quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

O compadrio de sempre

Depois de passar por terrível massacre midiático, ante a revelação de alarmantes irregularidades na sua gestão, principalmente mediante desvio de recursos públicos e favorecimento ao seu Estado de origem, finalmente, o diretor-geral do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs) deixou o cargo na autarquia. Chega a ser risível a forma como aconteceu tudo isso, em que a saída foi anunciada por meio de nota oficial divulgada pelo Ministério da Integração Nacional, ao qual o Dnocs é vinculado, segundo a qual "Após reunião de trabalho com o ministro da Integração Nacional, o senhor Elias Fernandes pediu exoneração da Diretoria Geral do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas, em função da reestruturação dos quadros das empresas vinculadas à pasta.". No entanto, em furo noticioso, antes disso, já corria informação nos bastidores políticos de que a ministra da Casa Civil já havia comunicado ao vice-presidente da República a decisão do governo, por determinação da presidente da República, da demissão em apreço, em que pese o padrinho político do ex-diretor-geral e líder do PMDB na Câmara dos Deputados haver se empenhado abertamente e ao máximo no sentido de segurá-lo no cargo, tendo em vista que ele vinha fazendo excelente trabalho em benefício do Estado natal de ambos, para onde foram destinados maciços recursos públicos para aplicação em obras de barragens. Não obstante ao “lamentável” ocorrido, o citado líder confirma que o ministro da Integração Nacional lhe pediu a "indicação urgente" de nome para a direção do Dnocs, a quem foi pedido: "alguns dias para sugestão de novo nome para representar o RN e o PMDB na direção do Dnocs.". Com isso fica claro que, nesse governo, até pode mudar o nome dos afilhados, mas a seriedade, a competência e a austeridade, que deveriam imperar na administração pública, não terão vez, pelo menos por enquanto e quiçá tão cedo, máxime porque, como visto, a troca de cortesia entre os dirigentes apenas confirma a pouca vergonha e a indecência que comandam os negócios do Estado, quando um amigo é exonerado por irregularidade e, incontinenti, o seu protetor ainda recebe a honrosa consideração do convite para indicar outro apaniguado para substituí-lo, que, seguramente deverá ser outro afilhado com total afinado com as políticas interesseiras voltadas para o seu curral eleitoral, fazendo uso do dinheiro dos brasileiros. Essa “reestruturação” anunciada pelo governo não deve passar de mero arranjo para que tudo mude e absolutamente nada seja alterado, principalmente as práticas da incompetência, do compadrio e do atendimento dos interesses regionais, tudo com a exclusiva finalidade de beneficiar sempre os velhos caciques regionais. A sociedade precisa urgentemente denunciar abusos com recursos públicos e afastar, por meio do voto, esses maus políticos que estão se beneficiando de forma ostensiva do uso de órgãos públicos para manterem-se no poder. Acorda, Brasil!

ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 26 de janeiro de 2012

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