enxurrada de denúncias contra o ministro da Integração Nacional o obriga a se dedicar, logo no início da próxima semana, a dar explicações sobre as acusações de ter privilegiado o Estado de Pernambuco, sua terra natal, com a desproporcional distribuição de verbas das chuvas; o favorecimento ao filho, deputado federal pelo PSB-PE, com liberação de emendas parlamentares da pasta; e o consentimento para manter seu irmão na presidência da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e Parnaíba (Codevasf). É evidente que o ministro nega, de mãos juntas, que não houve favorecimento de espécie alguma e tudo não passa de intriga da oposição, que não se conforma com a sua atuação à frente de um ministério que vem tocando muito bem os projetos voltados para a integração nacional. Ele também se colocou à disposição para comparecer ao Congresso, para dar explicações e “... responder às dúvidas ou indagações do requerimento e outras tantas dúvidas que, porventura, os parlamentares possam ter em relação à política de aplicação de recursos do Ministério da Integração no que toca à defesa civil". Embora os fatos falem por si sós, mostrando o disparate das ações concretas em favor do seu estado natal, em prejuízo das demais regiões do país, o ministro insiste em considerar normal a distribuição das verbas enviadas para seu estado natal, destinadas à prevenção de desastres naturais, entendendo não ter havido, em absoluto, privilégio coisa nenhuma, porquanto a maior parte dos recursos foi incluída por parlamentares através de emendas durante a tramitação do Orçamento da União no Congresso. No mesmo diapasão, seus partidários e aliados aparecem em seu socorro, como de costume, considerando tudo regular, a exemplo da ministra do Planejamento, que o defendeu dizendo que não houve irregularidades na utilização de créditos extraordinários para investimentos na construção de barragens em Pernambuco. Embora o governo ache tudo muito normal, não deixa de ser estranho o reduto político do ministro da Integração receber mais recursos públicos para combater os desastres naturais do que os Estados do Rio de Janeiro e Minas Gerais, que têm sido castigados impiedosamente com as chuvas. Em que pesem os fatos serem robustecidos pelas provas matérias, o certo é que os envolvidos sempre se acham com razão e absolutamente convictos de terem agido com correção, por contarem sempre com o beneplácito de quem tem o poder de acabar com a permanente desmoralização da administração pública, que se encontra cada vez mais falida nos seus alicerces da eficiência, economicidade, legalidade e moralidade. Urge que a sociedade desaprove essa pouca vergonha de explícita rede de privilégios, nepotismos, clientelismos, corporativismos e tantas outras mazelas que vêm contribuindo para o subdesenvolvimento do povo brasileiro. Acorda, Brasil!

ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 07 de janeiro de 2012

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