domingo, 8 de janeiro de 2012

Blindagem jamais

Embora a repercussão tenha sido a mais negativa possível, não adiante qualquer movimento para que seja esclarecido o motivo pelo qual houve explícito privilégio do Ministério da Integração Nacional para o Estado de Pernambuco, porquanto o Palácio do Planalto vai trabalhar com os recursos já empregados em casos semelhantes para preservar no cargo o ministro da referida pasta, como forma de não permitir a ampliação do saldo de ministros que foram defenestrados do governo, por improbidade administrativa e comprovada corrupção com recursos públicos, deixando a imagem da administração pública, mais uma vez, comparável à sujeira do poleiro de pato. Na verdade, a orientação para blindar o ministro parte de dois pressupostos, que são a tentativa de resistir ao que é considerado pelo governo como uma campanha para derrubá-lo, às vésperas da reforma ministerial, e o temor do desgaste com o PSB, partido do ministro. É bastante estranho que o filho do ministro, deputado federal, tenha sido o único congressista que teve todo o dinheiro pedido no orçamento empenhado e liberado, para pagamento, pelo ministério, no valor de R$ 9,1 milhões, superando nada mais do que 219 colegas, que também solicitaram recursos para obras da integração. O presidente do DEM considera que "Isso não é normal. Ocorreu um privilégio e isso tem de ser explicado. Como o Congresso vai reagir? Os partidos todos vão querer saber por que houve esse privilégio". Um país com pouca seriedade já teria, não somente esclarecido nos mínimos detalhes os fatos, mas, sobretudo, punido os envolvidos pelos prejuízos causados às regiões agora tremendamente afetadas com as enchentes, em razão de não terem recebido um tostão para prevenção contra os desastres naturais, ou seja, enquanto algumas localidades foram beneficiadas indevidamente, por força de privilégio no encaminhamento dos pleitos destinados a redutos eleitorais, outras regiões são sacrificadas porque não têm quem possa promover a devida facilitação para que os recursos lhes sejam destinados. O mais grave de tudo isso é ver o governo tomar partido no sentido de proteger justamente a parte que teria se beneficiado politicamente desse vergonhoso affaire, como a justificar que o crime compensa. A sociedade, apesar de ser a patrocinadora das ações governamentais, sequer merece a devida explicação por parte do governo, sem qualquer desfaçatez, prefere blindar mais um ato indecente e escandaloso, que merece plena reprovação e repúdio, por não se coadunar com os princípios que devem reger a administração pública. Urge que os atos de improbidade administrativa sejam devidamente punidos, com os rigores da lei, para que o exemplo possa fortalecer as ações do Estado e contribuir para consolidar os princípios democráticos, sem os quais o país jamais poderá ser dignificado e honrado, justamente porque a nação prefere tolerar conviver com reprováveis privilégios e favorecimentos políticos. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES

Brasília, em 08 de janeiro de 2012

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