terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Grandes revelações?

A notícia bombástica do momento é a confirmação de que a comissão representativa do Congresso Nacional durante o recesso parlamentar irá ouvir o depoimento do ministro da Integração Nacional, em atendimento ao seu pedido, para comparecer espontaneamente e se defender das inúmeras acusações, inclusive de ter claudicado com as medidas indispensáveis ao combate aos desastres naturais, mas teria sido eficiente até demais com relação ao favorecimento de recursos da pasta que dirige para obras do seu Estado natal e do seu reduto eleitoral. A aludida comissão é integrada por oito senadores e dezessete deputados federais, dos quais apenas seis não são governistas, sendo obrigatória a presença à reunião de apenas um terço, ou seja, três senadores e seis deputados, dos membros da comissão para que o ministro apresente as justificativas contra as acusações que lhe são feitas, consistentes em privilégio ao estado natal, Pernambuco, na distribuição de verbas das chuvas; favorecimento ao seu filho, que é deputado federal pelo PSB-PE, com liberação de emendas parlamentares da pasta; e ação pessoal para manter um irmão na presidência da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e Parnaíba - Codevasf. À toda evidência, as explicações do ministro são insuficientes para convencimento de que não teria utilizada a sua função para a liberação de recursos com o fim meramente eleitoreiro, em desprezo das prioridades nacionais. A senha para a reunião com a “exigente e criteriosa” comissão já foi distribuída com antecedência, quando o ministro afirmou que tem "a confiança" da presidente da República. Na verdade, como tem acontecido em casos análogos, esse encontro do ministro com os parlamentares servirá para mais um espetáculo ridículo e de péssima qualidade, em que os presentes vão querer usar a mídia para torcer loas aos “inexcedíveis serviços prestados pelo ministro, para quem a nação tem preitos de gratidão pelos seus relevantes esforços e sua máxima dedicação em benefício das causas dos brasileiros, cujas denúncias são fruto daqueles que não se conformam com o sucesso e as boas realizações dos empreendimentos de um homem público de escol”. É muito pouco provável que o ministro irá assumir culpa por qualquer um dos fatos robustamente denunciados, mas com absoluta certeza irá dizer que é uma pessoa perseguida, por ser político influente e isso contraria os interesses de seus adversários políticos. Por certo, o ministro daria importante contribuição ao fortalecimento da democracia se, em respeito aos preceitos constitucionais e à dignidade inerente ao ser humano, aproveitasse a reunião para confessar a sua participação e conivência com os fatos denunciados, uma que vez o bom senso robustece a convicção de que, sem o seu assentimento e a sua ajudinha, dificilmente eles seriam efetivamente implementados. Acorda, Brasil!

ANTONIO ADALMIR FERNANDES

Brasília, em 10 de janeiro de 2012

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