terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Financiamento injustificável

Contrariando o seu passado de guerrilheira audaciosa, que se opôs de forma destemida ao regime de exceção, a presidente da República brasileira desembarca em Cuba, na tarde desta segunda-feira, em sua primeira viagem oficial à ilha, para se concentrar prioristicamente nas oportunidades geradas pela denominada abertura econômica do país caribenho e na cooperação bilateral, deixando à parte os veementes apelos sobre a abordagem da questão relacionada com os direitos humanos. A viagem coincide com a liberação da última parcela do fantástico empréstimo brasileiro de US$ 682,15 milhões para a ampliação do porto cubano de Mariel, que vem sendo executada pela empresa brasileira Odebrecht. Essa ajuda financeira à Cuba bem demonstra o apreço do governo brasileiro em prestigiar um país socialista que desrespeita, de modo desumano e cruel, os direitos dos seus cidadãos e os submete aos mais rígidos controles sociais e econômicos que se tem conhecimento na contemporaneidade, além de deixar de destinar, para o aproveitamento interno, esses pomposos recursos para o atendimento das gritantes necessidades dos brasileiros. Nem mesmo os pedidos de audiência com os oportunistas do regime e muito menos a blogueira, que busca a autorização do governo cubano para visitar o Brasil em fevereiro, deverão ser atendidos, em que pese esta já ter obtido o visto brasileiro. Também não será desta vez que a presidente brasileira deva fazer menções à lamentável e terrível situação dos direitos humanos na ilha. A presidente, contando com o seu passado de brava guerrilheira, certamente prestaria enorme contribuição ao sofrido povo cubano, com a priorização de conversas diplomáticas com vistas à libertação dos opositores ao governo castrista, que se encontram trancafiados em presídios por terem se manifestado em desacordo com o duro regime que nega liberdade de expressão e de pensamento político, e contrariado a rigidez do partido comunista de ideologias retrógradas, que obrigam o povo cubano a embarcar no túnel do tempo de uma civilização que perdeu o rumo da história de progresso e de desenvolvimento. Enquanto ainda tiver país cujos governantes veneram os métodos de atraso e de descompasso com a normal evolução da humanidade e de contrariedade à liberdade de expressão e de iniciativa, aquela ilha há de permanecer comandada por pessoas com o nível intelectual dos castristas, tendo a absoluta garantia da perpetuação no poder e da manutenção da casta dominante com pleno usufruto das benesses do Estado, tal como muitos países tencionam implantar mediante as coalizões espúrias de sustentação política, baseada na concessão de cargos públicos e na vista grossa e leniência para com as falcatruas e corrupções no serviço público, em detrimento do respeito ao patrimônio público, à moralidade e à decência. Urge que os governantes se inteirem, de forma prioritária, das prementes necessidades do povo brasileiro e não permitam que recursos dos contribuintes sejam objeto de financiamento de obras senão do exclusivo atendimento das suas necessidades. Acorda, Brasil!

ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 30 de janeiro de 2012

Nenhum comentário:

Postar um comentário