segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

O cartão da vaidade


A Presidência da República gastou, neste final de ano, a cifra de R$ 11 mil para arrojada produção de seis mil cartões natalinos, que foram enviados pela mandatária do país às autoridades da nação, cujos cartões também serviram como resposta às pessoas que lhe enviaram desejos de boas festas. O cartão foi impresso com uma frase retirada do discurso de posse da presidente, tendo custado R$ 1,90 a unidade, incluídas a produção e a distribuição. No cartão, consta, pasmem, a foto da presidente, que aparece muito vistosa e em tom majestoso, com um vestido vermelho, sobreposta a uma imagem preto e branco da área externa do Palácio do Planalto. O texto parece evocar a ideia de sonho, coragem e ousadia, com a estampa do texto: "O ser humano não é só realização na prática, mas sonho; não é só cautela racional, mas coragem, invenção e ousadia. E esses são os elementos fundamentais para a afirmação coletiva da nossa Nação". Embora se trate de vetusta e condenável prática muito usual nos órgãos públicos brasileiros, a distribuição de cartões natalinos, principalmente como no caso em tela, por mostrar a foto da pessoa da presidente, objetiva tão somente satisfazer caprichos pessoais do mandatário, como forma de propaganda e saciedade de vaidades, como mera disseminação da autoridade presidencial. Essa espécie de gastança com dinheiro dos contribuintes, além de censurável, é absolutamente dispensável e não recomendável, porque não resultará qualquer benefício para a sociedade nem objetiva desenvolver coisa alguma, tendo apenas a finalidade de jogar dinheiro público pelo ralo palaciano, a exemplo de muitas despesas semelhantes. É simplesmente lastimável que ninguém desse governo tenha a mínima sensibilidade para enxergar as verdadeiras carências existentes em toda extensão deste longo país de gente besta e enganada por propagandas cheias de “bondades” e de “grandes realizações”, como se tudo estivesse funcionando às mil maravilhas. Com certeza, teria sido muito mais benéfico para a imagem da presidente e até mesmo como salutar forma de promover campanha de austeridade com a aplicação de recursos públicos, se ela tivesse a iniciativa de baixar ato proibindo, na administração pública, a realização de gastos com cartões natalinos, deixando claro que aquele que desejar aparecer no final do ano, por ocasião das festas, mediante a divulgação de propaganda pessoal, terá que arcar as respectivas despesas com recursos próprios, sob pena de responsabilização. A sociedade deve repudiar a realização de despesas com recursos públicos, para a satisfação de objetivos eminentemente pessoais, a exemplo da distribuição de cartões natalinos por autoridades governamentais, inclusive expondo a sua foto, bem assim de outras formas de manifestações semelhantes que afetem desnecessariamente os cofres públicos. Acorda, Brasil!

ANTONIO ADALMIR FERNANDES

Brasília, em 02 de janeiro de 2012

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